Ambiente

Terra Viva – Poluição Luminosa

Todas as noites, milhões de insetos noturnos e outros animais veem as suas vidas dificultadas pela luz artificial implementada pelo Homem.

O domínio da luz é dos feitos mais importantes da história da humanidade: passámos a poder viver com maior segurança e desenvolver atividade durante a noite. No entanto “não há bela sem senão”. As nossas luzes artificiais provocam um gigantesco impacto ambiental.

Muitos dos insetos noturnos, nomeadamente as mariposas, têm fluxos migratórios: para o fazerem, guiam-se pela luz da Lua e, eventualmente, pelas estrelas, duma forma muito básica, dando o mesmo lado à luz para seguirem para os seus destinos. Ao encontrarem luzes artificiais ficam eternamente presas numa louca rotação em volta desses pontos luminosos nunca chegando ao seu destino. Com isto muitos não chegam aos locais de procriação. Ao percebermos que temos milhares de milhões de luzes ligadas durante a noite no planeta compreendemos que milhares de espécies ficam com a sua continuidade ameaçada.

Mas o impacto não é só na migração de mariposas. As luzes das nossas habitações, cidades e estradas, interferem também com insetos que usam a bioluminescência nos seus rituais de acasalamento, como por exemplo os pirilampos ou vaga-lumes, e aquelas mariposas que não são migratórias, mas que ao se sentirem atraídas por determinadas frequências de luz mergulham para a morte, sendo queimadas pelos holofotes mais quentes. Também mamíferos, aves, répteis, peixes e plantas sofrem com a luminosidade artificial. Aves migratórias desorientam-se, rapinas noturnas como os mochos e as corujas sofrem problemas de visão com a excessiva luminosidade artificial, além de terem mais dificuldade de camuflagem para caçar. A morte de aves, por desorientação provocada pelas luzes nas cidades que chocam contra edifícios e outras estruturas é de uma enorme quantidade anualmente. Tartarugas deixam de pôr ovos em praias com muita iluminação e aves migratórias não chegam aos seus destinos por serem atraídas pela iluminação de plataformas petrolíferas em alto mar – nesses locais onde a escuridão é absoluta, essas fontes de luz tornam-se ainda mais atrativas, afetando também os peixes.

O comportamento animal varia da atração à repulsa da luz, dependendo das suas formas de adaptação e relação com os ecossistemas. No funcionamento normal da natureza, durante milhões de anos, muitas espécies de animais e plantas regularam os seus comportamentos pela existência ou ausência da luz, sendo a escuridão necessária à existência e atividade de muitos seres. Desde a necessidade de repouso durante a ausência de luz até à necessidade da escuridão para caçar ou se esconderem. Também a luz que surge em noites de Lua cheia regula muitas das atividades: por exemplo o Krill ou Camarões afloram a águas mais superficiais para se reproduzirem. Ao iluminarmos artificialmente a Terra estamos a introduzir uma alteração aos habitats e ecossistemas, e ainda pouco sabemos sobre a dimensão das consequências para a vida na Terra. A iluminação artificial implantada pelo Homem tem crescido à razão de cerca de 2% ao ano.

O excesso de luz artificial ameaça gravemente o equilíbrio ambiental da Terra, provocando alterações de comportamento de animais e plantas, alterando os seus ciclos de vida e os seus biorritmos.

É atualmente difícil para quem vive numa cidade ver as estrelas ou o Caminho de Santiago. Além do impacto ambiental, temos também um impacto social e de conhecimento do mundo à nossa volta: as nossas crianças dificilmente conseguem ver a mancha do braço da Via Látea, estrelas cadentes ou até mesmo os nosso planetas vizinhos.

Se queremos continuar a desfrutar da natureza, só existe um caminho, que é o de admirá-la e respeitá-la.

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