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O mundo da restauração tradicional já viu dias melhores, ou não?

Vox Pop

O mundo da restauração tradicional já viu dias melhores – ou se calhar não? É isso que hoje tentamos perceber, junto de empresários que gerem os seus restaurantes e que, cada vez mais, lidam com outro género de clientes – que vivem com o mundo na ponta dos dedos.A preguiça, a conveniência, a falta de tempo… Muitas são as razões para que os serviços de empresas tipo Uber Eats ou Skip The Dishes, por exemplo, tenham crescido tanto e sejam um sucesso junto dos clientes.
Com os restaurantes virtuais a tornarem-se cada vez mais populares, não será surpresa se vos disser que agora existem já várias opções disponíveis para entrega on-line exclusivamente – como é o caso da LafLaf, Divine Dumplings, Kitchen Hub, Jackpot Brandz e a 6ix Food Hall. Estes negócios de “delivery-only” não podem ser visitados, não dá para lá irmos e sentarmo-nos à mesa, mas podemos entrar pela porta digital e decidir o que nos apetece comer, com base nas imagens apresentadas. Depois disso resta só esperar e rezar para que venha tudo como prometido.
Mas será que um restaurante, físico, não oferece um atendimento personalizado que nos garante maior qualidade e satisfação?
Procurámos as respostas nesta edição do jornal Milénio Stadium.

Paul Saraiva, Firkin Group of Pubs

1- Quais são as grandes diferenças entre a restauração de há uns anos atrás, quando começou o seu negócio, e os dias de hoje?

Eu acho que as pessoas passam menos tempo a beber e a comer uns petiscos. Penso que os jovens têm outro tipo de entretenimentos para passarem o tempo ou para se encontrarem com os amigos – acredito que essa seja uma das mudanças. Antes as pessoas juntavam-se mais em pubs para estarem juntos. Há uns 20 anos, ou nem tanto, a malta tentava juntar-se depois do trabalho, por exemplo, e hoje parece-me que isso acontece menos. A vida está cara em Toronto, especialmente o alojamento, e eu acredito que isso influencia um bocado, porque o orçamento disponível para se gastar num restaurante, ou para qualquer tipo de lazer, paródia, passou a ser inferior.

2- Que perspetivas de futuro tem a restauração tradicional, numa era em que cada vez mais os serviços de distribuição de comida ao domicílio estão à distância dum clique?

Eu acho que isso acontece agora por ser novidade, porque as pessoas acham interessante e conveniente, mas sinceramente parece-me que é apenas uma fase. Acho que daqui a uns tempos volta a ser como era, normaliza-se tudo, as pessoas vão voltar a querer sentar-se à mesa, serem servidos e estar ali com amigos a aproveitar o momento. É certo que há certas coisas que já não vão voltar a ser o que eram, que mudaram para sempre, como é o caso das pizzas, por exemplo – uma pessoa gosta daquela pizza e manda vir para casa, principalmente a malta mais jovem. Mas fora isso, penso que seja apenas uma fase e que os restaurantes, de uma forma geral, vão sempre existir.

3- No caso dos seus pubs: já tem este tipo de serviços disponíveis para os clientes? Se não, pensa vir a ter?

Alguns dos nossos locais têm, mas nós vamos todos adaptar-nos ao mesmo estilo, ao mesmo sistema de entrega. Porque sabemos que há um determinado público que procura esse serviço, há uma percentagem de clientes que prefere entrega ao domicílio. Como os outros todos têm, nós também temos que nos adaptar e conseguir responder a essa procura.

Neste momento estamos numa fase de escolhas e decisões, para aperfeiçoar a forma de entrega para que a qualidade não se perca, para que as coisas cheguem a casa do cliente em condições e em caixas decentes. Queremos algo profissional.

4- Quais as vantagens e desvantagens nesta entrega de comida ao domicílio?

Eu penso que as desvantagens passam pela qualidade, porque a comida passa pelo processo do transporte do restaurante até à casa do cliente – esse vai ser sempre um desafio.  O lado bom da entrega ao domicílio, para alguns casos, talvez passe pela conquista de novos clientes – há pessoas que realmente preferem mandar vir a comida e, assim sendo, o restaurante pode ganhar clientes, mesmo que não se dirijam ao espaço físico. E é aí que eu digo que temos que nos aperfeiçoar também – a questão da imagem é muito importante… As fotografias das comidas podem fazer com que uma pessoa escolha o restaurante, mesmo sem o conhecer. Porque quando uma pessoa quer encomendar comida, ela encomenda – agora de qual restaurante vai encomendar é que é a questão! É precisamente aí que nos temos que distinguir e destacar dos outros. As fotografias contam muito. E claro, mandar boa comida para que numa próxima o cliente volte a escolher-nos.

5- O que pensa de iniciativas como o Winterlicious? Acha que podem ajudar o negócio da restauração?

Acho que sim, para os restaurantes tradicionais acho que faz sentido. Porque esta época do ano, fria, não é a melhor para nós, proprietários de negócios de restauração… As pessoas não saem tanto de casa. O Winterlicious dá também oportunidade aos restaurantes mais caros de se darem a conhecer a outras pessoas que queiram ir experimentá-los. Por isso sim, penso que é uma boa iniciativa.

Frank Sardinha, Churrasqueira do Sardinha

1- O que pensa dos serviços de entrega de comida ao domicílio?

Os clientes pagam muito mais ao preferirem delivery. Ainda a semana passada encomendaram aqui um frango e um entrecosto e ficou em mais de 60 dólares – e há pessoas que pagam! E pagam porque são preguiçosos, eles podiam ter poupado uns 30 dólares. Mas é só para não terem o trabalho de se deslocarem, por uma questão de conveniência. Quem ganha com isto são as empresas de entrega ao domicílio, porque eles ganham 35% e depois ainda levam “delivery charge” e ainda as taxas desse “delivery charge”.

2- E em relação à refeição – acha que o cliente assim acaba por não usufruir da mesma qualidade?

A qualidade da comida não se perde, porque as pessoas que tratam do transporte trazem umas malas próprias para transportar a comida – a refeição sai daqui quentinha e o percurso não é depois muito longo porque eles abrangem determinadas áreas que sejam perto dos restaurantes. A comida deve lá chegar quente.

3- Quais as diferenças que sente existirem entre a restauração de há uns anos e a dos dias de hoje?

A grande diferença entre antigamente e agora é que o cliente está mais preguiçoso. Dou-te um exemplo: um casal novo, chega a casa cansado, depois de um dia de trabalho do escritório, vivem lá nos condomínios na baixa de Toronto… Para eles é muito mais conveniente e menos trabalhoso ligar para encomendar uma pizza ou um frango, não saem da casa e pronto. É que até o McDonald’s e o Tim Hortons estão associados a esses serviços da Uber. Hoje em dia até há supermercados, como é o caso por exemplo do Metro, que têm disponível um serviço desse género de entrega de mercearias a casa – as pessoas escolhem online e depois vai tudo parar à porta de casa. O pessoal está a ficar muito preguiçoso.

4- Como será o futuro então do negócio dos restaurantes?

Nós vendemos da mesma forma, mas o cliente é que paga muito mais.

5- Mas então, sendo assim, adianta ter uma casa aberta com mesas e cadeiras para o público?

Pois chamam a isso “Ghost Kitchen” – já existe muito por aí. Há muita gente que tem cozinhas, a partir duma certa hora abrem e fazem apenas comida por encomenda e o Uber, ou outra qualquer empresa desse género, faz a entrega em casa. É tudo online, é o que está agora na moda.

Sandra Oliveira, 24

1- Do you use food delivery services?

Yes, I love it!

2- Why do you choose this type of service instead of going to the restaurant directly?

Usually depends on the time of day. When I’m really craving something and at home just hanging out, it convenient to just get it straight to the door rather than having to get ready and go out.

3- Do you trust the quality of food? What about the transport?

I do get a bit skeptical with the way my food gets handled but I haven’t had any bad experiences yet!

Patrícia Caseiro, 32

1-Do you use food delivery services?

I do, yes.

2-Why do you choose this type of service instead of going to the restaurant directly?

Honestly, it’s a matter of convenience to me.

3-Do you trust the quality of food? What about the transport?

Sometimes. I always inspect my order and have not always been satisfied – and not always satisfied as in we get the wrong orders, but there’s times the order wasn’t customized to our liking… Sometimes we say “no onions” and they do put those onions on your burger anyways.

Jennifer DaCruz, 24

1- Do you use food delivery services?

Yes I do. I usually use Skip The Dishes or Uber eats.

2-Why do you choose this type of service instead of going to the restaurant directly?

Utterly because of convenience and time constraints, utilizing the delivery option allows me to save time and works really well for a busy lifestyle/schedule. The only problem with it comes when your order is completely wrong… Then you have to wait another 20, 30 or 40 minutes to get a new one and in the meantime, you need to complain and try to get your money back, which usually you do, but it’s definitely a con.

3-Do you trust the quality of food? What about the transport?

The quality of food will always be up to restaurants standards – I will usually look at reviews and ratings on the delivery apps before purchasing. And in terms of transport, I trust as much as a taxi driver or cab driver… I would assume they go through some sort of screening prior to being hired as a driver.

Catarina Balça/MS

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