Ambiente

Terra Viva – Poluição por antibióticos

80% dos antibióticos utilizados pelos humanos ou na produção pecuária acabam na natureza, transportados por águas residuais.

O relatório “Frontiers 2018/19” divulgado pelas Nações Unidas em dezembro de 2017, apresenta dados preocupantes relativamente ao impacto no ambiente, na saúde humana e dos animais. Entre os anos 2000 e 2017 a utilização de antibióticos por humanos aumentou 36% e prevê-se que na produção agropecuária aumente 67% até 2030.

Os antibióticos estão presentes em muitas atividades e situações: na saúde humana, na produção agropecuária, na aquacultura, na saúde de animais domésticos, em rações e em alimentos sejam de origem animal ou vegetal. Também os medicamentos fora de validade, que muitas vezes são postos pelo esgoto abaixo, figuram entre as maiores fontes de poluição de antibióticos.

Todos os antibióticos que ingerimos são expelidos e chegarão um dia aos rios e oceanos através dos sistemas de saneamento.

São encontrados vestígios de antibióticos em rios, oceanos, solos e até na água de rede pública de alguns locais, não havendo no entanto qualquer risco direto para o homem pelas suas ínfimas quantidades. No entanto, a disseminação global destes resíduos promove a resistência das bactérias e é uma das principais causas dessa resistência. A presença de antibióticos no ambiente leva à adaptação das bactérias e ao surgimento de novas estirpes resistentes a estes medicamentos.

Estima-se que atualmente a resistência a antibióticos leva à morte cerca 700 mil pessoas por ano por infeções que não se conseguem debelar devido à resistência dos agentes patogénicos, e as projeções que se fazem para as próximas décadas são de dezenas de milhões de mortes por este motivo.

Os antibióticos são usados massivamente na produção pecuária para prevenir e tratar doenças dos animais: com o atual excesso de utilização aumenta-se o risco de existência de bactérias mais resistentes. Estudos demonstram que os excrementos do gado tratados com antibióticos produzem mais metano e verificou-se que os “escaravelhos do esterco” têm alterações nos micróbios dos seus aparelhos digestivos.

A vida aquática é aquela que maior impacto tem tido com a disseminação destes poluentes, essencialmente algas e algumas espécies de peixes.

Sendo a água essencial a toda a vida na Terra e sendo este o meio que mais contaminado é pelos antibióticos, percebe-se que estes estarão espalhados por todo o planeta e em toda a cadeia alimentar.

Existe já alguma preocupação e medidas para tentar controlar e minimizar este problema – as regras na prescrição de antibióticos têm melhorado e a utilização na agropecuária começa a ser mais controlada, no entanto, o problema é de tal forma gigantesco que o que tem sido implementado não é de todo suficiente.

Podemos todos contribuir para a redução de presença de antibióticos na natureza, começando por não colocar medicamentos fora de validade pelo esgoto abaixo, cumprir com as determinações médicas relativamente ao uso de antibióticos, recorrendo a eles apenas quando estritamente necessário, procurar alternativas na produção agropecuária e aquacultura que minimizem a necessidade da sua utilização, melhorando padrões e condições de higiene nessa produção.

A nossa vida melhorou substancialmente desde que os antibióticos foram descobertos e introduzidos no tratamento de doenças – corremos no entanto o risco de que “o feitiço se vire contra o feiticeiro”, devido à multirresistência de uma série de bactérias, provocada pela má utilização desta importante ferramenta para a saúde humana.

Mais uma vez se conclui que para podermos usufruir da natureza, teremos de o fazer com respeito e admiração.

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