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Saúde em jogo

O coronavírus tem atacado em várias frentes: tem, por exemplo, feito com que cidadãos fiquem de quarentena e fechados em casa, tem fechado fábricas, suspendido a produção de diversos bens, interrompido ou influenciado a normal circulação dos transportes públicos, cancelado/adiado diversos eventos das mais variadas áreas por todo o mundo, abalado bolsas e provocado grande preocupação com uma possível desaceleração da economia – não só na China como em todo o mundo. Mas… e o desporto? Não, nem esse escapa!

O MotoGP do Qatar, a meia-maratona de França, partidas referentes à liga italiana de futebol e uma competição internacional de badminton nas Caldas da Rainha, em Portugal, são apenas alguns exemplos de eventos que foram cancelados como medida preventiva em relação a este vírus.

E em Portugal? Como será que os clubes de futebol portugueses vão conseguir “fintar” o COVID-19?

A crescente preocupação com o maior número de casos que se têm vindo a conhecer em Portugal – são já nove, até fecho desta edição -, e em países bem próximos, como é o caso de Espanha, França e Itália, levou a que, na passada sexta-feira, dia 28 de fevereiro, se realizasse uma ação de sensibilização dos colaboradores da Liga Portuguesa de Futebol. Uma ação interna, conduzida pela enfermeira Ana Pereira, parte integrante de um Grupo Coordenador Local do Programa de Prevenção e Controlo de Infeções e de Resistência aos Antimicrobianos, que explicou aos colaboradores da Liga presentes a situação que se vivia até aquele dia e que medidas deveriam ser tomadas, segundo as recomendações da Direção Geral de Saúde (DGS) e da Organização Mundial de Saúde (OMS), quando vírus se manifestasse em Portugal – algo que veio mesmo a acontecer, esta segunda-feira, dia 2 de março.

Para além disso, e numa ótica de prevenção, a Liga juntou-se à DGS e à Associação Nacional de Médicos do Futebol (AMEF) para realizarem ações de formação sobre este surto em todas as Sociedades Desportivas da Liga NOS e da LigaPro, com vista a esclarecer eventuais dúvidas e divulgar quais as medidas a serem tomadas no futebol profissional.

Estas ações de formação tiveram início na terça-feira, dia 3 de março, com o Estoril Praia, Casa Pia AC, Benfica, Benfica B e CD Cova da Piedade. Na quarta-feira (4) foi a vez do CD Mafra, Belenenses, Vitória FC e Sporting, seguindo-se, na quinta-feira (5), a UD Oliveirense, o Tondela, o Académico de Viseu e o SC Covilhã. Para o dia de hoje (6) estão previstas formações na Académica e no GD de Chaves. Boavista, Gil Vicente, FC Porto e FC Porto B e CD Feirense serão visitados na segunda-feira (9),

Leixões, Varzim, Rio Ave e Famalicão na terça-feira (10) e SC Braga, Vitória SC, CD Aves e Paços de Ferreira na quarta-feira (11). Na quinta-feira (12), SC Farense, Portimonense, Nacional, Marítimo, Santa Clara e Vilafranquense assistirão à ação de formação via videoconferência. Mais tarde, nesse mesmo dia, será a vez do FC Penafiel e do Moreirense.

Em relação às possíveis implicações no calendário da Liga, sabe-se que a Comissão Permanente de Calendários da Liga reuniu esta segunda-feira (2), na sede da Liga Portugal, onde marcaram presença diversos representantes de Sociedades Desportivas que atuam na Liga NOS e na LigaPro, com o objetivo de definir os procedimentos a adotar caso a situação em Portugal tome mais graves proporções.

Entre outras medidas, ficou decidido que, conforme podemos ler no website da Liga, “caso seja decretada a realização de jogos à porta fechada, haverá acatamento nos jogos das competições profissionais por parte de todas as entidades envolvidas”. No caso de um jogo necessitar de ser adiado, a decisão estender-se-á aos restantes jogos da jornada, como forma de “manter o equilíbrio competitivo”.

Tendo em conta que já nenhuma equipa portuguesa se encontra a disputar a Liga dos Campeões ou Liga Europa, a ronda será assim reprogramada para as datas destinadas a estas competições europeias.

A Liga admite também a possibilidade de se realizarem jogos à porta fechada – em Itália, de resto, decidiu-se que todos os jogos da Serie A serão realizados sem público até dia 3 de abril.

A “preocupação” relativa aos compromissos internacionais da Seleção Nacional portuguesa agendados para o final do mês de março também foi manifestada neste encontro, tendo em conta que se trata de “jogos sem apuramento em causa e que trarão deslocações desnecessárias de atletas”.

O futebol português parece assim ter a sua tática delineada para fazer frente ao Covid-19, ainda que tudo seja bastante recente no país. Clubismos e patriotismos à parte, nos dias de hoje quem merece erguer a “taça” da vitória frente a este terrível surto não é apenas um país, mas todo o mundo. Afinal, é a saúde de todos nós que está em jogo.

Inês Barbosa/MS

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