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Lixo – Import, Export S.A.

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Anualmente produzem-se cerca de 2,01 mil milhões de toneladas de lixo. Prevê-se que em 2050 a geração de lixo atinja os 3,4 mil milhões de toneladas anuais. O cenário não é nada animador.

A maior quantidade de produção de resíduos é da responsabilidade dos países mais ricos (os 30 países mais ricos produzem metade de todos os resíduos), que apesar de serem aqueles que têm maior capacidade recicladora e de tratamento, exportam para os países mais pobres os excessos que não conseguem tratar, livrando-se assim da responsabilidade do seu tratamento, enquanto martelam e manipulam os números sobre objetivos nacionais e compromissos assumidos perante instituições internacionais.

Não existem valores certificados sobre quanto vale o mercado mundial de resíduos, mas acreditando em projeções sustentadas em relatórios, como o publicado em 2012 pela União Europeia, deverá superar atualmente os 500 mil milhões de dólares por ano.

Defensores do comércio mundial de lixo argumentam que os países importadores de lixo podem estimular as suas economias adquirindo por essa via matérias primas a baixo custo, ao mesmo tempo desenvolvendo a sua capacidade de reciclagem, criando assim postos de trabalho e criando riqueza. Este argumento é uma verdadeira falácia, e justificado apenas pela cegueira do lucro. Os países subdesenvolvidos estão limitados tecnologicamente e regras, legislação e fiscalização não são propriamente eficazes e eficientes.

Depois que a China fechou as suas portas à importação de lixo, muitas empresas que tinham atividade nesse país deslocalizaram-se para outros territórios, como a Malásia. A braços com uma situação de difícil gestão, em 2020 a Malásia foi notícia por devolver à proveniência 150 contentores ilegais de resíduos plásticos. Ficámos a saber que esses 150 contentores tinham as seguintes origens: 43 França, 42 Reino Unido, 17 Estados Unidos, 11 Canadá e Portugal também constava da lista não havendo, porém, confirmação de quantidades. Estes 150 contentores continham 3.737 toneladas de resíduos.

Existem, porém, sinais de alguma mudança. A partir de 1 de janeiro de 2021 a União Europeia não permitirá que plásticos não recicláveis sejam exportados para países fora da OCDE. É um bom princípio, mas ainda muito incipiente. Mesmo dentro da União Europeia existem disparidades de desenvolvimento muito acentuadas, e dentro de portas existe um mercado de resíduos, onde o tráfico ilegal também existe. Devido a taxas e despesas muito elevadas em certos países com os aterros sanitários, como na Dinamarca e no Reino Unido, é tentador e vantajoso enviar o lixo para países como a Hungria ou Roménia.

Este mercado internacional de resíduos, é mesmo, “varrer o lixo para baixo do tapete”.

Assim vamos no mundo, em que cada um olha para o seu umbigo, em que não importa atirar o lixo para o quintal do vizinho, desde que a minha casa esteja asseada.

A ganância e a hipocrisia não resolverão com certeza o problema de reciclarmos menos de 30% dos resíduos que produzimos. A ilusão de que enviando o lixo para longe a poluição não nos atingirá, é no mínimo uma imbecilidade.

As fronteiras só existem na mente do Homem. A chuva ácida cairá em qualquer lado, o lixo chegará a qualquer praia, o ar será irrespirável onde calhar, e depois, nenhum dinheiro sujo valerá alguma coisa.

Paulo Gil Cardoso/MS

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