VOX POP: a sexualidade e a definição de orientação sexual
Tema tabu durante séculos, a sexualidade e a definição de orientação sexual é, neste século XXI, cada vez mais encarada com normalidade. Os pais têm naturalmente um papel preponderante, não só prestando atenção a tudo o que, dentro desta esfera da intimidade de cada um, possa estar a perturbar a saúde mental dos filhos, mas também os pais devem estar suficientemente preparados para acolher e compreender as suas angústias, dúvidas ou decisões. Trazemos a esta edição três testemunhos de pais, que podem representar bem como a sociedade está a evoluir nesta matéria, funcionando como espelho do que poderá ser uma realidade em casa de muitas outras famílias.
MB/MS
M. Couto – mãe de dois rapazes (16 e 13 anos)
Que tipo de preocupação tem e que tipo de acompanhamento faz relativamente à relação do seu filho/a com a sexualidade?
Tento estar atenta, mas confesso que não é uma preocupação. Desde cedo que transmiti aos meus filhos a ideia de que o que quero é que sejam felizes. E essa componente é fundamental para que a vida seja realmente feliz. Agora se notar que há algo que possa estar a perturbá-los, tento perceber o que se passa. Temos uma relação muito aberta (mais eu e eles do que eles com o pai).
Sente que o acesso à informação, muito facilitado hoje em dia, esclarece todas as dúvidas que possam existir ou pelo contrário pode potenciar o seu surgimento?
Sim, acho que ajuda muito a esclarecer. Mas também concordo que às vezes se fala demasiado do assunto. Ter informação com conta, peso e medida é o que deve ser feito.
Se notar que há qualquer indício de que este tema está a criar problemas ao seu filho/a, como pretende agir?
Se sentir que as conversas comigo ou com o pai não são suficientes, não tenho nenhum problema em procurar ajuda de um psicólogo. É um tema muito sensível.
A escola e o que se ensina sobre esta matéria ajudam a esclarecer dúvidas sobre o que sentem os jovens nesta área da sua intimidade?
Sim, acho que sim.
F. Sousa – pai de um rapaz (15 anos)
Que tipo de preocupação tem e que tipo de acompanhamento faz relativamente à relação do seu filho/a com a sexualidade?
Confesso que não é a minha preocupação principal. Com o trabalho, acabo por ter pouco tempo para estar com o meu filho e quando estamos os dois em casa ele passa mais tempo fechado no quarto, do que perto de nós. Até agora não percebi nada de diferente nele.
Sente que o acesso à informação, muito facilitado hoje em dia, esclarece todas as dúvidas que possam existir ou pelo contrário pode potenciar o seu surgimento?
Olhe, para ser sincero, acho que eu quando tinha a idade dele, sabia tanto quanto ele sabe e não tinha acesso ao google e coisas do género. E, se calhar, sabíamos de tudo de uma forma mais crua, através de amigos ou coisa parecida.
Se notar que há qualquer indício de que este tema está a criar problemas ao seu filho/a, como pretende agir?
Eu posso parecer antiquado aos olhos dele, mas nisso acho que ele sabe que o que ele quiser da vida, para mim está tudo bem. Só quero que ele seja feliz. O que vou fazer será mostrar-lhe isso mesmo.
A escola e o que se ensina sobre esta matéria ajudam a esclarecer dúvidas sobre o que sentem os jovens nesta área da sua intimidade?
Acho que se está a entrar em exageros que até podem baralhar as cabeças dos miúdos. Uma coisa é dar informação, outra coisa é dar a entender que eles podem ser isto ou aquilo, quando a eles isso nem passou pela ideia.
M. Santos – mãe de uma rapariga (18 anos)
Que tipo de preocupação tem e que tipo de acompanhamento faz relativamente à relação do seu filho/a com a sexualidade?
A minha filha desde cedo começou a dar sinais de que ela não era igual às outras meninas. Na maneira de ser, no que gostava de vestir, nos gestos… tudo. Por isso sempre estive mais atenta para ver se ela precisava de ajuda. Quando chegou a altura certa para ela, foi ela quem me disse que não gostava de rapazes como as outras meninas. O que fiz foi dar-lhe muito amor e dizer que está tudo bem com isso. E a partir daí ela confia em mim a 100%. Sabe que estou e estarei sempre do lado dela.
Sente que o acesso à informação, muito facilitado hoje em dia, esclarece todas as dúvidas que possam existir ou pelo contrário pode potenciar o seu surgimento?
Não sei, acho que saber mais só pode ajudar, mas no caso da minha filha, no fundo, ela nunca teve dúvidas sobre a sua orientação sexual e acho que isso aconteceu independentemente de ela ter acesso à informação ou não.
Se notar que há qualquer indício de que este tema está a criar problemas ao seu filho/a, como pretende agir?
Se isso tivesse acontecido ou se ainda vier a acontecer, pode ter a certeza de que eu nunca iria largar-lhe a mão e procurava ajuda.
A escola e o que se ensina sobre esta matéria ajudam a esclarecer dúvidas sobre o que sentem os jovens nesta área da sua intimidade?
Para mim o mais importante é que escola não discrimine quem tem orientações sexuais diferentes do “normal”. E que ensine que essa é apenas uma parte da personalidade e que todas as opções de vida têm que ser respeitadas.
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