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Radio Quiet Zones – Para ouvir é preciso calar

Terra Viva

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Foto: DR

O ruído que produzimos com as tecnologias de comunicação e outras, tornam-nos surdos perante o cosmos.

As ondas rádio estão por todo o lado – na realidade são ondas eletromagnéticas que se propagam à velocidade da luz e existiram desde sempre, naturalmente no universo. O Homem percebeu a sua existência e depressa aproveitou as potencialidades da sua utilização. O matemático Clerk Maxwell, em 1864, foi o primeiro a prevê-las, posteriormente Heinrich Hertz, em 1887, comprovou definitivamente a sua existência. A partir de então, neste ápice temporal de cerca de 150 anos, produzimos uma imensa variedade de objetos que nos permitem comunicar à distância, inicialmente usando apenas som, depois imagem, depois dados informáticos, etc., etc.

É imensa a utilização de ondas eletromagnéticas: telemóveis, televisões, emissões wireless, radiotelescópios, radares, sonares, simples comandos de televisão ou de portões, fornos micro-ondas, espantadores de animais, fornos industriais, sistemas de segurança nas lojas, e mais uma miríade de equipamentos médicos, militares, etc.

O ruído que provocamos com toda a nossa parafernália tecnológica é incomensurável. Não ouvimos esse caos barulhento, mas existem animais que ouvem – baleias, golfinhos e aves que se desorientam por afetação dos seus sentidos e sensores e que dão às praias e que se perdem nas suas migrações. Existe também influência no funcionamento dos nossos corpos, dos nossos cérebros, e dependendo das exposições, poderão ser nocivos à saúde.

No site da Direção-Geral de Saúde (portuguesa), pode ler-se: “A Comissão Internacional para a Proteção contra as Radiações Não Ionizantes (ICNIRP) definiu um conjunto de limites básicos de exposição aos campos eletromagnéticos, tanto para a população em geral como para os trabalhadores. Os níveis de exposição são baseados em valores a partir dos quais se verifica a ocorrência de efeitos adversos na saúde.(…) Com base nessas normas, o Conselho da União Europeia (UE) elaborou a Recomendação n.º 1999/519/ CE, de 12 de Julho, relativa à limitação da exposição da população aos campos eletromagnéticos (0 Hz – 300 GHz) para a população em geral, a qual foi incluída no âmbito do quadro das atividades de saúde pública, através da Decisão n.º 1786/2002/CE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 23 de Setembro.

Esta Recomendação do Conselho apresenta um conjunto de restrições básicas e níveis de referência que deverão ser cumpridos, tendo em vista a proteção da população. Nesse documento, foi recomendado aos países da União Europeia que:

  • adotassem um quadro de limites de exposição, tomando como base os valores indicados na Recomendação;
  • reduzissem a exposição das populações às ondas eletromagnéticas;
  • disponibilizassem a máxima informação possível à população acerca dos efeitos dos campos eletromagnéticos sobre a saúde, assim como das medidas adotadas para lhes fazer face;
  • desenvolvessem programas de investigação sobre os efeitos dos campos eletromagnéticos na saúde e acompanhassem a evolução científica na matéria.”

Existem zonas no nosso planeta que são obrigatoriamente Radio Quiet Zones, não por questões ambientais ou de saúde pública, mas porque nesses locais existem radiotelescópios que não poderiam ouvir o Universo no meio de todo o ruído que produzimos com as nossas tecnologias. Nos E.U.A, a National Radio Quiet Zone (NRQZ) é uma grande área onde são restringidas por lei emissões rádio, abarcando partes dos estados de Mariland, Virginia e West-Virginia. Na Europa existem diversas Radio Quiet Zones na Itália, França, Suécia, Finlândia, Irlanda, Ucrânia e Espanha. Noutros locais do mundo como a Austrália ou a África do Sul também existem áreas de silêncio rádio.

Leia outros artigos Terra Viva aqui.

Incrivelmente, ou não, em algumas localidades integrantes ou próximas das zonas que referi, os animais parecem ter um comportamento mais sereno, e existem relatos de pessoas que ao visitarem esses locais sentiram mudanças positivas no seu comportamento e mesmo em questões de saúde, como é o caso de diversos testemunhos sobre o desaparecimento de enxaquecas crónicas, diminuição de irritabilidade e diminuição de ânsia e stress.

Existem mesmo pessoas que resolveram mudar as suas residências e viver permanente em localidades dentro de Radio Quiet Zones por acharem que têm uma melhor qualidade de vida nesses locais. Além de termos de calar para ouvir o Universo, parece que o silêncio por vezes também nos faz bem a nós e à mãe Terra.

Paulo Gil Cardoso/MS

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