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Vox Pop – Os que chegaram primeiro

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Créditos: DR

O sonho, afinal o que é? O que pode representar para o ser humano alimentar um sonho? No fim de contas, o sonho, tal como o estamos a analisar no jornal Milénio Stadium desta semana, não é mais do que os objetivos de vida que nos fazem andar para frente. Lutar até os alcançarmos. Podem ser de diversa ordem, mas todos são suficientemente fortes para impulsionar tomadas de decisão, escolhas que determinam os caminhos de uma vida. Quisemos perceber quais eram os objetivos, as metas traçadas, de quem deixou o seu país há várias décadas, neste caso em concreto Portugal, e emigrou para o Canadá. Aqueles que, há tantos anos, vieram à procura de realizar um sonho: fosse ele qual fosse. Quisemos saber que sonho era esse afinal e se agora, depois de uma vida de trabalho e sacrifícios, com a família criada, tudo valeu a pena.

Ana Paula Rodrigues, 55 anos

O que o/a fez vir viver para o Canadá? Podemos afirmar que veio atrás de um sonho?

Sim, trazia um sonho: ter uma vida melhor financeiramente e descobrir novas oportunidades, poder comprar uma casa em Portugal.

Quando decidiu sair de Portugal tinha o objetivo de um dia voltar?

Claro que sim, fazer ou comprar uma casa e voltar. 

Agora depois destes anos todos aqui, qual é a sua vontade? Ir ou ficar?

Torna-se um pouco complicado, porque a saudade da terra natal está sempre presente, mas construí vida aqui e são muitos anos de Canadá, o mais certo é ficar por aqui.

Se, eventualmente, decidir ir, como vai ser deixar no Canadá a família que, entretanto, construiu?

Não acho que irei voltar definitivamente, talvez passar uns meses fora.

Relativamente aos seus filhos: Que sonhos tinha para eles? O Canadá é/foi o país certo para que esses sonhos fossem concretizados?

Para os meus filhos o sonho era que tivessem mais oportunidades para desenvolver os seus estudos, melhores oportunidades de trabalho e que conseguissem construir a vida que pretendem, e que o Canadá lhes desse a oportunidade de realizar os seus sonhos e serem felizes. Que conseguissem ter uma vida mais aberta e menos dificuldades em todos os níveis da vida.

Sente-se “em casa” aqui no Canadá?

Sim, acho que o Canadá continua a ser um dos melhores países do mundo para construir família, que oferece qualidade de vida, e oportunidades para desenvolvimento pessoal, se a pessoa estiver disposta a fazer por isso. 

O sonho que tinha ao chegar a este país foi cumprido?

Sim, construí a minha vida aqui com a minha família e sou muito grata por tudo o que consegui até hoje com muito trabalho.


Armando Viegas, 75 anos

O que o/a fez vir viver para o Canadá? Podemos afirmar que veio atrás de um sonho?

Estávamos então em 1965. Eu era um jovem de 19 anos cheio de sonhos que em nada se reviam com o sistema ditatorial que vivíamos em Portugal. A minha saída foi como que um exílio em procura da liberdade política. O Canadá foi o país de escolha porque na altura o considerei o país das oportunidades e da prosperidade.

Quando decidiu sair de Portugal tinha o objetivo de um dia voltar?

Eu penso que todos nós imigrantes, lá no fundo do nosso espírito, temos sempre connosco o sentimento saudade. Eu não sou exceção e como tal no meu coração está sempre um carinho muito especial pelo Canadá, mas também um amor de perdição pela pátria que um dia abandonei. Isso leva-me sempre a querer um dia regressar.

Agora depois destes anos todos aqui, qual é a sua vontade? Ir ou ficar?

Agora que já estou reformado, confesso que todos os dias, eu e a minha esposa pensamos num possível regresso, mas tal não é fácil. Aqui construímos as nossas raízes. Os nossos filhos, os nossos netos nasceram no Canadá e de certa forma ligam-nos infinitamente a este, também muito maravilhoso país – o Canadá.

Caso então decida ir para Portugal, como vai ser deixar no Canadá a família que entretanto construiu?

No próximo ano queremos ir a Portugal seis semanas e então ali, junto ao nosso maravilhoso mar e ao nosso lindo sol, iremos decidir o que fazer. Talvez uma decisão que nos leve a ficar na pátria de nascença seis meses e o resto do ano neste país onde temos os nossos legados que nós também tanto amamos.

Relativamente aos seus filhos: Que sonhos tinha para eles? O Canadá é/foi o país certo para que esses sonhos sejam/fossem concretizados?

Tenho duas filhas que aqui construíram as suas vidas. Casaram-se, tiveram filhos, compram casa, formaram-se universitariamente. O Canadá permitiu que aqui construíssem uma vida exemplar e eu estou muito orgulhoso desse facto.

Sente-se “em casa” aqui no Canadá?

Sem dúvida que sim. O Canadá é um país extraordinário. Eu orgulhosamente também sou naturalizado canadiano. Adoro o multiculturalismo aqui patente. Adoro o sentido de oportunidades oferecido a todos. Respeito com muita admiração, a nossa liberdade de expressão e escolhas políticas. O Canadá é um país exemplar.

O sonho que tinha ao chegar a este país foi cumprido?

Há dois anos tive a oportunidade de publicar um livro com o título – “Bonne Chance” que é a minha biografia. Um legado para os meus familiares e muitos amigos. Nesse livro expresso o meu agradecimento e o meu apreço a este maravilhoso país que me acolheu de braços abertos e permitiu que viesse a tornar-me o homem que hoje sou. Apesar de adorar muito Portugal, estou ciente que a vinda para o Canadá foi o passo certo, no momento certo.


Fernanda Silva, 70 anos

O que o/a fez vir viver para o Canadá? Podemos afirmar que veio atrás de um sonho?

Sim, tinha o sonho de um futuro melhor.

Quando decidiu sair de Portugal tinha o objetivo de um dia voltar?

Na realidade quando saímos de Portugal a vontade era de voltar a visitar para matar saudades, mas não para viver lá outra vez.

Agora depois destes anos todos aqui, qual é a sua vontade? Ir ou ficar?

Não, agora não quero voltar para lá. Não seria fácil voltar e deixar cá filhos e netos.

Relativamente aos seus filhos: Que sonhos tinha para eles? O Canadá é/foi o país certo para que esses sonhos sejam/fossem concretizados?

Sim, tínhamos sonhos para os nossos filhos. Queríamos que tivessem um futuro melhor que o nosso, e sim acreditamos que o Canada foi e é o país certo para se alcançar sonhos.

Sente-se “em casa” aqui no Canadá?

Absolutamente. O Canadá é a nossa casa, depois de 50 anos a viver aqui.

O sonho que tinha ao chegar a este país foi cumprido?

O sonho que tínhamos ao chegar ao Canadá realizou-se, sim! Graças a Deus e à nossa persistência e trabalho. Amamos o Canadá e amamos Portugal, está sempre no nosso coração. Adoramos os dois, mas o Canadá é o país onde iniciámos a nossa vida e felizes aqui vivemos.


Jorge Ribeiro, 71 anos

O que o/a fez vir viver para o Canadá? Podemos afirmar que veio atrás de um sonho?

No meu caso, a minha esposa já cá tinha estado e depois de cumprir os meus serviços militares tinha a hipótese de escolher entre os Estados Unidos, onde estavam os meus pais, e o Canadá, que nos oferecia condições melhores, tinha cá os meus sogros também. A minha esposa já tinha trabalho cá e identificava-se mais com este país, por isso resolvemos vir para o Canadá, tinha eu 25 anos. Achámos que tínhamos condições boas para começar aqui uma vida, com a nossa filha (que tinha cinco meses) já nos braços.

Quando decidiu sair de Portugal tinha o objetivo de um dia voltar?

Não. Assim que sai da Lisnave, para vir para cá, eu sabia que não teria condições para um dia voltar. E eu nem queria voltar sequer. Havia muita instabilidade, não era agradável viver em Portugal naquele momento. Vindo para cá, tínhamos a possibilidade de viver com outras condições e de começar uma nova vida… Portanto quando eu vim, era para vir e ficar cá. Tanto que estive seis anos sem voltar a Portugal. Ainda por cima os meus pais estavam na altura nos Estados Unidos, portanto eu ia mais vezes lá para os ver do que ia a Portugal. Quando cá cheguei comecei a aprender inglês, arranjei um trabalho numa fábrica e, portanto, a vida estava de vento em popa, tinha casa quase de borla… Tinha condições para estar feliz aqui. E estive. E estou!

Agora depois destes anos todos aqui, qual é a sua vontade? Ir ou ficar?

Eu não tenho ideia de voltar para Portugal por várias razões. Principalmente pela minha família que está aqui… O meu filho vive aqui e a minha filha nos Estados Unidos. Eu adoro ir a Portugal, agora principalmente, tanto que este ano passei lá cinco meses. Adoramos estar em Portugal, temos lá condições para estar o tempo que quisermos, temos casa lá. Mas à medida que a idade vai passando, temos uma preocupação maior no que à saúde diz respeito, pensar qual é o lugar melhor que nos dá condições melhores para vivermos…

E qual é, na sua perspetiva?

Pelo que eu vejo, neste momento, o Canadá tem melhores condições. Lá, se não for privado, é muito complicado. Eu considero que atendendo à minha situação a nível de saúde, aqui tenho melhores condições. 

Portanto… Portugal, será apenas para passar umas temporadas…

Relativamente aos seus filhos: Que sonhos tinha para eles?

Nós tínhamos condições aqui para que os nossos filhos tivessem um bom futuro. Aqui, no Canadá, o futuro não tem limites… No que diz respeito a oportunidades, não há limites. Mais do que em Portugal. Quando vim tinha em mente que este seria um bom país para a minha filha e, eventualmente mais tarde, para o meu filho. Não havia limites onde as pessoas quisessem chegar. Tenho um caso muito específico, dum primo nosso, que veio para cá sem nada, além disso só tinha a mãe do seu lado, e esse zero que ele trazia na altura transformou-se agora em muito, ele é agora milionário. As oportunidades aqui nós é que as criamos.

O Canadá é/foi o país certo para que esses sonhos sejam/fossem concretizados?

Absolutamente. E tenho a impressão que não trocava por outro país caso me fosse dada essa oportunidade neste momento.

Sente-se então “em casa” aqui no Canadá?

Sim. Para mim, aqui é o que eu considero “home”, o nosso lar. Em Portugal também me sinto confortável, claro, mas não é o nosso lar. O nosso lar é aqui. Essa é a realidade.

O sonho que tinha ao chegar a este país foi cumprido?

Em parte, acho que sim. Foi ter uma família feliz, ter conseguido dar aquilo que quisemos dar aos nossos filhos, tiveram a educação que quiseram e à sua maneira têm sucesso naquilo que fazem. Portanto acho que nós, enquanto família, estamos satisfeitos. Acho que os desafios maiores virão para os nossos netos, porque acredito que terão mais atribulações. O mundo não é perfeito e o futuro não será fácil. Já hoje em dia, dando um exemplo de algo do nosso dia a dia: uma ida ao supermercado é caríssima – as pessoas têm de estar preparadas para um futuro mais desafiante. Aqui, sempre tivemos de estar preparados para o que der e vier, mas sermos felizes com aquilo que temos. Acho que será por aí o caminho: mesmo que seja mais complicado, temos que dar valor ao que temos para que consigamos ser felizes.

Catarina Balça/MS

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