Cada português produz em média 513Kg de resíduos por ano (dados de 2019), destes apenas se faz a separação de 21,3%, sendo reciclados somente 12,8%. Significa que Portugal produz aproximadamente 5 milhões e 289 mil toneladas de resíduos urbanos e apenas recicla 676 mil e 992 toneladas.
No período de 2000 a 2019 cada português passou a produzir mais 56Kg de resíduos por ano, ao invés de reduzirmos, aumentámos. Muitas razões poderão haver para este aumento de produção de lixo, desde o aumento do poder de compra, passando pela tipologia dos bens adquiridos, uma coisa é certa, existe um aumento efetivo de produção de resíduos por habitante. A logística necessária à recolha e tratamento de 5 milhões e 289 mil toneladas é responsável ela própria por uma imensa pegada ecológica, da qual não se conhecem valores.
É fácil, porém, por exemplo, traduzir estas toneladas em número aproximado de camiões, e num rápido e rude cálculo, chegamos aos cerca de 440 mil e 750 veículos. Imaginem a quantidade de CO2 libertado para a atmosfera, imaginem a quantidade de combustível fóssil queimado. Vejamos também que os resíduos não reciclados correspondem a aproximadamente 4 milhões e 612 mil toneladas que têm como destino aterros ou que são incinerados. São números demasiado grandes.
O exemplo apresentado, deste pequeno país, que é Portugal, com apenas 10 milhões e 310 mil habitantes, representa apenas uma pequena gota da imensidão que é a produção mundial de resíduos urbanos. O impacto no planeta é de uma enorme violência.
Para existir uma efetiva redução de produção de resíduos temos de rapidamente alterar comportamentos e forma como utilizamos objetos descartáveis. Todos nós podemos contribuir para a redução de lixos, e devemos começar pelos objetos e produtos que usamos e consumimos diariamente. Objetos como, embalagens plásticas de champô, sabonete líquido, embalagens de bebidas de tara perdida, etc., podem ser facilmente substituídas por sabonetes sólidos embalados em papel ou embalagens de bebidas com garrafas reutilizáveis. Pequenas e fáceis mudanças nos nossos hábitos de consumo podem contribuir em muito para a redução de lixos. Não é só no consumidor, porém, que estão as soluções de redução de produção de resíduos, a indústria e a grande distribuição têm que se reconverter.
Não basta que as grandes empresas de distribuição alimentar e outras, usem matérias recicladas ou recicláveis, é necessário que adiram efetivamente à ideia de que terão de encontrar alternativas para as embalagens que colocam todo os dias nos mercados, não basta pintarem as suas embalagens de verde, ou acrescentar os prefixos “eco” ou “bio” nos seus rótulos, esse comportamento é apenas um engano a si próprias e aos consumidores.
Em Portugal apenas, em 19 anos, (pelos números atrás apresentados), tivemos que varrer para debaixo do tapete quase 88 milhões de toneladas de resíduos.
Algo terá de mudar e rapidamente, em apenas algumas décadas tornar-se-á incomportável a gestão da quase incomensurável quantidade de resíduos que produzimos, não há planeta que aguente, é lixo a mais.
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