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Seguras incertezas

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Photo: Arturo Castaneyra

 

A pandemia tem funcionado como um verdadeiro e muito forte vendaval que afeta tudo e todos. A mudança de estratégias e de forma de trabalhar foi forçada, mas necessária. Na Humberview Insurance Brokers o trabalho não diminuiu, apenas foi reformulado – as portas fecharam-se, mas o serviço de atendimento ao cliente continuou, ainda que à distância.

Nesta edição em que tomamos o pulso às companhias de seguros e ao serviço que prestam, falámos com Fernando Rio, vice-presidente da Humberview Insurance Brokers, um profundo conhecedor do meio, para tentarmos perceber, por um lado, até que ponto a pandemia está a afetar o seu negócio e, por outro lado, como está a funcionar o mundo das seguradoras.

Milénio Stadium: Fala-se já muito dos efeitos da pandemia na economia. O Fernando Rio é um profissional da área dos seguros há muito tempo. O que nos pode dizer sobre o estado do seu negócio? Como tem enfrentado este período difícil?

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Fernando Rio

Fernando Rio: Felizmente por enquanto, o ramo de seguros, pelo menos no meu caso, ainda não foi muito afetado. Nós resolvemos muito cedo, no início da pandemia, que o mais importante era a saúde e bem estar dos nossos clientes e empregados, e por essa razão resolvemos fechar o escritório a acesso público, mas graças à tecnologia, com um número limitado de pessoas no escritório, e outros a trabalhar de casa, temos mantido o mesmo serviço aos clientes e além de não haver contacto direto com as pessoas, o que, diga-se de passagem, já tenho saudades, temos conseguido um nível de serviço acima de todas as minhas expectativas. Infelizmente outros ramos de negócios, devido à sua natureza, não têm as mesmas facilidades, o que dá muita preocupação.

MS: No caso particular dos seguros como carateriza a situação atual?  No seu entender as companhias de seguros estão a cumprir a sua função de proteção do cidadão?

FR: As companhias de seguros, bem ou mal, quase todas tentaram ajudar com várias medidas. Umas deram um desconto no seguro automóvel durante alguns meses, também durante algum tempo, para aquelas pessoas que trabalham de casa e o carro era minimamente usado, tinham um desconto maior, e deixaram de cancelar apólices por falta de pagamento durante alguns meses, mas isso tudo já acabou, e agora com a segunda fase da pandemia ainda não vi mais nenhuma medida de ajuda a ser anunciada. Aquilo que eu não vi, e acho errado da parte das seguradoras, foi ajuda a negócios, tais como restaurantes e outros que foram obrigados a fechar durante meses. O risco das seguradoras diminuiu, mas não houve qualquer tipo de ajuda, nem em forma de devolução de parte do seguro pago, nem baixa no preço para o próximo ano. Pelo contrário, por exemplo o seguro para restaurantes e bares está com tendências de subir e, pior ainda, um grande número de seguradoras nem sequer fazem seguro para este tipo de negócios – o que torna a procura maior que a oferta, que dá origem a aumento de preços.

MS: Quais são neste momento os maiores desafios que se colocam a um broker?

FR: Neste momento o desafio maior que nós temos é a falta de contacto direto com o público, e não saber quando isto vai voltar ao normal. Nós, brokers, oferecemos um sistema único e diferente, que é muito importante para a nossa comunidade, especialmente pessoas da minha geração, que é a oportunidade de qualquer cliente ir até ao escritório, sem marcação, e ter sempre um profissional para o assistir em qualquer problema. Existem hoje outros sistemas de fazer seguro, talvez para as camadas mais jovens – qualquer pessoa hoje pode fazer seguro de carro e casa no seu computador ou telefone. Mas será que estão a fazer o seguro certo? Será que estão a proteger tudo aquilo que é necessário? Esta é a diferença que faz um broker: aconselhar os clientes e providenciar um produto que garanta a proteção de todos os seus bens. E apesar de este serviço poder ser prestado pelo telefone ou e-mail, eu ainda prefiro o contacto direto com as pessoas, e sei que a maioria dos clientes também.

MS: Qual é o ramo de seguros que lhe tem dado mais “dores de cabeça”?

FR: Sem dúvida os seguros em alguns setores do ramo comercial. Existe uma incerteza nos mercados sobre o futuro, devido às consequências da pandemia, e está-se a tornar difícil conseguir seguradoras para assegurar certos tipos de negócios. 

MS: Alguns empresários da área da construção queixam-se da dificuldade que têm sentido em segurar a sua atividade. Porque é que isso está a acontecer?

FR: Desconheço qualquer dificuldade para companhias do ramo da construção conseguirem seguro. Na minha experiência nada mudou ainda para esse ramo. Existem algumas exceções obviamente, por exemplo para roofing, ou limpeza de neve, mas já havia antes da pandemia, pois estas profissões já eram consideradas alto risco. 

MS: Na sua perspetiva como será o futuro (nesta área dos seguros) a curto ou médio prazo?

FR: O futuro para o ramo de seguros será como qualquer outro negócio: incerto. Apesar de até agora, como eu já disse, ainda estar mais ou menos normal, mais tarde ou mais cedo também vai ser afetado. Tudo depende quanto tempo a pandemia vai durar, quantos negócios vão fechar, até quando vão durar os subsídios do Governo. Enfim, incertezas.

Catarina Balça/MS

Leia também: • Car insurance industry promises rebates amid COVID-19 lockdowns

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