O peso das autocracias na ameaça à paz mundial

A estabilidade global encontra-se cada vez mais fragilizada perante o crescimento de regimes autocráticos ou de lideranças com forte pendor autoritário. A concentração de poder em figuras políticas que desprezam os equilíbrios democráticos, reprimem a dissidência e instrumentalizam a polarização social, representa uma ameaça significativa à paz mundial. Esta tendência, longe de ser isolada, alastra-se por várias regiões do mundo, do Oriente ao Ocidente.
Líderes como Kim Jong-un, na Coreia do Norte, personificam regimes de controlo absoluto, onde a repressão e o culto da personalidade dominam. Também Xi Jinping, na China, tem consolidado um modelo autoritário moderno, combinando poder económico com políticas de silenciamento da oposição e repressão de minorias, como os uigures. Já Vladimir Putin, na Rússia, tem conduzido uma política expansionista, sustentada numa narrativa imperialista, que culminou na invasão da Ucrânia — um dos conflitos mais graves em solo europeu desde a Segunda Guerra Mundial.
Na esfera democrática, lideranças com tendências autocráticas têm vindo a minar os pilares do Estado de direito. Donald Trump, após o seu regresso à presidência dos EUA em 2025, continua a promover um discurso nacionalista e populista que inspira movimentos semelhantes em vários países. Viktor Orbán, na Hungria, e Giorgia Meloni, em Itália, têm reforçado a presença da extrema-direita na Europa, enquanto Javier Milei, na Argentina, imprime um estilo radical e disruptivo à governação. Benjamin Netanyahu, em Israel, tem adotado políticas que alimentam divisões internas e acentuam o conflito israelo-palestiniano, com impacto regional e global.
É importante recordar que tanto a Primeira como a Segunda Guerra Mundial tiveram origem em conflitos localizados que rapidamente escalaram, em grande parte devido a alianças estratégicas, rivalidades nacionalistas e falhas na diplomacia. O que começa como um conflito regional, quando inflamado por lideranças intransigentes e agendas ideológicas, pode converter-se num confronto global.
Neste cenário, a proliferação de autocracias, a erosão das instituições democráticas e a crescente militarização das políticas externas tornam o mundo mais volátil. A paz internacional depende, em larga medida, da contenção destas tendências e da promoção de lideranças responsáveis, dialogantes e comprometidas com a ordem internacional baseada em regras.

Kim Jong-un (Coreia do Norte): O regime de Kim Jong-un é conhecido pelo seu controlo rigoroso da informação, pela repressão da dissidência e pelas violações dos direitos humanos, o que leva a uma condenação internacional frequente.
Xi Jinping (China): A liderança de Xi Jinping tem sido marcada por um crescente autoritarismo, incluindo a repressão da oposição política, restrições à liberdade de expressão e a perseguição de grupos minoritários como os uigures.
Vladimir Putin (Rússia): No longo governo de Putin assistiu-se à erosão das instituições democráticas, à supressão dos meios de comunicação social independentes e à perseguição de opositores políticos, o que levou a acusações de autoritarismo.
Benjamin Netanyahu (Israel): Netanyahu tem sido criticado por enfraquecer as instituições democráticas, atacar o sistema judicial e adotar uma retórica polarizadora. A sua aliança com partidos de extrema-direita e políticas controversas em relação aos palestinianos têm alimentado tensões internas e internacionais, levando a acusações de autoritarismo, genocídio e erosão do Estado de direito.
Narendra Modi (Índia): Embora não seja universalmente considerado um tirano, o governo de Modi tem sido criticado pelas suas crescentes tendências autoritárias, incluindo restrições à liberdade de expressão e de reunião e a perseguição de opositores políticos.
Ali Khamenei (Irão): A liderança de Khamenei tem sido marcada pela repressão da dissidência e pelas violações dos direitos humanos, bem como pelo papel do país nos conflitos regionais.
Donald Trump (Estados Unidos): Após o seu regresso à presidência em janeiro de 2025, Trump tem defendido políticas nacionalistas e populistas, com evidente pendor autocrata, inspirando movimentos semelhantes em todo o mundo.
Viktor Orbán (Hungria): Enquanto primeiro-ministro, Orbán tem sido uma figura central no panorama da extrema-direita europeia, conhecido pelas suas políticas nacionalistas e críticas à democracia liberal.
Giorgia Meloni (Itália): Como primeira-ministra e líder do partido Irmãos de Itália, Meloni tem sido fundamental para o avanço da política de extrema-direita em Itália e em toda a Europa.
Javier Milei (Argentina): Eleito presidente em 2023, Milei, muitas vezes comparado a Trump, implementou reformas económicas radicais e defendeu pontos de vista libertários de direita.
MB/MS – Fotos: DR
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