Vai ser Justin Trudeau a salvar o ambiente?
Em 2019, o relatório do Governo do Canadá revelou que o país está a experienciar um aquecimento duas vezes mais rápido do que no resto do mundo e que o Norte do Canadá está a aquecer a um ritmo três vezes superior à média global. A campanha eleitoral de Trudeau foi marcada com a visão liberal de preocupação com o ambiente e a necessidade de tomar medidas eficientes.
Contudo, será que tem feito o suficiente?
O que Trudeau nos prometeu
- Compromisso com um nível de emissões de ‘net-zero’ até 2050, com marcos de cinco anos juridicamente vinculativos;
- Banir o uso único de plásticos até 2021;
- Exigir que os edifícios federais sejam alimentados por energias renováveis até 2022;
- Até 2025, conservar e proteger 25% da terra canadiana e 25% dos oceanos nos quais o Canadá se insere, trabalhando no sentido de em 2030 esse valor subir para 30%;
- Criar um programa a nível nacional ‘Experience Canada’ que pretende ajudar cerca de 75.000 famílias com baixos rendimentos a aproveitarem quatro dias anualmente em parques nacionais ou provinciais do Canadá – incluindo acomodação de acampamento e bolsas de viagem até $2,000;
- Um desconto de 10% na compra de carros usados, com baixas emissões, num valor máximo de $2,000;
- Plantar dois mil milhões de árvores ao longo dos próximos 10 anos;
- Completar todos os mapas de inundações do Canadá e desenvolver um plano de ação para ajudar a relocação de proprietários de casas para aqueles com maior risco de se repetirem inundações;
- Durante os próximos 10 anos, aumentar o investimento em mil milhões de dólares dedicado ao Fundo de Mitigação e Adaptação a Desastres;
- Investir os lucros provenientes da venda do Projeto de Expansão Trans Mountain Pipeline em projetos de energias renováveis e soluções ambientais;
- Instalar cerca de 5,000 estações de recarga para veículos elétricos;
- A partir de 2023, garantir investimentos federais em transportes públicos, especificamente em autocarros de emissão zero e sistemas ferroviários;
O que fez até agora
- O Canadá assinou o Acordo de Paris em 2015, que pretende limitar o aumento da temperatura global a 1.5ºC, diminuir o consumo de combustíveis fósseis e o financiamento de energias renováveis;
- Em 2016, Trudeau e os Governos Provinciais concordaram num mecanismo de taxação sob o carbono, pretendendo ser um incentivo para os indivíduos e empresas reduzirem as suas atividades poluentes;
- Em junho de 2017, foi entregue às províncias um fundo de dois mil milhões de dólares com o intuito de reduzir os gases de efeito de estufa;
- Ainda no mesmo ano, os Presidentes do Canadá, EUA e México emitiram uma declaração sobre o Clima na América do Norte, Energia Limpa e Parceria Ambiental. Comprometeram-se ainda com o objetivo de gerar 50% energia renovável em 2025;
- A 1 de ade 2019, entrou em vigor uma taxa federal sob o carbono nas províncias de Ontário, Manitoba, Saskatchewan e New Brunswick;
A Controvérsia – Trans Mountain Pipeline
Justin Trudeau tem vindo a perder popularidade – um dos motivos deve-se aos canadianos considerarem que a sua atitude perante a indústria de combustíveis fósseis entra em conflito com os seus compromissos ambientais. E isso tornou-se evidente com o caso do Trans Mountain Pipeline.
Trudeau tem mostrado o seu apoio na extração de combustíveis fósseis em Alberta, inclusive o seu Governo decidiu comprar o Gasoduto Trans Mountain por $4.5 mil milhões. Isto um dia depois de declarar uma emergência ambiental a nível nacional. Antes da compra, o gasoduto tinha a capacidade de transportar 300,000 barris de petróleo por dia. O plano de expansão previa aumentar a sua capacidade para 890,000.
Relembre-se que o Canadá se comprometeu a reduzir em 30% as emissões até 2030 e reduzir 80% até 2050 sob o Acordo de Paris. Esse compromisso prevê que se trave a expansão da exploração petrolífera, substituindo-a pela aposta em energias renováveis. Além disso, o Governo Federal tem apoiado a expansão de outras explorações de petróleo em British Columbia.
Inês Carpinteiro/MS
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