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Profissionais do futuro

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Créditos: DR

O mercado de trabalho vive em constante mudança e adaptação – e agora mais do que nunca, depois do mundo se ter deparado com uma pandemia que nos trocou as voltas a todos.

As profissões que são hoje mais procuradas, não são as mesmas de há 50 anos, mas também hoje em dia a vida procura por outro tipo de mão de obra – as novas tecnologias, os novos cenários políticos e toda uma nova geração acabam por nortear o surgimento de diferentes demandas, nas mais diversas áreas. Essas mudanças servem como oportunidades para criação de novas profissões e abertura de mercados. Os jovens de hoje em dia têm certamente ambições diferentes, empregos de sonho diferentes e nem sempre as profissões mais “tradicionais” se adequam às metas que estabelecem como suas. Cada vez mais se procura unir o tradicional ao moderno, juntando o trabalho mais físico com tecnologia.

No momento da decisão do que “queremos ser, quando formos grandes” é habitual surgirem muitas dúvidas, hesitações e até angústias. Trata-se afinal, de definir o futuro, o que se transforma em algo assustador. Por outro lado, há muita ilusão, fantasia, em muitas mentes quando se deseja ser o que nos parece mais atrativo. É muitas vezes necessário pôr os pés na terra e perceber o que realmente mais se coaduna com o perfil da personalidade de cada um. Onde poderemos ser bons trabalhadores e, naturalmente, também pessoas felizes. Os pais nem sempre têm o distanciamento necessário para dar conselhos, aliás, muitas vezes tendem a transportar para os filhos os sonhos que os próprios não conseguiram concretizar. É aqui que se percebe a relevância de se ter alguém que, com a sua formação académica e sensibilidade, ajude o jovem a perceber não propriamente o que “quer ser quando for grande”, mas mais o que pode ser para ser um bom profissional e feliz.

Helen Filipe, diretora executiva da Azul Education Services, desempenha esta missão no seu dia a dia e falou com o nosso jornal, dando-nos a possibilidade de entender melhor de que forma os jovens de hoje em dia encaram o futuro, o perspetivam e quais são, afinal, as suas ambições.

Milénio Stadium: Com base no trabalho que desenvolve, o que pode dizer-nos sobre as profissões mais desejadas pelos mais novos de hoje? Ou seja, como será o mundo do trabalho num futuro próximo?

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Helen Filipe, diretora executiva da Azul Education Services. Créditos: DR.

Helen Filipe: O mundo do trabalho está em constante mudança. As tendências: Grande Transformação Digital, irá afetar todas as indústrias desde a construção, finanças, educação, hotelaria, manufatura, serviços pessoais etc. A juventude vai querer tornar-se confortável e proficiente na recolha de dados, na análise e na tradução de conceitos complexos.  As competências interpessoais e de comunicação continuarão no topo das competências necessárias; contudo, poderá envolver trabalho remoto, colaboração virtual, e constante formação de equipas.

Os jovens estão geralmente interessados em flexibilidade, sustentabilidade, viajar, com um sentido de fazer a diferença.  A pandemia afetou fortemente os jovens, fazendo com que estes questionassem o seu propósito na carreira e na vida. Tendo experimentado uma mudança maciça na aprendizagem online, isolamento, perda de grandes eventos da vida, os jovens tornaram-se ainda mais indecisos quanto ao que fazer com o seu futuro.

MS: Quais são os fatores que mais contribuem para a construção de uma ideia do que se quer para o futuro, ou seja, para a vida de adulto?

HF: Identificar os seus interesses, valores, competências e agentes motivadores é a chave para começar a investigar opções de carreira e indústrias. O autoconhecimento é uma compreensão mais profunda do que o fará querer acordar com motivação para contribuir para o mundo do trabalho, comunidade, e sociedade em geral. Muito frequentemente, jovens e adultos procuram empregos com boa remuneração, estabilidade e oportunidade de crescimento, no entanto, se não existir um olhar genuíno sobre os aspetos chave que os sustentarão nas suas carreiras, podem acabar insatisfeitos e infelizes nas suas carreiras. É importante compreender que opções de carreira e estilos de vida existem, mas os fatores decisivos são muito mais pessoais do que o dinheiro. A atual instabilidade no mundo, com a crise de saúde e incertezas financeiras, vai ter um enorme impacto na forma como a juventude avançará com a educação, emprego, empreendedorismo e construção de comunidades.

MS: Até que ponto o momento de decisão do que queremos ser quando formos grandes é determinante na construção da personalidade dos mais novos?

HF: Desde cedo, todas as crianças são expostas a vários estilos de vida e opções de carreira. É fundamental que os jovens estejam conscientes da diversidade de possibilidades disponíveis.  Infelizmente, muitos jovens não são encorajados a aprender sobre uma variedade de oportunidades. A educação e a informação sobre carreiras precisam de ser mais amplamente partilhadas desde tenra idade e à medida que estes continuam a desenvolver-se e a crescer.

MS: De que modo o seu trabalho pode ajudar a mudar o rumo de vida dos mais novos?

HF: Existem muitos programas que se destinam a apoiar as crianças e as suas famílias no desenvolvimento de relações saudáveis e a construir um sentido de curiosidade e interesse por si próprios e a apreciar os outros e a diversidade de opções de carreira disponíveis no futuro. Uma forma de abrir a consciência de uma criança de como é o mundo do trabalho, é através de simples conversas à volta da mesa de jantar, ou então pela observação de diferentes indústrias no cinema, ou ainda ao se falar de diferentes empregos e profissões. Existem 35.000 profissões na Classificação Nacional das Profissões no Canadá, no entanto, a maioria de nós refere-se apenas a cerca de 20 delas na nossa vida quotidiana.

MS: De certo modo considera que por vezes pode trazê-los de um mundo de sonho para a realidade?

HF: Absolutamente, é sempre importante sonhar grande, com a medida adequada da realidade, tendo uma definição de objetivos, competências organizacionais, planeamento e responsabilidade.

MS: As profissões mais tradicionais e as que implicam mais desgaste físico, como por exemplo o trabalho no setor da construção, fazem parte dos sonhos das crianças com quem tem trabalhado?

HF: A construção e a manufatura estão a mudar rapidamente. Há muitas oportunidades para os jovens verem como podem moldar o futuro, trabalhando em campos emergentes de novos materiais, desenvolvimento de produtos, equipas virtuais, inteligência artificial, e aprendizagem de máquinas.

MS: Que papel têm os pais na definição do futuro dos seus filhos?

HF: Os pais desempenham um papel crucial na assistência aos seus filhos na construção da confiança, autoestima, curiosidade, pensamento crítico, apreciação das pessoas e do mundo em que habitamos, respeitando a diversidade e a terra em que vivemos.

Catarina Balça/MS

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