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Os apelos à vacinação das entidades gestoras da saúde pública no Canadá, e em particular no Ontário, têm sido dirigidos principalmente à comunidade homossexual. O argumento assenta no facto dos casos de mpox existentes no país estarem a atingir, na sua maioria, a comunidade gay. Este facto tem vindo a causar desconforto aos membros da comunidade LGBT por se sentirem, de novo, estigmatizados de forma que consideram injusta, uma vez que a doença pode atingir várias pessoas com a mais variada orientação sexual, idade ou classe social. Também tem sido recorrente na comunicação social surgirem queixas relativamente à dificuldade de agendamento da vacina que pode evitar a contaminação. Neste enquadramento, pareceu-nos útil ouvir o que têm a dizer e como se sentem relativamente a este assunto algumas pessoas homossexuais. Aqui estão os seus testemunhos.
MB/MS

 

Juliano Viudes Moraes, 35 anos
Assistente de Fisioterapia

1. A Toronto Public Health tem vindo a pedir à comunidade gay para se vacinar contra a Mpox, devido ao número de casos que têm vindo a aumentar. Este apelo preocupa-o, de algum modo?
Na verdade, não me preocupa, pois, estou em um relacionamento fechado com meu parceiro há mais de 2 anos.

2. Há nalguns jornais relatos de pessoas que querem vacinar-se e não estão a conseguir agendamento. Esta é uma preocupação, neste momento, para a comunidade gay?
Eu acredito que se torna uma preocupação maior para as pessoas que tem uma vida sexual ativa com diferentes parceiros. Além disso, quando o ato sexual é feito sem proteção o risco de contrair doenças é muito maior seja no meio LGBTQ+ ou entre heterossexuais.

3. Esta doença e o facto de no Canadá estar a afetar essencialmente a comunidade gay, pode aumentar o estigma sobre os homossexuais?
Com certeza, este estigma pode aumentar o preconceito na comunidade LGBT, por isso que é fundamental investir em ações preventivas para o ato sexual seguro.

4. Acha que tem sido devidamente divulgada informação sobre a doença e os cuidados a ter para evitar a contaminação?
Acredito que por mais que tenha sido falado a respeito, é sempre bom disseminar mais informações em diferentes meios de comunicação. Quanto mais esclarecimento as pessoas tiverem menos risco terão não só a comunidade LGBTQ+, mas também entre os heterossexuais.

 

Jacque Heri, 37 anos
coordinator general International Students

1. A Toronto Public Health tem vindo a pedir à comunidade gay para se vacinar contra a Mpox, devido ao número de casos que têm vindo a aumentar. Este apelo preocupa-o, de algum modo?
Pessoalmente isso não me preocupa porque eu e meu namorado só temos relações sexuais entre a gente. Porém, quando falamos das outras pessoas da comunidade, isso pode afetar a imagem dos homossexuais, associando esse grupo aos fatores de risco.

2. Há nalguns jornais relatos de pessoas que querem vacinar-se e não estão a conseguir agendamento. Esta é uma preocupação, neste momento, para a comunidade gay?
Isso pode sim ser preocupante, principalmente para as pessoas que estão mais vulneráveis.

3. Esta doença e o facto de no Canadá estar a afetar essencialmente a comunidade gay, pode aumentar o estigma sobre os homossexuais?
Eu acredito que isso possa sim aumentar o estigma sobre os homossexuais.

4. Acha que tem sido devidamente divulgada informação sobre a doença e os cuidados a ter para evitar a contaminação?
Mais informações poderiam ser divulgadas sobre a doença e os cuidados que deveríamos ter.

 

Patryck Pontes, 27 anos
médico em residência em Hamilton

1. A Toronto Public Health tem vindo a pedir à comunidade gay para se vacinar contra a Mpox, devido ao número de casos que têm vindo a aumentar. Este apelo preocupa-o, de algum modo?
O apelo não me preocupa. O que me preocupa é esse apelo não se estender a outros grupos que igualmente ofereceriam os mesmos fatores de riscos. Porém, identifico um problema claro em uma recomendação como esta que associa fatores de risco a um grupo populacional. O ideal seria a recomendação para diversos grupos que se encaixassem em um padrão de transmissibilidade ao invés de resumir uma minoria a um vetor de doenças, o que nas entrelinhas parece pressupor.

2. Há nalguns jornais relatos de pessoas que querem vacinar-se e não estão a conseguir agendamento. Esta é uma preocupação, neste momento, para a comunidade gay?
É uma preocupação para todos os grupos que poderiam ser afetados pela falta de vacinação. Não apenas à comunidade LGBT. Ser LGBT não aumenta seu risco de contrair uma doença, mas o seu comportamento preventivo sim; e isto independente de fazer ou não parte da comunidade.

3. Esta doença e o facto de no Canadá estar a afetar essencialmente a comunidade gay, pode aumentar o estigma sobre os homossexuais?
Sim, assim como houve em uma escala muito maior durante a propagação inicial do vírus do HIV. Temos as repercussões negativas do estigma existindo até os dias de hoje dentro da população LGBTQIA+.

4. Acha que tem sido devidamente divulgada informação sobre a doença e os cuidados a ter para evitar a contaminação?
Informação nunca é demais. Por mais que alguns veículos estejam falando sobre o assunto, acho que quanto mais relevância tiver, maior a oportunidade de criar-se uma conscientização para evitar a propagação da doença.

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