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Novas regras de saúde e segurança afetam produtividade das empresas

A construção civil reabriu na passada terça-feira (12 de maio) e o setor que perdeu 94,000 postos de trabalho em abril em Ontário foi obrigado a reinventar-se, um pouco como tem acontecido na maioria dos setores desde o aparecimento da COVID-19. Agora o ramo tem de colocar em prática as novas regras de saúde e segurança da província e há quem tema que o pior ainda possa estar para vir.

 

Jack Prazeres, proprietário do Senso Building Supplies

Jack Prazeres, do Senso Building, uma empresa que fornece material para a construção civil e que aluga também maquinaria, disse ao Milénio Stadium que a sua empresa nunca fechou, mas teve que reduzir o horário de funcionamento. “Fechámos aos sábados, mas continuámos sempre a funcionar porque alguns dos nossos clientes têm projetos de construção essenciais que nunca pararam em Ontário. Empregamos mais de 30 pessoas e as nossas receitas devem ter caído entre 60% e 70%”, contou.

Agora a nova realidade obriga os funcionários a utilizarem máscara dentro da loja e as máquinas e os veículos têm de ser desinfetados com muita frequência, o que está a levar a uma redução da produtividade. “Não fizemos layoff a ninguém, mas alguns funcionários preferiram ficar em casa com receio de serem infetados. Agora todos trabalham com máscara e colocámos um vidro na receção. A grande maioria paga com cartão, mas ainda temos clientes que preferem pagar com dinheiro. Como vendemos máscaras e gel sanitário não foi difícil encontrar os produtos, mas com as novas regras a produtividade caiu, talvez mais de 30%”, informou.

O telefone está sempre a tocar e agora o contacto com o cliente é feito essencialmente por e-mail. “Permitimos mais do que um cliente na loja ao mesmo tempo, desde que mantenham os dois metros de distância entre si, mas claro que alguns não entendem e temos que explicar que as regras mudaram.  Agora em vez de assinaturas tiramos fotografias e quando fazemos entregas em casa deixamos à frente da porta ou na driveway, tudo para evitar o contacto físico”, explicou.

O Senso não recorreu a nenhum programa de assistência financeira governamental porque não cumpre os requisitos obrigatórios, regras essas que o empresário defende que não fazem muito sentido. “O Governo pede-nos a faturação de janeiro a março, que é justamente a época em que vendemos menos e como nós existem outras empresas. Mas até agosto acho que vamos estar bastante ocupados, acredito que o pior possa estar para vir a partir de setembro, outubro e novembro porque deixaram de emitir licenças para novas obras e acredito que nessa altura o desemprego possa aumentar”, antecipou.

À quebra na emissão de licenças para novos projetos junta-se a perda de produtividade que vai encarecer projetos que já tinham sido aprovados. “Nos projetos que já tinham sido autorizados os empresários não projetaram os custos extra da COVID-19. Agora os trabalhadores perdem mais tempo em desinfeções e têm que estar sempre preocupados com a distância física. Há casos em que a produtividade caiu 50%. Ainda é cedo para falar em falências nas pequenas e médias empresas portuguesas, mas algumas já estão com dificuldades para pagar as suas contas”, avançou.

Prazeres apela à comunidade para tentar apoiar o pequeno comércio português e diz que agora é preciso união. “Esta crise não vai atingir só a construção, as pequenas empresas de comércio vão ter muitas dificuldades em sobreviver. Os portugueses têm de se mobilizar e ajudar as lojas da Dundas porque para os pequenos empresários vai ser difícil aguentar”, adiantou.

Programas do Luso Charities em risco

Jack Prazeres está também à frente do Luso Charities, um projeto que presta apoio a pessoas com deficiência e que devido à pandemia teve que encerrar e enfrenta agora problemas comuns à maioria das associações sem fins lucrativos.

Encerrado desde março, o Luso tem três atividades anuais que garantem o funcionamento dos programas de atividades durante um ano. O torneio de golfe, a Volta Luso e a Gala garantem cerca de $600,000 à associação e este ano, devido à pandemia, a angariação destes fundos pode estar comprometida. “Ainda estamos a discutir o assunto e esperemos que em breve possamos ter decisões mais concretas. Mas é óbvio que o coronavírus vai afetar estes eventos e pode também diminuir as doações dos empresários que enfrentam agora problemas financeiros. Os nossos managers continuam em teletrabalho e ativámos o programa federal que paga até 75% dos seus salários. Eles continuam em contacto com os utentes através do Zoom e fizemos também algumas entregas de cabazes de comida”, disse ao nosso jornal.

Mais de 30 funcionários estão em casa em layoff e Prazeres antecipa que as angariações de fundos passam sofrer uma redução entre 60% e 70%. O próximo passo é discutir com os pais o regresso dos utentes e tentar submeter candidaturas a programas de apoio dos Governos Federal e Provincial.

Joana Leal/MS

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