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Espécies Invasoras

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Espécies de outras paragens sempre foram inseridas, propositadamente ou inadvertidamente, em regiões onde não existiam antes. O impacto no equilíbrio ambiental é gigantesco e nefasto.

Afastadas dos habitats naturais, muitas espécies, sem predadores ou concorrência à altura, podem proliferar de forma descontrolada e provocar a destruição das espécies autóctones (locais), competindo pelo espaço, água, alimento, nutrientes, luz, etc. O equilíbrio de ecossistemas com muitos séculos pode ser rapidamente destruído, provocando a perda de biodiversidade. Os impactos não se fazem sentir apenas na natureza, existem impactos económicos enormes.

Exemplo atual de espécie invasora com graves consequências é a Vespa Velutina (vulgo, vespa asiática), dizimando abelhas e destruindo colmeias. Nos últimos anos, em algumas zonas de Portugal o impacto chegou aos 30% a 40% de redução de produção de mel. Originário de zonas tropicais e subtropicais da Índia, China e Indonésia, julga-se que este inseto chegou à Europa em 2004 num transporte marítimo de “bonsais”, através do porto de Bordéus em França – ao fim de três anos estava já espalhada em metade do território francês. Em 2011 foram detetados os primeiros ninhos em Portugal, agravando-se a situação no final de 2012. Outro exemplo, desta feita nos E. U. A., nos Everglades, Flórida, é a Pitão Birmanesa. Sendo uma das cinco maiores cobras do planeta, tem provocado um impacto de prejuízos incalculáveis numa das zonas húmidas mais preciosas do mundo, levando a enorme diminuição da biodiversidade.

Porém espécies invasoras não se resumem a espécies animais. As plantas muitas vezes provocam um desequilíbrio violento nas zonas onde são forasteiras, superando em quantidade e diversidade as espécies animais também com a condição de exóticas.

O caso da Erva das Pampas é paradigmático, o litoral português está pejado desta planta. Trazida dos Andes para a Europa há cerca de 300 anos para embelezar jardins, é atualmente uma praga descontrolada.

As acácias, também conhecidas por austrálias são outro grande problema. Estão por todo o território ibérico, sendo um tipo de vegetação que potencia e se propaga com o fogo. Existe em curso uma tentativa de controlo da sua proliferação através de uma pequenina vespa, também ela exótica. Pela primeira vez na Europa foi introduzida uma espécie exótica para tentar controlar uma espécie invasora.

Desde 2015 que se estão a libertar milhares de exemplares de uma vespa australiana com cerca de três milímetros, na tentativa de reduzir a propagação da acácia-de-espigas. Foram feitos testes e experiências durante quase duas décadas, até ser autorizada a introdução deste pequenino inseto. O seu ciclo reprodutivo passa pela postura de ovos nas gemas das plantas, de onde surgem as flores e ramos, com o desenvolvimento das larvas, a planta reage e formam-se bugalhos, interrompendo a possibilidade defloração – sem floração não há sementes, sem sementes não germinam mais acácias.

Estamos, porém, num terreno algo experimental e incerto. Com todas as simulações que se fizeram, acredita-se que não haverá problemas para os ecossistemas ibéricos com a introdução de mais uma espécie exótica. Esperemos que assim seja, e que não se incorra na promoção de uma praga que ironicamente tem como objetivo o controlo de outra praga.

O Homem tenta manipular as peças do puzzle, mas o puzzle é tão imenso e complexo que dificilmente se saberá o resultado do quadro final.

Paulo Gil Cardoso/MS

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