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O Fado da Fadista

ClaraSantos-retouch - milenio stadium

 

É uma fadista bem conhecida junto da comunidade portuguesa no Canadá. Com dois álbuns já publicados – Destino e Alma Nua – Clara Santos tem trabalhado com uma entrega de profissional, embora nunca tenha sido possível sê-lo na verdadeira aceção da palavra. Como a própria nos diz nesta conversa, não há neste país (Canadá) mercado suficiente para garantir uma dedicação a tempo inteiro a esta arte, que é também uma paixão.

Clara Santos sabe do que fala quando afirma que os artistas não recebem a compensação financeira que seria justa, porque este é um trabalho que não é devidamente valorizado. Neste momento, Clara assume um tempo de pausa na sua vida de fadista e procura cumprir outro sonho, outro modo de chegar ao público, que é sempre o objetivo maior de qualquer artista. Pode ser que o cinema venha a ser em breve o seu Fado.

clara santos - milenio stadiumMilénio Stadium: A Clara Santos é hoje uma fadista reconhecida e apreciada pela comunidade portuguesa residente no Canadá e não só. Como foi o arranque da sua carreira? Teve dificuldade em se afirmar como artista?
Clara Santos: Desde que me lembro, sempre adorei música, palcos, teatro e tudo artístico! Até depois de chegarmos ao Canadá, a minha família manteve uma forte ligação às nossas raízes. Tudo isto me levou a seguir uma carreira na música. Em 2016 lancei o meu primeiro álbum de fado, Destino, e em 2019, Alma Nua. No início da minha carreira eu senti um certo receio por ser um género de música tão respeitado, mas tudo correu de uma forma bonita e eu fui muito bem recebida pela nossa comunidade. Com o passar do tempo eu fui ganhando mais confiança, e isto também tem contribuído bastante para o meu sucesso. Além de amar o que faço, o meu único objetivo é tocar no coração de, pelo menos, uma pessoa que me está ouvir cantar. Isso para mim não tem palavras…deixa-me de alma cheia.

MS: Tanto quanto sei a sua vida profissional não é dedicada à música a 100%. O que a impede de ser fadista a tempo inteiro?
CS: Infelizmente, financeiramente não dá para viver somente do fado aqui no Canadá. Não temos o mercado necessário para nos podermos dedicar só à música portuguesa. Imagino que também deve ser bastante competitivo em Portugal, mas pelo menos lá têm uma plataforma maior com mais oportunidades e um público português maior.

MS: A música e o negócio que lhe está associado é um “mundo” de difícil entrada?
CS: Sinto que pode ser difícil sim, especialmente na entrada, mas também ao longo da nossa carreira. Por vezes nós artistas não recebemos a recompensa financeira que realmente merecemos. Ser artista/músico requer muito tempo e dedicação que nem sempre é visto ou valorizado. Uma carreira artística é uma carreira como outra qualquer, mas infelizmente não é sempre vista desta forma.

MS: Agora há uma componente muito importante de divulgação dos artistas – o online. No seu caso concreto, considera que a sua ligação ao público mudou para melhor com esta facilidade de comunicação?
CS: Em parte sim, mudou para melhor. O público começa a conhecer o artista de forma mais pessoal através da informação que o artista divulga. Eles também têm mais acesso aos próximos shows, locais, preços etc…o que nem sempre acontece fora das redes sociais. Na minha experiência, a parte mais difícil é que nem sempre atualizo as minhas contas ou respondo a comentários, o que pode levar as pessoas a pensar que não me importo ou que não as valorizo, mas é muito pelo contrário. Simplesmente não é uma área da minha vida onde eu meto muito esforço ou atenção.

MS: Os concertos ao vivo são o grande suporte financeiro de uma carreira no mundo da música. Como está a sua agenda nesta área? Muitos concertos já previstos?
CS: Embora haja vários pedidos para atuar, no ano passado eu decidi tomar uma pequena pausa para me dedicar a uma nova carreira e realizar outro sonho meu de ser atriz. Eu sinto saudades do palco e do público, mas neste momento eu estou bastante focada em construir a minha carreira de atriz. Já participei em vários comerciais, mas o meu grande sonho é aparecer no “BIG SCREEN”, ou seja, filmes e televisão. Eu sempre fui assim…uma grande sonhadora. (risos) Tudo leva o seu tempo para aperfeiçoar e ser atriz não é exceção, mas não se preocupem que o bichinho do fado já está a morder e eu daqui a pouco já estou de volta aos palcos!

MS: Que sonho desta sua vida de fadista ainda está por concretizar?
CS: Como fadista, eu ainda gostaria de ir a Portugal um dia e pisar em palcos como Coliseu de Recreios por exemplo. Adoraria atuar para públicos maiores e públicos de diferentes culturas. Ainda quero gravar mais música original, aliás já tenho saudades de estar no estúdio de gravação. Ao longo da minha jornada, espero inspirar quem me escuta, quem me vê e principalmente quem está na minha presença. Eu quero continuar a fazer tudo o que incendeia minha alma e deixar uma energia positiva em tudo que faço. Simplesmente quero viver, deixar viver e contribuir felicidade para o mundo inteiro.

Madalena Balça/MS

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