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Vox Pop

Um país é muito mais do que um território. Um país são as pessoas que o habitam e constroem. No caso do Canadá, este território foi acolhendo ao longo da sua história pessoas que o enriqueceram com a diversidade de culturas e tradições. Esta multiculturalidade, de que tanto se fala, torna-o diferente, mesmo único. O Canadá é hoje o país de acolhimento de muitos e muitas que, ainda que reconhecidos pelas oportunidades que aqui têm encontrado, sabem melhor que ninguém avaliar os prós e os contras da nação que agora é também a sua. Nesta edição do Milénio Stadium, que celebra os 153 anos do Canadá, quisemos perceber como ele é visto por quem cá vive, que diferenças encontram entre o que vivenciam hoje e o que recordam do passado, como olham para a atuação de quem nos gere os destinos, particularmente, nestes tempos tão desafiadores e incertos de pandemia mundial. Ficam as respostas que nos deixam pistas para reflexão. Feliz Dia do Canadá!

Hélder Botas

Milénio Stadium: Porque escolheu o Canadá para viver?

HB: Não fui eu que escolhi propriamente, foram os meus pais que tomaram essa decisão. A razão deles era para poder dar aos filhos um futuro melhor. Se não tivessem vindo, em vez de sermos donos de uma companhia de eletricidade e sermos eletricistas, talvez tivéssemos sido pescadores tal como o meu pai era e íamos andar embarcados no mar durante meses em vão.

MS: Como vê o país hoje?

HB: Mais avançado tecnicamente, a cultura mudou um pouco, pois antes era um país com bases mais europeias e sul-americanas, hoje tem mais fluxo de população do norte e sul asiático. Quanto a ser um país seguro, acho que tem baixado nesse escalão e está um pouco abaixo do nível global que deveria estar, acho que a população em geral sente-se mais insegura do que há 25 anos atrás.

MS: Como avalia a atuação dos governos provinciais e federal na gestão da pandemia e da crise que ela está a criar?

HB: Acho que houve um grande falhanço do Governo, acho que ponderaram por muito tempo à espera da reação dos outros países e não tomaram iniciativa própria para agir em prol da segurança dos cidadãos canadianos. Quando entraram em lock down não foi por completo, o que acho que fez piorar as coisas. Na minha opinião deviam ter avisado o público para se abastecerem para um mês, depois deviam ter mandado ficar todos em casa por esse tempo, só deixar abertos escritórios de emergência e segurança, e fechar as fronteiras completamente. Se tivessem forçado o “ficar em casa” acho que já tínhamos reaberto o país em abril, em vez de ainda estarmos à espera.

MS: Se pudesse mudar alguma coisa no país o que seria?

HB: Nada teria de mudar muito, acho que simplesmente o país devia voltar às suas origens, que o levou a ser quem era, pois acho que éramos mais independentes antigamente e tínhamos uma identidade. Hoje acho que tentamos mudar demais e perdemos ao longo dos anos – estamos a mudar quem somos para agradar a quem não nos respeita.


Maria Oliveira

Milénio Stadium: Porque escolheu o Canadá para viver?

MO: Eu não escolhi propriamente, o meu pai é que fez essa escolha. Ele veio primeiro e depois decidiu chamar a minha mãe para cá e viemos todos – ela, eu e os meus três irmãos. Mas gostei! Claro que era um país diferente de Portugal, muito maior, com coisas que lá não tínhamos, mas também não posso dizer que foi uma adaptação fácil. No início foi muito difícil para mim. Foram várias as vezes que pensei em voltar para o meu país, mas depois com o tempo acabei por gostar. Acho que todos nós tivemos oportunidades aqui que, muito provavelmente, em Portugal não tínhamos.

MS: Como vê o país hoje?

MO: Hoje vejo o país um bocadinho diferente daquilo que era. Eu cheguei cá há 40 anos. Antigamente ganhava-se menos, mas eu acho que o nível de vida nos permitia poupar mais e comprar mais com o dinheiro que se fazia na altura. Além disso, a segurança também mudou: eu antes, até solteira ainda, andava na rua sozinha, até às tantas, chegava tarde, e não tinha medo, algo que hoje não acontece, não sei sinceramente se era capaz de andar por aí à noite sozinha sem receios. Acho que há mais violência agora, antes não era assim, não se ouvia falar das coisas que hoje se ouve, incluindo a quantidade de mortes que hoje acontecem. Talvez porque agora também há muito mais população do que há 30 ou 40 anos atrás.

MS: Como avalia a atuação dos governos provinciais e federal na gestão da pandemia e da crise que ela está a criar?

MO: Eu acho que se formos a comparar com outros países, o Canadá até tem agido bem. Podemos até comparar aqui com os Estados Unidos e aí vemos que até temos estado muito bem. Podiam, no entanto, ter começado a tomar providências mais cedo. Mas também, sinceramente, eles ditam certas regras e tanto as pessoas como as autoridades, não me parece que tenham feito as coisas a 100%. Às vezes há tanta gente num sítio reunida e passa a polícia, passam três, quatro, cinco polícias, e não fazem nem dizem nada. A nível de apoios financeiros, acho que apoiaram muito a população, de tal forma que eu acho que as pessoas até têm abusado um bocadinho do sistema – há muita gente que fez as aplicações para receber os subsídios e que nem precisam deles.

MS: Se pudesse mudar alguma coisa no país o que seria?

MO: Eu se fosse política, por exemplo, e tivesse a possibilidade de mudar alguma coisa, começava por algo muito simples: quem vem para este país tem que seguir as regras deste país. Porque se formos aos outros países também temos que seguir as regras deles. Eu não concordo que o Canadá se tenha que adaptar a quem cá chega e quer ditar as normas, ou porque no país de onde vieram era assim ou porque a religião que seguem é assado. Querem vir para cá, ótimo, mas seguem as leis porque se cá estão é porque querem. Outra coisa que eu talvez também mudasse era a forma como gastam tanto dinheiro em certos eventos só porque somos um país multicultural – ou é porque é Dia de Portugal e celebra-se o Dia de Portugal, ou porque amanhã é Dia da Itália e celebra-se o Dia da Itália, no dia seguinte de outro país e depois de outro, e, entretanto, gastam-se milhares e milhares de dólares com isso.


Nellie Dos Santos

Milénio Stadium: Porque escolheu o Canadá para viver?

NS: I moved to Canada from a small portuguese island because my parents wanted a better life and felt there were more opportunities for them & their children’s future.

MS: Como vê o país hoje?

NS: Canada is my home and I love living here. I am very grateful for the sacrifices that my parents made relocating the family. It gave me great opportunities to learn & grow as a person. I created my own family & I see that this was a great place for my children to grow. They have more chances of pursuing their dreams.

MS: Como avalia a atuação dos governos provinciais e federal na gestão da pandemia e da crise que ela está a criar?

NS: Comparing Canada to other countries I feel that the government is handling it very well. In my opinion I see that we are being informed and not left in the dark. I think the measures that they had put in place were a smart move on their part and I see that they are doing everything they can to keep their citizens safe. In regards to all the provided funding I do feel that this is debt my children and grandchildren will be paying for a long time.

MS: Se pudesse mudar alguma coisa no país o que seria?

NS: If I had to change something in this country It would be that we all live in peace & harmony. I would like to see everyone treated with dignity and respect.


Lina da Cruz

Milénio Stadium: Porque escolheu o Canadá para viver?

LC: Primeiro para ter uma vida melhor e depois para dar conseguir ter o meu “dream job” que era tomar conta de crianças. Vim para cá com um contrato para tomar conta de duas meninas, algo que eu sempre quis, porque adoro crianças.

MS: Como vê o país hoje?

LC: Na altura era mais nova, tudo novo, sem responsabilidades, mas hoje em dia é muito diferente em todos os aspetos. Começando pela liberdade – na altura, tanto nos dias quanto nas noitadas, havia mais segurança, não havia tanta violência. Para além do custo de vida que, entretanto, aumentou muito. Para mim, Portugal é o meu país, mas adoro o Canadá.

MS: Como avalia a atuação dos governos provinciais e federal na gestão da pandemia e da crise que ela está a criar?

LC: Eu penso que bem, mas nós temos que fazer a nossa parte em todos os aspetos, porque senão o que o Governo impõe não tem significado ou valor. No fim, a economia e a crise pouco se pode evitar. Talvez se conseguisse aliviar se muitos não tirassem vantagem dos subsídios, porque há muita fraude, mas não podemos evitar uns aninhos que virão muito “apertadinhos”, só temos que fazer o nosso melhor.

MS: Se pudesse mudar alguma coisa no país o que seria?

LC: Eu penso que todos nós é que teríamos de mudar. Não sei, há tanta coisa, mas hoje em dia não é só um Governo que pode fazer um país melhor, mas sim todos nós, penso eu.


Vitória Miranda

Milénio Stadium: Porque escolheu o Canadá para viver?

VM: Eu vim para cá à procura de uma vida melhor. Tinha em mente que queria ter a possibilidade de dar coisas às minhas filhas que em Portugal era impossível para mim, como é o caso da Universidade.

MS: Como vê o país hoje?

VM: Quando eu vim sentia-me mais segura do que agora. A nível de segurança pública, antes não tinha medo de coisas que agora estão a acontecer e que na altura não aconteciam, nomeadamente no que diz respeito a violência.

MS: Como avalia a atuação dos governos provinciais e federal na gestão da pandemia e da crise que ela está a criar?

VM: Na minha opinião acho que estão a gerir bem, ajudaram bastante as pessoas. Há vários países onde isso não aconteceu (Portugal por exemplo). Aqui as pessoas ficaram em casa, mas com apoios. No entanto, o que eu considero que esteja a ser uma falha é o facto de não ser mandatário o uso de máscara.

MS: Se pudesse mudar alguma coisa no país o que seria?

VM: Eu acho que optava por ter mais polícia, para não haver tanta violência. Isto antigamente não era assim, era mesmo muito mais seguro, eu sentia-me bem – eu podia estar sentada à meia-noite cá fora que não tinha nenhum medo e atualmente não. Portanto acho que seria por aí, mais investimento na nossa segurança.


Connie Oliveira

Milénio Stadium: Porque escolheu o Canadá para viver?

CO: O Canadá é um dos melhores países para se viver. Oferece educação de alta qualidade, trabalho e possibilidade de empreendedorismo. Tem um sistema de saúde muito bom, segurança e um custo de vida mais ou menos.

MS: Como vê o país hoje?

CO: Eu vejo o Canadá como sendo um dos melhores países para se viver e está cheio de oportunidades, desde que as pessoas não sejam preguiçosas.

MS: Como avalia a atuação dos governos provinciais e federal na gestão da pandemia e da crise que ela está a criar?

CO: Eu acho que os governos, tanto provinciais como federal, estão a lidar com esta epidemia de forma muito eficaz – tanto na proteção e segurança dos canadianos, como a nível de saúde e também trabalho.

MS: Se pudesse mudar alguma coisa no país o que seria?

CO: No Canadá eu mudaria a imigração: daria um certo tempo para que todos os imigrantes chegados ao Canadá arranjassem trabalho ou, caso contrário, seriam deportados para os seus países. Além disso, aplicava um aumento salarial a certos, muitos, trabalhos.

Catarina Balça/MS

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