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O Apocalipse da Roupa

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milenio stadium - Lixeira Roupa - Gana

 

Noventa e dois milhões de toneladas por ano é a roupa que descartamos globalmente como lixo. A cada segundo produzimos um camião de lixo de roupa, que é incinerada ou enviada para aterro.

Os países ditos desenvolvidos enviam, para outros países, contentores com milhares de toneladas de roupa rejeitada, como sendo vestuário ainda utilizável, porém a maior parte das peças é atirada em lixeiras sem qualquer tratamento ou controlo. Existem montanhas gigantescas de lixo de roupas no Gana, no Quénia, na Tanzânia, no deserto de Atacama no Chile, países da Europa de Leste, etc.

Milhões de peças de roupa usadas chegam semanalmente a países subdesenvolvidos, porém, apenas uma ínfima parte são aproveitadas e integradas em mercados. Os maiores “doadores” são a China, os E. U. A. e a Europa. Grandes empresas da moda, em fim de estação, retiram do mercado as coleções devolutas, e desfazem-se dos stocks. Também uma grande fatia da população dos países com maior poder económico, descartam ou rejeitam roupas, sendo que muitas pessoas o fazem até com boas intenções de ajuda e doação. O problema tem muitas vertentes, no entanto, podemos apontar como principais causas o consumo e o desperdício descontrolados.

O excesso de produção da indústria de roupas baratas, leva as pessoas a descartarem quantidades astronómicas de peças de vestuário. As roupas usadas, velhas e as resultantes de excesso de produção acabam assim em aterros e lixeiras do tamanho de montanhas, poluindo rios, mares, solos e ar. O problema é gigantesco.

Num relatório resultante de uma investigação da Greenpeace da Alemanha, apelidado de “Poison Gifts” (Prendas Envenenadas), revela-se que (passo a citar publicação da TheUniplanet) “na Alemanha, mais de um milhão de toneladas de roupas velhas são recolhidas todos os anos. Menos de um terço é revendido como artigos em segunda mão. Em Espanha, estima-se que a cada ano cerca de 990.000 toneladas de produtos têxteis acabem em aterros. As taxas de reciclagem têxtil, em Espanha, continuam baixas: apenas 10-12% dos resíduos têxteis pós-consumo são recolhidos separadamente para reutilização e/ou reciclagem, e menos de 1% da produção total é reciclada em ciclo fechado, ou seja, com o mesmo uso ou semelhante. a maioria das roupas usadas é exportada para a Europa de Leste e a África. Mas muitas roupas não têm mais valor de mercado porque são defeituosas, sujas ou desadequadas ao clima local. A pesquisa mostrou que 30-40% das importações não podem ser vendidas ou usadas e acabam em aterros, em rios ou são incineradas ao ar livre, poluindo o ar e a água. Desde meados da década de 1990 o volume da roupa recolhida aumenta 20% a cada ano (…) (…) apenas uma pequena percentagem dessa roupa é revendida no mesmo país em que é recolhida: entre 10 e 30% no Reino Unido e apenas 8% nos EUA e Canadá. Estima-se que mais de 70% da roupa reutilizada do Reino Unido acabe no estrangeiro.”

Temos de inverter esta loucura consumista e de descarte, é urgente que existam políticas e regras que limitem esta inconsciência ambiental, é urgente que a indústria têxtil, a sociedade e os governos se sensibilizem para este flagelo.

Temos de reaprender a viver com sapiência, para podermos salvar o planeta e a nós próprios.
Desfrutemos da Natureza com respeito e admiração.

Paulo Gil Cardoso/MS

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