Ambiente

Central do Pego – Fim do carvão

Terra Viva

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Créditos: DR

A Central Termoelétrica do Pego produziu pela última vez, na manhã de sexta-feira dia 19 de novembro, energia elétrica a partir da queima de carvão.

A Central do Pego era a mais moderna central termoelétrica a carvão da Península Ibérica. Com capacidade de produção de 600 MW, iniciou o seu funcionamento em 1993, sendo renovada há poucos anos no sentido de reduzir emissões poluentes, mesmo assim era responsável pela emissão de cerca de 4% das emissões anuais de CO2 em Portugal, o equivalente a aproximadamente 4,7 milhões de toneladas (segundo a associação ambientalista Zero). Com o encerramento desta central e da de Sines, em janeiro deste ano, Portugal deixa assim de ter produção de energia elétrica a partir do carvão. 

A diminuição de emissões de CO2 em Portugal terá uma enorme quebra, indo assim, teoricamente, ao encontro dos objetivos e compromissos assumidos desde o Acordo de Paris. Porém, “não há bela sem senão”, uma das possibilidades de reconversão da Central do Pego inclui a produção de energia a partir de biomassa, ou seja, queima de madeira, resíduos de madeira, pelletes e outros. Apesar da inferior emissão de CO2, comparativamente com a queima de carvão, a queima de biomassa continua a ser emissora deste gás de efeito estufa, acrescendo ainda, que se não houver uma disciplinada obtenção deste combustível, poderemos estar a fomentar a diminuição de floresta e consequentemente a diminuir a retenção de carbono nas nossas florestas. Apesar de ser propalada como uma fonte de energia renovável, a biomassa não é de todo uma energia limpa ou verdadeiramente amiga do ambiente. Temos de ter como objetivo zero emissões e esta não é com certeza a solução.

Está atualmente aberto concurso para propostas de reconversão da Central do Pego, o prazo terminava a 18 de outubro, mas o governo prorrogou-o até dia 17 de janeiro de 2022. As linhas traçadas pelo governo para os projetos determinam que estes sejam focados na “produção de energia de fontes renováveis e na redução de emissões de gases com efeito de estufa”, “produção de eletricidade renovável, produção de gases renováveis, produção de combustíveis avançados e/ou sintéticos (ou um “mix” destes)” e a “inclusão de soluções de armazenamento de energia”. Esperemos para ver que tipo de projetos aparecerão.

Portugal passa a ser um dos poucos países do mundo sem centrais nucleares ou de queima de carvão, no entanto, ainda não tem produção de energia limpa que permita a sua autonomia energética e terá que continuar a comprar energia a outros países, como a Espanha ou a França, que não se comprometeram a acabar com esse tipo de centrais. Olhando a questão de uma perspetiva global, diminuímos as emissões de CO2 dentro de portas, mas continuamos a comprar energia àqueles que as mantêm, a energia que consumimos continuará a ter a mesma pegada ecológica, no final, fica tudo na mesma. 

O caminho ainda é longo, o investimento nas energias limpas é uma urgência, é condição absoluta a aposta nas energias: solar, eólica, geotérmica, de marés, etc., essas sim verdadeiramente limpas.

O tempo continua a fugir-nos, estamos muito lentos na reação, e o comboio da degradação da Terra avança a uma velocidade vertiginosa, estamos ainda a tempo de reduzir os impactos, temos, porém, de começar a agir de forma mais sapiente.

Paulo Gil Cardoso/MS

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