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Pandemia – Será que é este ano que isto vai acabar?

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Créditos: DR.

Como irá evoluir a pandemia neste ano que agora se inicia? Que esperanças poderão ser alimentadas? Que receios são ainda fundamentados? São estas as questões para as quais todos procuram respostas, mas a verdade é que, se até aqui a informação veiculada pelos cientistas parecia mais ou menos consensual, nos últimos tempos temos assistido a divergências significativas relativamente à evolução expectável da pandemia que surpreendeu o mundo no início de 2020.

Com o surgimento da variante Ómicron – altamente transmissível, mas com efeitos menos graves na saúde dos contaminados – começaram os discursos otimistas relativamente ao futuro. Baseados nas evidências estatísticas que amostram que as vacinas, não evitando a contaminação, protegem os pacientes de situações graves a exigir internamento e levando à morte de muitos, como acontecia com as variantes antes identificadas (por exemplo a Delta), vários virologistas defendem que a pandemia está à beira do fim. Outros, no entanto, alertam para o perigo que o facilitismo e o aliviar de restrições poderá vir a representar, afirmando mesmo que a contaminação comunitária pode vir a abrir caminho a mais mutações do SARS Cov 2, mais perigosas e letais.

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Dr. C. Yong Kang, FRSC, professor de Virologia, no Departmento de Microbiologia & Imunologia da Schulich School of Medicine & Dentistry, da University of Western Ontario. Créditos: DR.

Trazemos hoje para reflexão dos leitores do Milénio Stadium duas posições distintas, ainda que com alguns pontos convergentes, ambas fundamentadas em muito conhecimento e muitos anos de investigação.

Por um lado, temos a opinião de Dr. C. Yong Kang, FRSC, professor de Virologia, no Departmento de Microbiologia & Imunologia da Schulich School of Medicine & Dentistry, da University of Western Ontario, e por outro lado citamos declarações proferidas por um muito conhecido virologista português, Dr. Pedro Simas, que concluiu o doutoramento na Universidade de Cambridge, no Reino Unido, e foi investigador no Instituto Gulbenkian de Ciência até 1999. Há 20 anos entrou para a Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa e para o Instituto de Medicina Molecular (iMM), onde se dedicou a estudar dezenas de vírus, em investigações a nível nacional e internacional.

Milénio Stadium: Que análise faz do estado atual da pandemia?

C. Yong Kang: A Ómicron é altamente transmissível, parece ser a variante dominante para infetar as pessoas. Esta tendência não vai acabar em breve.

Pedro Simas: Neste momento a covid-19 tem risco nulo em Portugal e duvido da eficácia das medidas de contenção. Isto é o fim da pandemia e vai acontecer no mundo inteiro.

MS: O que pensa da teoria que defende que se deve deixar que a Ómicron se espalhe para ajudar na imunização comunitária?

CYK: Embora a Ómicron não cause sintomas graves na maioria dos casos, este vírus pode causar a morte em certa população. Por conseguinte, é preciso vacinar as pessoas. É possível transformar a pandemia numa endemia se um grande número de pessoas for vacinado, para além de serem infetados pela Ómicron. A combinação da vacinação e da infeção por Ómicron pode estabelecer uma imunidade do grupo.

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Dr. Pedro Simas, doutoramento na Universidade de Cambridge, no Reino Unido, e foi investigador no Instituto Gulbenkian de Ciência até 1999. Créditos: DR.

PS: O surgimento da variante Ómicron (menos virulenta e mais transmissível) mostra que o SARS-CoV-2 está a seguir uma evolução semelhante a outros coronavírus e que acabará por se tornar endémico. Esta é a entrada inequívoca em endemia. Só se entra em endemia verdadeira quando num país a maior parte das pessoas já teve infeções e o vírus circula livremente. Isto é normal. Neste momento o risco é nulo em Portugal. O país está na melhor situação possível (tendo em conta a taxa de vacinados a rondar os 90%) e deve-se deixar o vírus disseminar-se.

MS: Esta variante é efetivamente menos perigosa ou a vacinação está a proteger os afetados por esta variante?

CYK: A variante Ómicron parece ser menos perigosa. As vacinas atualmente utilizadas devem ser capazes de proteger contra a infeção de todas as variantes. No entanto, os fabricantes de vacinas recomendam 3ª ou mesmo 4ª dose porque duas doses de vacinação não induzem uma imunidade suficientemente forte para proteger contra a infeção pelo vírus, especialmente de diferentes variantes. Precisamos de vacinas de reforço a fim de aumentar o nível de anticorpos neutralizantes.

PS: Como já referi a variante Ómicron é menos virulenta e mais transmissível e esta propagação será benéfica em casos como Portugal, uma vez que confere uma imunidade natural muito mais completa do que a que resulta das vacinas.

MS: O que podemos esperar da evolução do vírus?

CYK: É certamente pouco provável que a Ómicron seja a última variante a causar uma infeção maciça. É possível que outras variantes possam emergir de regiões onde existe uma baixa taxa de vacinação. A população não vacinada propagará mais o vírus e proporcionará maiores probabilidades de gerar outras variantes.

PS: Esta estirpe é muito eficiente a transmitir-se e vai conferir uma imunidade às pessoas muito boa, sobretudo contra as variantes anteriores, que tinham uma sintomatologia mais severa.

MS: Há alguma hipótese de a humanidade conseguir exterminar completamente este vírus ou vamos ter que aprender a viver com ele?

CYK: Poderemos ser capazes de irradiar o vírus se conseguirmos estabelecer uma imunidade mundial de grupo. Precisamos de estabelecer uma imunidade de grupo contra este vírus através da vacinação de aproximadamente 90% da população mundial ou 7 mil milhões de pessoas. Precisamos também de uma vacina mais forte para atingir este objetivo.

PS: Nesta altura, faz sentido assumir o papel de liderança mundial que Portugal tem com os 90% de vacinação. Assumir essa posição e dar um exemplo ao mundo que nós podemos desconfinar. Esta corrida aos testes não é boa, há muito alarmismo. Não há risco praticamente em Portugal.

Catarina Balça/MS

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