Vereador Brad Bradford: Uma visão crítica sobre o aumento do imposto predial e a gestão financeira da cidade

Na última semana, a Câmara Municipal de Toronto aprovou o orçamento municipal de 2025, o maior da história da cidade, com um valor recorde de 18,8 mil milhões de dólares. Brad Bradford, vereador da Câmara Municipal, tem vindo a público manifestar o seu desagrado e preocupação com o aumento do imposto predial proposto pela Presidente da Câmara, Olivia Chow. Esse aumento, de 6,9%, foi aprovado com uma votação de 19 contra 5, escusado será dizer que Bradford se posicionou de forma firme contra essa medida, questionando a maneira como os recursos públicos estão a ser geridos.
Em relação à proposta e à aprovação do orçamento, Brad Braford afirmou ao Milénio Stadium que “nunca foi tão caro viver em Toronto. Foi por isso que votei contra o aumento de 6,9% do imposto predial proposto pela Presidente da Câmara Chow e manifestei a minha preocupação com a falta de responsabilidade, poupança e otimização dos recursos no orçamento deste ano”. Crítico o vereador sublinhou ainda que a cidade já enfrenta uma realidade financeira difícil e que, no seu entendimento, o aumento do imposto predial é uma medida equivocada diante do cenário atual.

Nos últimos três anos, os torontonianos já viram as suas faturas de imposto predial aumentarem em 25%. Isso significa que, em termos absolutos, os moradores de Toronto têm pagado significativamente mais impostos sobre as suas propriedades, o que, para muitos, representa um fardo financeiro crescente. Bradford acredita que, ao mesmo tempo que os cidadãos pagam mais, a cidade não tem apresentado melhorias proporcionais. “Quando olhamos para a cidade, é evidente que Toronto não melhorou 25%. Os torontonianos não estão a receber o valor do seu dinheiro – estão a pagar mais e a receber o mesmo ou menos”, afirmou o vereador, apontando que o aumento da carga tributária não está refletido numa melhoria real nos serviços ou na infraestrutura da cidade.
Essa afirmação de Bradford toca num ponto sensível para muitos residentes de Toronto: a perceção de que, apesar dos impostos mais altos, os serviços municipais, como a manutenção das ruas, transporte público e segurança, não têm acompanhado o ritmo de aumento das taxas. De acordo com Brad Bradford, o aumento do imposto predial não pode ser justificado se os resultados tangíveis não forem visíveis na vida quotidiana dos torontonianos.
Outro aspeto que o vereador Bradford criticou foi a abordagem da administração de Olivia Chow em relação à gestão financeira da cidade. Na sua análise detalhada do orçamento, Bradford apontou que a administração da presidente da Câmara conseguiu identificar apenas 41 milhões de dólares em eficiências, o que ele considerou insuficiente diante do tamanho do orçamento de 18,8 mil milhões de dólares. “É evidente que esta administração sabe como tributar, mas a Presidente Chow não provou que sabe como poupar”, afirmou o vereador.
Bradford argumenta que a administração de Chow se tem concentrado muito mais em aumentar os impostos do que em otimizar os recursos públicos e buscar formas de reduzir os custos operacionais. Para ele, essa abordagem não é sustentável a longo prazo e acaba por apenas sobrecarregar os residentes da cidade. O vereador acredita que a solução não deve ser a constante elevação de impostos e taxas, mas sim a busca por eficiências e por uma gestão mais responsável dos recursos municipais.
Bradford também se mostra preocupado com o impacto que o aumento do imposto predial terá sobre a acessibilidade de vida em Toronto, especialmente num momento de incerteza económica. “A nível municipal, não podemos controlar o custo das compras, do gás ou do aquecimento. Mas uma coisa que fazemos na Câmara Municipal é controlar a fatura do imposto sobre a propriedade”, disse o vereador, destacando que uma das únicas ferramentas que o governo municipal tem para melhorar a acessibilidade dos cidadãos é o controle dos impostos.
Com a previsão de aumentos nas tarifas de serviços e uma economia ainda instável, Bradford acredita que o aumento do imposto predial será um peso adicional para muitos torontonianos. O vereador defende que a cidade deveria focar-se em tornar a vida mais acessível para seus residentes, não mais cara. Em vez de buscar soluções fáceis através do aumento de impostos, Bradford sugere que a Câmara Municipal de Toronto deveria concentrar esforços em reduzir desperdícios e encontrar formas mais eficientes de utilizar os recursos existentes.
A crítica de Brad Bradford ao orçamento de 2025 reflete um sentimento crescente entre uma parcela dos torontonianos, que estão insatisfeitos com o impacto financeiro de um aumento contínuo no custo de vida. Embora a cidade de Toronto seja uma das mais dinâmicas e cosmopolitas do mundo, ela também enfrenta desafios significativos relacionados com a habitação, infraestruturas e desigualdade social. Para muitos, a abordagem de aumentar impostos para financiar o orçamento não poderá ser a solução ideal para esses problemas.
Brad Bradford sugere que o aumento das despesas, impostos e taxas deve ser o último recurso, e não o primeiro. Para ele, o foco da administração deveria ser encontrar maneiras de otimizar os serviços públicos e fazer melhor uso dos recursos existentes, sem depender de mais impostos que possam onerar ainda mais os cidadãos. “O aumento da despesa, dos impostos e das taxas deve ser o nosso último recurso – não o primeiro”, afirmou o vereador, destacando a importância de uma abordagem mais equilibrada e responsável.
O orçamento municipal de Toronto para 2025 tem gerado um intenso debate entre os membros da Câmara Municipal e os residentes da cidade. Embora o aumento do imposto predial tenha sido aprovado, as preocupações levantadas por Bradford e outros críticos não podem ser ignoradas. Num momento de incerteza económica, é fundamental que a cidade procure soluções que equilibrem a necessidade de investimentos em serviços públicos com a realidade financeira dos cidadãos.
A gestão eficiente dos recursos e a busca por eficiências devem ser priorizadas para garantir que os residentes da cidade de Toronto não apenas paguem mais, mas também recebam o valor que merecem em troca. O desafio é muito claro: como fazer com que Toronto continue a crescer e a desenvolver-se sem comprometer a acessibilidade financeira de todos? Esse é um debate que certamente continuará a dominar a política da cidade nos próximos anos.
MB/MS
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