Ambiente

2035 fim de carros a combustão? Alemanha faz marcha-atrás

escape_terra - milenio stadium

 

No dia 7 de março a Comissão Europeia falhou ratificação para a proibição da venda de carros a combustão a partir de 2035.

Esperava-se a ratificação legislativa pela Comissão Europeia sobre a proibição da venda de carros com motores a combustão resultante de combustíveis fósseis a partir de 2035, porém, a Alemanha fez marcha atrás: aquando da votação do documento final, os germânicos abstiveram-se e introduziram a vontade de permitir motores a combustão que utilizem “combustíveis-verdes” depois de 2035.

Outros países, como a Itália, Polónia e Bulgária, seguiram também a mesma via, avançando com uma proposta de “isenção para combustíveis sintéticos”, com os argumentos de que estes combustíveis podem ser produzidos a partir de energias renováveis e de carbono retirado do ar. Desta forma o projeto não conseguiu a maioria qualificada dos 27 países-membros que era é exigida (voto favorável de pelo menos 55% dos estados membros que representem pelo menos 65% da população da EU).

Estas novas posições poderão comprometer ou alterar os ambiciosos objetivos da EU (União Europeia) de redução de gases de efeito estufa, aprovados no Parlamento Europeu em 8 de junho de 2022 a partir de proposta da própria Comissão Europeia, da qual, aqui no Milénio Stadium, dei notícia e os quais recordo.
“Os eurodeputados apoiam assim a proposta da Comissão Europeia de alcançar a mobilidade rodoviária com emissões zero até 2035 relativamente a novos automóveis ligeiros de passageiros e veículos comerciais ligeiros.
A proposta contém medidas como:

  • a eliminação do mecanismo de incentivo para veículos com emissões zero e baixas («ZLEV»), uma vez que já não cumpre a sua finalidade original;
  • um relatório da Comissão sobre os progressos no sentido da mobilidade rodoviária com emissões zero até ao final de 2025 e, posteriormente, anualmente, abrangendo o impacto nos consumidores e no emprego, o nível de utilização de energias renováveis, bem como informações sobre o mercado de veículos em segunda mão;
  • reduzir gradualmente o limite de ecoinovação, de acordo com as metas mais rigorosas propostas (o limite existente de 7g CO2/km deve permanecer até 2024, seguido de 5g a partir de 2025, 4g a partir de 2027 e 2g até o final de 2034);
  • um relatório da Comissão, até ao final de 2023, detalhando a necessidade de financiamento direcionado para garantir uma transição justa no setor automóvel, para mitigar o desemprego e outros impactos económicos;
  • uma metodologia comum da UE pela Comissão, até 2023, para avaliar todo o ciclo de vida das emissões de CO2 dos automóveis e carrinhas colocados no mercado da UE, bem como para os combustíveis e a energia consumidos por esses veículos.”

O peso do setor da indústria automóvel na economia europeia, com destaque para a alemã, é gigantesco e as pressões são imensas. A reconversão da produção e alteração das ligações das cadeias de abastecimento assim como as cadeias de distribuição, manutenção, substituição de peças, assistência, etc., serão completamente alteradas, quase desaparecendo as tradicionais relações industriais e comerciais, para dar lugar a um novo sistema.

O debate está ao rubro, no Velho Continente e em especial na Alemanha: de um lado, as indústrias que já investiram milhões para a produção de carros elétricos, do outro lado o setor dos automóveis a combustão. Politicamente extremam-se posições, pondo em causa as relações que existem no governo de coligação alemão, provocando uma divisão ideológica entre o Partido Democrático Liberal e o Partido Verde, que apoia a proibição total dos motores de combustão.

Resumindo, estamos no “nim”, esperemos que haja consensos rapidamente, olhando claro está ao futuro da humanidade não só a curto-prazo, cada minuto que passa sem nada fazermos é um minuto morto, e muitos minutos mortos consecutivos levarão a um desfecho nada agradável.

Paulo Gil Cardoso/MS

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