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Volta às aulas: nossos estudantes estão seguros?

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Créditos: DR.

Depois de um ano letivo atípico, marcado pela interrupção das aulas presenciais devido à pandemia, e que acabou sendo concluído de maneira virtual, é hora de retornar às aulas presenciais e começar o ano letivo 2021/22, que se espera seja mais tranquilo e sem tantos impactos na vida escolar das crianças e adolescentes de Ontário. A retomada das atividades escolares, dessa vez 100% presencial como anunciado pelo Governo de Ontário, acontece em setembro, e é cercada de expectativa entre pais e alunos. Na mochila os estudantes levam, além dos cadernos, lápis e borracha, sentimentos de alegria por reencontrar os amigos e professores e de ansiedade pela retomada de uma suposta “normalidade”, porém cheia de adaptações e regras. Os pais também lidam com uma mistura de sentimentos, para muitos o retorno dos filhos ao ambiente escolar é sinônimo de alívio e facilita o dia a dia familiar, mas claro, o receio de possíveis contaminações também é constante, já que como sabemos, a variante delta é uma ameaça real e responsável pela quarta onda da pandemia.   

Para diversos especialistas em saúde mental a retomada das aulas, embora possa apresentar um risco de infecção, é necessária e fundamental para garantir a saúde mental das crianças e adolescentes, que diversos estudos apontaram que foi amplamente comprometida no último ano letivo. Um dos estudos feito pelo Hospital SickKids de Toronto, divulgado no passado mês de julho, apontou que metade das 758 crianças com idades entre oito e 12 anos ouvidas e 70% dos 520 adolescentes entrevistados tiveram sintomas depressivos entre os meses de fevereiro e março de 2021.

Mesmo diante desse dilema, de mandar os filhos para um ambiente onde o convívio é intenso e muitos não estão vacinados- no Canadá apenas as crianças a partir 12 anos são elegíveis para receber a imunização- dados oficiais mostram que grande parte das famílias de Ontário optou pelo retorno presencial. O Conselho Escolar do Distrito de Toronto, o maior da província, apontou que apenas cerca de 14% de seus alunos optaram por não retornar ao ensino presencial e o Conselho Escolar do Distrito de Peel, uma das regiões mais atingidas pela Covid-19, divulgou que 18% dos estudantes do ensino básico e 20% do secundário vão estudar a partir de casa.

Para essa volta às aulas o Ministério da Saúde provincial anunciou na semana passada (17 de agosto) que todos os profissionais da Educação, incluindo professores e funcionários de escolas, vão precisar apresentar uma prova de vacinação ou serem submetidos a testes Covid-19 de forma regular para exercerem as atividades. Apesar da pressão de diversos setores isso significa que a vacina não é uma exigência.

No início do mês o Governo de Ontário divulgou o seu plano de volta às aulas, um documento de 26 páginas no qual aborda as estratégias adotadas para essa retomada. Essa será a primeira vez que os estudantes do ensino secundário retornarão à escola cinco dias por semana desde o início da pandemia. No ano passado, foi usado um modelo de divisão em que eles assistiam às aulas presenciais em horários alternados. As máscaras vão continuar sendo obrigatórias entre aqueles da 1ª à 12ª série, no entanto eles poderão tirá-las para se envolver em atividades físicas internas de baixo contato. Embora as turmas não sejam reduzidas o distanciamento entre os alunos segue obrigatório. As classes do jardim de infância não serão obrigadas a usar máscaras, apesar de serem aconselhadas. As viagens de campo, assembleias escolares e atividades extracurriculares serão permitidas em todas as séries. A prática de esportes dentro de ginásios e as aulas de música serão permitidas, com certas precauções. A testagem de assintomáticos não será mais rotineira.

Em relação à estrutura das escolas, a melhoria do sistema de ventilação foi amplamente divulgada pelo governo, que investiu mais de 600 milhões de dólares na compra de aparelhos de filtragem de ar e melhorias dos já existentes. 

Essas regras adotadas pela província foram vistas por alguns como permissivas demais, por isso, depois de uma reunião o comitê do Toronto District School Board anunciou que irá ser mais rigoroso em relação a vários itens apresentados. Entre eles decidiu proibir aulas de canto sem máscara em ambientes fechados, grandes assembleias em ginásios e ainda está considerando como vai permitir a prática de esportes de alto contato e outras atividades extracurriculares em ambientes fechados. Em relação ao sistema de ventilação, uma área-chave do plano provincial deste ano, o TDSB diz que terá filtros de ar HEPA (de alta eficácia) em todas as salas, mesmo aquelas que já tenham ventilação mecânica central.

À medida que os dias passam e se aproxima a data do retorno às aulas, entidades alertam e pressionam o governo para os riscos de retomada das atividades em meio a quarta vaga da pandemia, que vem elevando os números de infecções diárias e lentamente as internações hospitalares. O grupo de especialistas People for Education enviou uma carta aberta ao ministro da Educação Stephen Lecce e à Ministra da Saúde Christine Elliott pedindo-lhes para adicionar “imediatamente” a COVID-19 à lista de doenças para as quais a vacinação entre os alunos é exigida pela Lei de Imunização de Alunos de Ontário. Num relatório divulgado nesta semana (25 de agosto), a Public Health Ontario alertou que alcançar a imunidade coletiva contra o coronavírus não será possível sem uma vacina aprovada para crianças menores de 12 anos. Segundo especialistas os testes nesse grupo estão em andamento e ainda levarão meses para se terem respostas concretas. A sugestão é de ampliar as medidas de segurança nas escolas primarias, onde os alunos ainda não estão imunizados. Garantir a vacinação dos pais dessas crianças também e prioritário, segundo a Public Health Ontario.

Diante desse cenário, de incertezas e questionamentos, as famílias de Ontário se preparam para voltar às aulas e apenas depois que esse retorno acontecer é que de fato saberemos do impacto desse retorno na saúde publica como um todo e quais medidas serão mantidas ou revistas para assegurar que esse ano seja um ano letivo mais proveitoso, seguro e feliz para toda a comunidade escolar da província.

Lizandra Ongaratto/MS

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