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Reforma

 

A mentalidade de hoje é diferente, dizem os mais velhos, e na realidade os mais novos parecem não se rever na ideia de poupar hoje para ter amanhã. Claro que as generalizações são sempre perigosas, mas não é preciso fazer estudos aprofundados para perceber as diferenças entre gerações. As solicitações que são cada vez mais atrativas e dispendiosas, as prioridades que mudaram, e também uma realidade socioeconómica que talvez não permita que o porquinho fique bem recheado ao longo de um tempo de vida ativa, como ficava noutras eras. Neste Vox Pop, temos uma amostra disso mesmo e dá para perceber como a idade e a situação social em que cada um se encontra, tem por detrás uma filosofia de vida diferente. Não será melhor, nem pior, apenas diferente.

 

Filipe B. – 35 anos

Apesar de ainda estares na casa dos 30 anos… preocupas-te com fazer um pé-de-meia para a tua reforma?
Bem que gostaria, mas isto não está fácil. Está tudo muito mais caro e por isso a minha grande preocupação é garantir que não falta nada aos meus 3 filhos. Também fico um pouco menos preocupado porque, felizmente, tenho na empresa onde trabalho um bom plano de reforma e a minha mulher também.

Mas o que achas do sistema canadiano de pensões?
Sinceramente, acho que devia ser revisto. Há muita gente a passar mal na velhice. Isso é triste. Eles até podem ter uma casa que valha muito dinheiro, mas o que fazem com isso? Vendem e vão viver onde? E o dinheiro que se junta ao longo da vida, acaba por se ir gastando.
Mas também é verdade que ninguém foi enganado… toda a gente que vive e trabalha no Canadá, há muitos anos, sabe que a reforma aqui não dá para nada. Por isso, muitos voltam para Portugal…

Mesmo tendo a segurança da reforma através do plano da empresa, já alguma vez pensaste em recorrer a um Finantial Planner para te ajudar a ver se o que vais ter de reforma vai ser suficiente?
Eu quando preciso de algo, recorro a um amigo que trabalha nessa área. Mas como já disse, infelizmente, com tudo tão caro, a casa para pagar etc., não há margem para fazer investimentos ou poupanças.

 

Fernando S. – 72 anos

O Sr. Fernando está na reforma há já uns 10 anos. Como classifica o valor que recebe do Estado, todos os meses?
Uma miséria (risos). Estava bem arranjado se tivesse que viver daquilo. Mesmo tendo a minha casa paga, só para alimentação e outras coisas que a velhice exige… a reforma vai-se num instante. Felizmente, eu tenho uma boa reforma graças à empresa onde trabalhei toda a vida. E também fiz as minhas poupanças…

Mas quando era ainda um trabalhador no ativo o Sr. tinha a preocupação de fazer um pé-de-meia para ter uma velhice sossegada?
Sabe eu venho de um tempo em que, às vezes, não havia nada para comer em cima da mesa, por isso quando comecei a ganhar algum dinheiro sempre quis poupar e guardar para as minhas necessidades. Comprei a minha casa, mas consegui poupar sempre algum. Isso tem a ver com o não querer passar outra vez necessidades. E graças a Deus consegui. Não sou rico, mas não me falta nada.

Do que se apercebe, os jovens de hoje têm essa preocupação?
Sinceramente, acho que não, mas também percebo que se eles quiserem comprar uma casa, um carro… sobra pouco para poupar. Mas também eles hoje têm outra mentalidade. Pensam mais em viver agora, em vez de se preocuparem com o amanhã. Se calhar eles é que estão certos (risos). A verdade é que ninguém sabe quantos anos vai andar por cá, para se gozar da reforma e do dinheiro que juntou.

 

Maria S. – 50 anos

A reforma é um período da vida que anseia, mas também a preocupa?
Olhe é exatamente isso. Por um lado, estou já ansiosa para chegar lá – estou cansada de trabalhar, mas por outro lado tenho medo de o facto de ficar reformada e acabar por me aborrecer. Tenho medo que a reforma não se encaixe na pessoa que sou. Não gosto de estar sem fazer nada.

E financeiramente, como acha que vai ser a sua reforma?
Pois, esse é outro problema. Isso preocupa-me bastante, porque eu não tenho seguro de reforma, nem no sítio onde trabalho, nem consegui nos anos em que estou aqui, juntar dinheiro, sou sincera. Com as despesas que tenho, por mais que trabalhe… não estou a conseguir. E, pelo que me dizem as pessoas que estão já reformadas e trabalharam a vida inteira, a reforma aqui é muito baixinha. Não dá para nada.

Mas já procurou ajuda de um profissional – um Finantial Planner?
Eu não. Então isso ainda era para gastar mais dinheiro (risos). Olhe, vamos andando e logo se vê. Alguma coisa se há-de arranjar. Eu trabalhei uns anos em Portugal, antes de vir para aqui, acho que também devo ter direito a reforma lá, pode ser que juntando as duas já dê para viver.

 

Jenny C. – 21 anos

Estás a começar agora a tua vida de trabalho, em algum momento pensas em juntar dinheiro para quando fores para a reforma?
Sinceramente, não! Neste momento, queria ter a minha casa. Essa é a minha preocupação, mas está tão difícil que nem sei se alguma vez vou conseguir. Depois quero ter o meu dinheiro para poder fazer umas férias de vez em quando e sair quando me apetecer com os meus amigos. A reforma ainda vem muito longe. Não me preocupa agora.

Mas sabes pelo menos os valores aproximados da reforma no Canadá?
Sei que não dá para viver neste país. Mas pronto quando for mais velha tenho tempo de me preocupar com isso. Agora não.

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