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Blooms Marés coloridas

Terra Viva

O fitoplâncton corresponde a um quarto da parte vegetal do nosso planeta. Existem cerca de 5.000 espécies destas microalgas, sendo que aproximadamente 300, se em grande concentração, podem alterar a cor das águas dos mares ou rios.

 

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“Bloom” é o nome que se dá a uma grande concentração de células de fitoplâncton, não significando que todos os blooms sejam prejudiciais a outros seres marinhos, antes pelo contrário – a maior parte são favoráveis à vida de peixes, mariscos e bivalves.

 

Cerca de 40 espécies têm a faculdade de poder produzir toxinas capazes de provocar a morte de alguns animais e podem provocar riscos para a saúde humana.

Existe uma crença popular sobre as alturas do ano em que as ingestões de bivalves podem provocar sérios desarranjos intestinais e mesmo a morte. Crença popular: moluscos com casca só podem ser comidos em meses com “R” – não estará completamente errada esta ideia com centenas de anos, uma vez que os meses com “R” são os meses mais frios e os sem “R” os meses de verão no hemisfério norte, sendo no verão que o fitoplâncton tem mais dinoflagelados, que são uns seres microscópicos fotossintéticos responsáveis pela produção de toxinas. Porém, para além dos meses que a crença popular refere, devido às alterações climáticas e de ecossistemas, atualmente poderão surgir toxinas noutras épocas do ano.

“Bloom” é o nome que se dá a uma grande concentração de células de fitoplâncton, não significando que todos os blooms sejam prejudiciais a outros seres marinhos, antes pelo contrário – a maior parte são favoráveis à vida de peixes, mariscos e bivalves, apenas alguns tipos de fitoplâncton poderão ser nocivos quando em elevada concentração.

O Instituto de Investigação das Pescas e do Mar (IPIMAR) fornece a seguinte informação relativamente a espécies nocivas:

“Dependendo das espécies fitoplanctónicas envolvidas, podem diferenciar-se vários tipos de blooms prejudiciais, vulgarmente designados por HABs (Harmful Algal Blooms). De entre estes, distinguem-se os produzidos por: (I) espécies produtoras de toxinas, que podem ser introduzidas na cadeia alimentar, provocando perturbações gastrintestinais, neurológicas e amnésicas. Estes blooms só raramente produzem alterações da cor da água do mar; (II) espécies não tóxicas que se desenvolvem em grande concentração, conduzindo à alteração da cor da água do mar e que, em casos extremos, na fase final do bloom, ocasionam condições de diminuição de oxigénio responsáveis pela morte de peixes e invertebrados; (III) espécies não tóxicas, mas prejudiciais para invertebrados e peixes, que provocam danos ou colmatagem das brânquias (Hallegraeff et al., 1995).”

Acrescento que no site do Instituto Português do Mar e Atmosfera (www.ipma.pt) existe informação em tempo real sobre a permissão de apanha de bivalves e toxinas presentes na costa e enseadas portuguesas.

Situações de Blooms têm sido mais frequentes e de escalas maiores do que em tempos passados: veja-se o caso de em junho de 2019 no Algarve, onde uma gigantesca “maré vermelha” levou a Autoridade Marítima Nacional à interdição de banhos nas praias entre Faro e Vilamoura durante vários dias, por ser potencialmente perigosa para a saúde pública. Neste caso em concreto não havia risco para contacto com a pele, no entanto a ingestão de água, de peixe ou bivalves poderia levar a gastroenterites.

Outro exemplo de Blooms gigantescos foram os ocorridos em 2019 no Golgo do México. Os estados do Louisiana e da Florida foram os mais afetados por uma alga azul-verde que provocou a morte de milhões de peixes e levou ao encerramento de praias durante vários dias.

De acordo com a NOAA (National Oceanic and Atmospheric Administration), com base nos registos e observações ao longo de anos, os Blooms nocivos têm aumentado em frequência e intensidade devido às alterações climáticas e poluição marinha, levando à degradação dos ecossistemas marinhos e, por consequência, ameaçando a saúde pública e as economias costeiras que têm por base as pescas e o turismo.

Inverter o aquecimento global e reduzir a destruição de ecossistemas naturais – já ontem era tarde!

Paulo Gil Cardoso/MS

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