As flores podem ter surgido há 247 milhões de anos, assim indicam as descobertas em 2013, de pólenes fósseis, feitas por uma equipa da Universidade de Zurique, na Suíça, colocando o seu aparecimento na mesma altura em que surgiram os dinossauros. Não existe porém consenso na comunidade científica, havendo uma grande parte que situa o aparecimento das plantas com flor há 140 milhões de anos.

Existem mais de 250 mil espécies de plantas com flor, representando cerca de 90% de todas as plantas da Terra, e que são chamadas de angiospérmicas. As flores são as estruturas reprodutoras deste tipo de plantas com reprodução sexuada (são portanto os órgãos sexuais destes seres vivos), sendo a sua tarefa a de produzir sementes. A partir das flores surgem frutos com sementes que após caírem no solo germinarão, dando origem a uma nova planta.
As flores são um exemplo de sucesso evolutivo e existem adaptações e estratégias absolutamente incríveis, como é o caso das orquídeas, imitando fêmeas de insetos com as suas cores e formas, atraindo assim machos, que enganados tentam copular. Com este processo a orquídea garante a polinização, fecundação e consequente sobrevivência. Fantasticamente imitam até especificamente determinadas espécies de insetos. Claro que existe o perigo de dependência de uma espécie de inseto que eventualmente se possa extinguir e consequentemente comprometer a sua própria existência. Estas flores são chamadas de entomófilas, palavra que significa exatamente “amantes de insetos”.
A polinização é diversa quanto aos meios usados de dispersão – existem plantas que têm como polinizadores preferenciais as aves, outras os insetos, outras o vento (as gramíneas por exemplo), todos, isolados ou combinados. Para atrair os polinizadores utilizam cores, odores e, como já referido, formas.
Nem todas têm odores agradáveis para o Homem, mas terão com certeza para os polinizadores que pretendem atrair. Plantas como a Rafflesia, e a paw-paw norte-americana têm a polinização garantida por moscas atraídas pelo cheiro de carne podre. Cores e dimensões são de uma imensa variedade. A maior flor conhecida é a Rafflesia arnoldii, tendo sido já registados exemplares com um metro e pesando 11Kg.
As flores são essenciais para que as abelhas possam produzir mel, e as abelhas são essenciais para que algumas plantas possam reproduzir-se. É este um dos exemplos dos mais perfeitos encaixes das peças deste imenso e admirável puzzle que é a Terra.
Flores foram admiradas desde a antiguidade, havendo provas de serem cultivadas rosas nas margens do rio Tigre, na antiga Mesopotâmia, há cerca de sete mil anos. Os significados místicos e religiosos, ou simbólicos, são mais que muitos relembro aqui um bastante incutido e antigo em Portugal: a noiva incólume, para demonstrar e vincar a sua pureza virginal, usa uma coroa de flores de laranjeira. Outra simbólica flor é o cravo, enfiada no cano de uma espingarda, que nós portugueses reclamamos como símbolo da liberdade.
A primavera que se aproxima é-nos anunciada pelas flores, que por sua vez nos anunciam frutos, e apesar dos tempos conturbados que vivemos, alegram-nos os olhos, estimulam-nos a mente e anunciam-nos o renascimento, dando-nos esperança e evidenciando que nada é definitivo, que a vida é feita de ciclos, que os maus momentos acabarão um dia por dar lugar à serenidade e à beleza. Que poderemos outra vez passear num campo repleto de flores.
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