Ambiente

Terra Viva – As Formigas e o equilíbrio ambiental

Recicladoras naturais, as formigas têm um papel fundamental no equilíbrio ambiental e biológico do planeta.

A fertilização e oxigenação dos solos é uma das mais importantes consequências da existência das formigas. Ao escavarem os seus túneis e galerias permitem a entrada de ar, infiltração de água, e levam para o subsolo uma variedade enorme de nutrientes e matéria orgânica. Têm uma interação com as plantas que se revela proveitosa, em muitos casos, para ambas as partes. Além da fertilização dos solos são também agentes polinizadores. Calcula-se que 50% das plantas herbáceas dependam das formigas para a dispersão das suas sementes.

As formigas surgiram há cerca de 140 milhões de anos, no período Cretáceo, e diversificaram-se enormemente durante o período Jurássico. Estão identificadas cerca de 13.500 espécies e apenas não existem nos polos. Calcula-se que representem 15% a 20% de toda a biomassa viva na Terra. A maior parte das espécies são omnívoras. São insetos que se desenvolvem pela chamada metamorfose completa a partir de ovos, podendo as rainhas gerar até 300 novas formigas numa semana. Desde o ovo até à existência de uma formiga adulta são necessárias 6 a 10 semanas. Começando numa fase larvar, seguida pela fase de pupa e finalmente transformando-se em insetos adultos plenamente formados. Durante todo o processo de metamorfose são cuidadas por formigas obreiras que alimentam as juvenis e que lhes garantem condições de temperatura e humidade ideais nos berçários, transferindo-as entre câmaras e diferentes zonas do formigueiro, de forma a garantir-lhes o ambiente ideal. O papel das larvas é também ele essencial ao funcionamento da colónia, uma vez que ingerem alimentos sólidos, ajudando na digestão; as formigas adultas só ingerem líquidos. A longevidade das formigas operárias é, na maior parte das espécies, de alguns meses, podendo no entanto nalgumas chegar aos 3 anos. A vida das rainhas é mais longa que a das operárias, havendo registo, numa espécie, de atingirem os 30 anos.

Os formigueiros comportam-se como verdadeiros superorganismos, como se todos os indivíduos fossem células sem a limitação de um corpo, com uma eficiência de comunicação absolutamente transversal a todas as classes desse corpo sem pele. Completamente diferente da organização gregária dos mamíferos, que é na grande maioria dos casos hierarquicamente piramidal, a organização “social” das formigas é esférica, com a comunicação a funcionar interactivamente entre todos os indivíduos e em todas as direções.

Há, com certeza, casos de pragas de formigas e destruição de grandes áreas de cultivo, no entanto, seria sensato perceber o porquê de tais acontecimentos: se os ecossistemas estivessem equilibrados e se o homem não eliminasse e transformasse habitats de forma radical, poderia ser que tal não acontecesse. 

Um exemplo em prol das formigas: alguns herbívoros evitam alimentar-se de plantas com formigas, desta forma essas plantas estão protegidas e podem proliferar, como é o caso de uma espécie de acácia existente na savana africana – se não fossem protegidas pelas formigas, a voracidade dos elefantes teria já eliminado essa árvore e a savana ficaria mais pobre e com menos sombra e humidade, avançando provavelmente para a desertificação.

O equilíbrio está na biodiversidade, a preservação de todas as espécies, de todos os quadrantes, são essenciais para a saúde da Terra, tenhamos essa consciência – só assim poderemos continuar a desfrutar da natureza com respeito e admiração.

Paulo Gil Cardoso

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