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Saúde

Se há assunto que, de forma transversal, interessa a todos e todos têm opinião é, sem dúvida, a saúde. Todos, mais novos ou mais velhos, em algum momento da vida precisamos de cuidados médicos. Por isso, procurámos saber qual a opinião de quem usa o Serviço de Saúde de Ontário sobre o que lhes é oferecido – nível de qualidade e grau de satisfação. No fundo queremos entender se estão satisfeitos ou não com o sistema existente, se existem queixas, se acreditam merecer mais e melhor, de que forma se poderia melhorar o que já existe e se, dentro daquilo a que já têm direito, há algo que considerem essencial manter. Aqui ficam as opiniões recolhidas.

José Gomes

Sente-se apoiado pelo sistema de saúde?

O nosso sistema de saúde é bom, o único problema é as longas esperas nas salas de emergência e também muito tempo à espera de ser visto por um especialista.

Que queixas tem?

As queixas são os médicos – são bons só que quando não se tem ferramentas para fazer o trabalho torna-se chato, pois não há máquinas e técnicos para as usar, como acontece com MRI,CT e outros tipos de testes. Aí torna-se chato. É quase impossível fazer o trabalho.

O que deve ser melhorado?

O nosso sistema de saúde tem um grande problema: é que nós temos médicos e hospitais, mas não temos pharmacare – ou seja, por exemplo, se tu fores ao médico e o teu problema for colesterol, os medicamentos podem custar mais de $300 e se tu não podes pagar esse valor, não os compras e vais acabar no hospital, e aí ainda vai atrapalhar mais e custar mais ao governo (as nossas taxas).

O que não se pode perder?

Não se devia perder muitos bons especialistas e médicos que estudam aqui e vão trabalhar para outros países, porque têm melhores salários e condições de poderem fazer o trabalho deles.

Ludovina Pombo

Sente-se apoiada pelo sistema de saúde?

Sim sinto-me apoiada, sempre que preciso de médico tenho e especialistas também.

Que queixas tem?

Acho que a minha queixa passa pelo tempo que se demora para arranjar consulta com os especialistas.

O que deve ser melhorado?

O governo devia investir em mais máquinas nos hospitais e assim as listas de espera diminuíam.

O que não se pode perder?

Não podemos perder os médicos, as enfermeiras, camas suficientes para os doentes e o sistema de saúde que é pago pelo público.

Rayanna Leite

Sente-se apoiada pelo sistema de saúde?

Sim, sinto-me apoiada. Porém reconheço algumas falhas no sistema.

Que queixas tem?

Acredito que eu devia ter acesso a especialistas com mais facilidade- se eu quero ir ao ginecologista, acho que deveria ter a liberdade de procurar um ginecologista mesmo sem ter o a autorização de outro médico. Também acredito que um papanicolau é necessário pelo menos uma vez por ano e não a cada três, como agora acontece porque foi mudado. Acho que existe um certo descaso aquando examinam pacientes.

O que deve ser melhorado?

Acredito que isso devia mudar, assim como a burocracia para fazer exames e o tempo de espera para conseguir um médico de família.

O que não se pode perder?

Não podemos perder a gratuidade desse serviço público. Saúde pública é de imensa importância para a sociedade em geral. Principalmente para famílias mais pobres que não podem pagar por nenhum desses serviços particulares.

Telma Mendes

Sente-se apoiada pelo sistema de saúde?

Até agora não tenho razões de queixa, mas há pessoas que têm, como é o caso, por exemplo, dos pais da Eva, aquela bebé que está a precisar desesperadamente duma vacina para conseguir viver.

Que queixas tem?

Há várias coisas que não são comparticipadas e que deviam ser. Pagamos tanto dinheiro para o governo e não temos a saúde 100% comparticipada. Acho que deviam rever isso.

O que deve ser melhorado?

O tempo de espera nos hospitais. É horrível! Sinceramente acho inaceitável que numa emergência médica não se dê prioridade às crianças e bebés, por exemplo. Para além das horas de espera, estão ali expostos às mais diversas bactérias.

O que não se pode perder?

Eu acho que não podemos perder o que já temos – ir a um hospital e não ter que pagar, ou a um médico de família. Algo que não acontece noutros países. Mas temos coisas a melhorar.

Mónica Teixeira

Sente-se apoiada pelo sistema de saúde?

Sim. Sempre que precisei de serviços médicos fui sempre bem servida e esclarecida sobre tudo.

Que queixas tem?

A única queixa que tenho diz respeito aos preços de medicamentos que não são totalmente comparticipados. São extremamente caros caso não sejam cobertos pelo OHIP ou se não tivermos seguros de saúde pessoais.

O que deve ser melhorado?

Algumas infraestruturas públicas, nomeadamente hospitais. Apesar dos serviços funcionarem, nem sempre os espaços oferecem as melhores condições de conforto.

Hélder Botas

Sente-se apoiado pelo sistema de saúde?

O sistema de saúde não é muito eficaz, espero mesmo até à última para procurar um médico ou para me deslocar à emergência, porque infelizmente demora demasiado tempo até sermos atendidos, por vezes as dores passam enquanto estamos na sala de espera. Mas também sei que grande parte do problema é porque há muita gente que se dirige a centros de saúde pela mínima coisa, o que faz com que o sistema comece a transbordar. A verdade é que se houver/houvesse um sistema tipo o de Portugal e dos Estados Unidos da América, onde as pessoas que monetariamente podem serem atendidos num privado, talvez ajudasse aqueles que não podem – isto porque aliviava talvez 30% do congestionamento nas salas de espera de emergência pública.

Numa emergência não se devia ter de esperar três horas para ser diagnosticado e depois mais três horas no tal chamado “Fast Track” para entrar num quarto para esperar outra hora para ver o médico por cinco minutos.

Que queixas tem?

Esta semana estive no hospital com alguém e reparei que desde a entrada até à secretaria e da enfermeira ao médico não havia qualquer demonstração de preocupação entre eles – era como se estivessem ali só a cumprir o horário.

Durante as três horas que lá estive vi uns na brincadeira, outros ao telefone, outros no namoro, outros preocupados em fazer o pedido do Tim Hortons… nem sei porque chamam “emergência” aquilo. Para mim emergência é tipo como nós vemos nos filmes antigos de guerra, em que os soldados feridos vinham vindo e os enfermeiros mostravam claramente que estavam preocupados com a situação e a queriam resolver – não só resolver aquela, como todas as outras.

Talvez a razão de não se importarem é porque provavelmente não são pagos de acordo com o que deviam… Eu até penso que o sítio de emergências do hospital devia funcionar tipo restaurante, onde se tenta servir o mais rápido possível e no fim as gorjetas eram divididas por igual… Imagina se fossem pagos por cada pessoa que fosse servida, que nós aqui chamamos “piece work”, aquilo estava sempre vazio e andava rápido, porque assim tinham um incentivo para ganhar mais.

O que deve ser melhorado?

Eu acho que devia haver mais médicos nas emergências, mais enfermeiras e um sistema onde logo à entrada houvesse alguém que visualmente conseguisse distinguir se o caso é urgente ou não. Por exemplo, direita ou esquerda: direita iriam casos visualmente urgentes ou de ação rápida necessária (a sangrar, algo partido, dificuldade na respiração, etc.), para a esquerda iriam pessoas que tem uma dor aqui ou acolá, vómitos, gripe, etc.

Crianças e idosos primeiro, dentro das medidas, depois o resto.

Clínicas públicas haviam de ter horários mais tardios, por exemplo até à meia-noite, porque normalmente a partir das 5pm está tudo fechado, o que obriga as pessoas com problemas “mínimos” a irem às emergências.

Escolas e lares de idosos deviam informar os miúdos e os idosos como diagnosticar emergências e casos normais, acho que por vezes as pessoas não sabem distinguir.

Catarina Balça/MS

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