Com o atraso de um ano, devido à pandemia, a COP26, a 26ª conferência organizada pelas Nações Unidas para o combate e mitigação das alterações climáticas, decorre em Glasgow entre os dias 31 de outubro e 12 de novembro.
Espera-se que nesta magna conferência haja decisões e compromissos importantes que permitam a inversão, ou que pelo menos impeçam o agravamento da já evidente crise climática, provocada pelas atividades humanas, que atinge o nosso planeta.
Olhando aos compromissos das nações, desde a Cúpula da Terra realizada em 1992 no Rio de Janeiro, passando pelo Acordo de Kioto em1997, onde foram lançados objetivos para a redução dos gases de efeito estufa, passando pelo Acordo de Paris em 2015, verificamos que a tendência tem sido de protelar, falhando sistematicamente as metas assumidas ou atirando-as para a frente no tempo. É certo que algumas medidas foram implementadas, no entanto a concretização e a ação dos países subscritores dos acordos tem ficado muito aquém do acordado.
A enorme pressão da sociedade civil e dos milhares de ONG (Organizações Não Governamentais), que se viram impedidas de assistir às negociações na conferência, é enorme. As vozes de alerta e de pedido de ação chegam de todo lado.
Na imprensa internacional pode ler-se:
- “Ativistas Inuit, o povo indígena que habita o Ártico, alertaram hoje em Glasgow, para o impacto que as alterações climáticas já estão a ter nas suas localidades e modo de vida.”
- “Txai Suruí, indígena da Amazónia brasileira, discursa na abertura da COP26, alertando “Hoje o clima está esquentando, os animais estão desaparecendo, os rios estão morrendo, nossas plantações não florescem como antes. A Terra está falando, ela nos diz que não temos mais tempo”(Globo.com)
- “A Rede Internacional de Organizações Ambientais (CAN) considerou essencial que da cimeira sobre o clima que decorre em Glasgow saia um “compromisso para eliminar os combustíveis fósseis.”(Lusa)
- “Os países menos desenvolvidos afirmaram hoje “não poder esperar mais” pelo dinheiro prometido pelos países mais ricos há mais de uma década para se adaptarem aos efeitos das alterações climáticas, considerando que a evolução tem sido “desapontante e assustadora.”(Lusa)
- “Foram assassinados 228 defensores da Terra e do ambiente, o que faz de 2020 “o pior ano de que há registo”, segundo a ONG Global Witness”(Público)
- Têm acontecido manifestações, diariamente, em Glasgow e existem uma série de iniciativas paralelas à COP26, organizadas por ONG e por ativistas ambientais.
Entretanto, na conferência:
- Foi anunciado o acordo subscrito por 110 países, entre os quais o Brasil e a China, sobre um ambicioso objetivo de reverter e por um ponto final na desflorestação até 2030. Lembro, no entanto, que os anteriores objetivos acordados em 2014 sobre a proteção das florestas, não foram cumpridos.
- A União Europeia avançou com o anúncio de um pacote de 4,3 mil milhões de Euros para apoio de países mais vulneráveis às alterações climáticas e promover o desenvolvimento desses países na implementação de energias renováveis.
- Justin Trudeau apelou à triplicação das taxas sobre emissões de carbono, lembrou também que o Canadá está a aquecer ao dobro da velocidade de outras zonas do globo. Anunciou também a ambiciosa meta de redução drástica das emissões de gases de efeito estufa atingindo Net 0 até 2050.
- Esperamos mais acordos e mais fundos, mais compromissos, mas acima de tudo esperamos mais ação e menos burocracia e retórica. Existem questões que não estão a ser tratadas com transparência e com firmeza, ONGs denunciam que a indústria petrolífera e dos combustíveis fósseis continuam a ser subsidiadas, atingindo um valor de 400 mil milhões anuais de subsídios a nível mundial.
Cada dia que passa sem ação é um dia perdido na saúde da Terra.
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