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Preparar a reforma: Quanto mais cedo melhor!

Analysis of business financial reports and marketing strategies. Accounting and Financial Planning
Analysis of business financial reports and marketing strategies. Accounting and Financial Planning

 

Nada mais triste do que passar uma vida inteira a trabalhar e depois ter um tempo de reforma difícil, no que diz respeito à sobrevivência financeira.

No Canadá, ao contrário da maior parte dos países europeus, é preciso preparar, com tempo e com muita literacia financeira, o tempo que se deseja seja de descanso e merecido gozo da vida. Como já vimos nas páginas anteriores, o conceito de pensão de reforma no Canadá fundamenta-se na ideia de que esta é apenas uma ajuda para reforçar a segurança financeira do reformado, que deve assentar também noutros pilares como é o caso das poupanças pessoais ou planos proporcionados pela entidade empregadora. Mas como fazer isso? Como organizar a vida de modo a garantir estabilidade financeira quando mais dela precisamos? Paulo Pereira é Finantial Planner e ajuda-nos a perceber quais os passos que devem ser dados para que efetivamente isso se consiga. É que nestes, como noutros assuntos, o melhor mesmo é procurar ajuda junto de quem sabe mais. Foi o que fizémos…

Milénio Stadium: No atual clima financeiro, será que os trabalhadores canadianos, que não têm um plano de pensões no local de trabalho e que não conseguem poupar, poderão sobreviver com o sistema de pensões canadiano?
Paulo Pereira: Com base apenas no CPP e na segurança na velhice, será muito difícil. Demasiadas pessoas têm dívidas/hipotecas até à reforma.

MS: Como pode o Governo canadiano agir para garantir um fim de vida digno aos trabalhadores deste país?
PP: O Governo não pode garantir isso. O problema começa com o nosso sistema financeiro e com a falta de educação no que respeita às finanças.

MS: Existe alguma possibilidade de tornar obrigatório que todas as empresas canadianas incluam um plano de reforma na sua tabela salarial?
PP: Devido aos custos para a entidade patronal e aos benefícios para a entidade patronal no sistema atual, eu diria que não. Não vejo que isso aconteça, a menos que o governo permita que as entidades patronais sejam compensadas a 100% pelo pagamento efetuado ao plano dos trabalhadores. Além disso, a outra questão é a acessibilidade da entidade patronal ao levantamento de fundos antes da reforma.

MS: Atualmente, um número significativo de idosos já está a enfrentar graves problemas financeiros. Se a tendência mundial aponta para um envelhecimento progressivo da população, graças ao aumento da esperança de vida, não deveria esta questão das pensões tornar-se uma prioridade para o governo do país?
PP: Deveria ser uma prioridade para todos os governos, demasiado cara. O problema está na falta de vontade, porque o problema começa na educação e no trabalho com as famílias.

MS: Que conselhos tem para quem ainda está a trabalhar, mas quer começar a preparar-se financeiramente para a reforma?
PP: O primeiro passo é um plano de jogo financeiro, para tudo o que se quer alcançar. Todos precisam de compreender o que é necessário para atingir os seus objetivos e desejos. É necessário analisar o fluxo de entrada e saída de dinheiro, não podendo gastar mais do que ganha. Lembrem-se que se não souberem exatamente o que querem e o que é preciso para o conseguir, é garantido que isso vai acontecer!
Preparar-se financeiramente para a reforma durante os anos em que tem rendimentos é crucial para garantir um futuro confortável e sem stress. Aqui estão os principais passos para o ajudar a planear eficazmente.

Começar
• Quanto mais cedo começar a poupar para a reforma, mais tempo o seu dinheiro irá crescer através dos juros compostos. Mesmo as pequenas contribuições efetuadas cedo podem crescer significativamente ao longo do tempo
• Determine a sua idade de reforma e os custos previstos (habitação, cuidados de saúde, viagens, etc.). Considere também o estilo de vida que pretende ter na reforma. Vai reduzir o tamanho da sua casa, mudar-se para um novo local ou viajar muito? Estas decisões determinarão a quantidade de dinheiro que terá de poupar.

Orçamento e poupança
• Controle as despesas e o orçamento: crie um orçamento para controlar os seus rendimentos, despesas e poupanças. Isto ajuda-o a identificar as áreas em que pode cortar e poupar mais para a reforma. As famílias devem destinar 10% do seu rendimento a investimentos/poupança.
Gestão da dívida
• Pague as dívidas com juros elevados, como cartões de crédito e empréstimos pessoais, o mais rapidamente possível. Trabalhe para a reforma sem o fardo de ter de pagar uma hipoteca significativa, um empréstimo automóvel ou faturas de cartão de crédito.

Conta de emergência
• Crie um fundo de emergência: ter uma reserva de dinheiro para cobrir despesas inesperadas, como emergências médicas, perda de emprego ou reparações em casa, permitir-lhe-á evitar o pagamento de juros, taxas ou penalizações adicionais. Os fundos reservados para este fim devem corresponder a 3-6 meses de despesas.

Investimentos
• Contribuir para contas de reforma, tais como RRSP e contas de poupança isentas de impostos.
• Diversificar os investimentos em diferentes períodos de tempo. Note-se que estas não são taxas de rendimento garantidas, mas os seus investimentos devem ter uma média destas taxas de juro ao longo destes anos.

  1. Curto prazo: 0-3 anos – média de 2-4% de taxa de juros
  2. Médio prazo: 3-7 anos, com uma taxa de juro média de 4-6%
  3. Longo prazo: 7+ anos – média de mais de 6% de taxa de juros

Procurar aconselhamento profissional
• Considere a ajuda de um profissional: Sente-se com 2 ou 3 planeadores financeiros diferentes e peça-lhes que elaborem um plano com base nos seus objetivos e sonhos.
• Monitorize o seu plano e reveja regularmente as suas poupanças para a reforma, o desempenho dos investimentos e os seus objetivos. As circunstâncias da vida mudam e o seu plano deve evoluir em conformidade. Aumente as poupanças sempre que receber um aumento ou um bónus e considere aumentar as suas contribuições para a reforma para aumentar as suas poupanças.

As principais razões pelas quais as pessoas não atingem os seus objetivos são o facto de não terem escrito os seus objetivos ou de não se manterem no caminho. Muitas pessoas tentam adivinhar quando é a melhor altura para investir e quando é a melhor altura para retirar. Isso nunca acontecerá porque ninguém pode prever isso. Os investidores olham para o dinheiro de forma emocional e o seu planeador financeiro deve olhar para o seu investimento de forma “lógica”.

O planeamento não é fácil no início, mas quando se começa a compreender e a ser coerente, começa a ser mais fácil. Ao implementar estas estratégias desde cedo, pode aumentar significativamente as suas hipóteses de ter uma reforma financeiramente segura e agradável. O segredo é poupar e investir de forma consistente e disciplinada, juntamente com um planeamento cuidadoso.

MB/MS

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