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“Não vou abandonar esta organização e deixá-la entregue a uma pessoa que não tem experiência” – José Maria Eustáquio, Presidente da ACAPO

 

Divide opiniões no seio da comunidade, uns gostam muito, outros assim-assim, e outros não o suportam. Uns dizem que sem ele a comunidade não seria o que é hoje, outros afirmam que a sua personalidade estimula a divisão e o conflito. A ACAPO está colada à sua identidade e o que poderia ser considerado um elogio, por revelar uma entrega total à Aliança de clubes, é para muitos uma crítica forte ao que defendem ser um espírito quase autocrático, que envolve a liderança de José Maria Eustáquio.

São 27 anos de ligação a uma instituição comunitária e uma história com alguns momentos gloriosos que marcaram a presença da cultura portuguesa no Ontário. José Maria Eustáquio apresenta-se de novo, perante os membros, como candidato à presidência da Aliança de Clubes e Associações Portuguesas de Ontário, no próximo dia 1 de outubro. Só que, desta vez, não será o único candidato. Nesta entrevista, Joe Eustáquio deixa clara a sua posição sobre este assunto e afirma que não vai deixar a Aliança entregue a alguém sem experiência.

Milénio Stadium: Porquê esta recandidatura? O que é que o faz candidatar-se, 27 anos depois, a mais um mandato como presidente da ACAPO?
José Maria Eustáquio: Tanto eu como presidente da Direção ou a Kátia Caramujo como presidente do Conselho dos Presidentes… o nosso trabalho ainda não está feito. Ainda mais depois da saída da pandemia, daquele período de luto, com tudo fechado. A cidade não permitiu celebrações. Não só as celebrações portuguesas, mas de todos os grupos étnicos. Retomámos a celebração do mês de Portugal, com a Parada em 2023, com aquele casamento com a BIA do Little Portugal. Foi uma tentativa que os próprios clubes decidiram que não foi lucrativa, que não foi positiva para eles. Eles não gostaram do resultado. Agora em 2024 ainda foi pior. Fomos forçados a alterar muita coisa da composição da parada, que ainda é o evento que mais marca a comunidade portuguesa. Portanto, nós estamos neste movimento de transformação das realidades. Depois da pandemia, é importante manter uma direção que tem estado à frente da Aliança, durante um certo tempo. Eu pessoalmente preferia sair, mas a minha responsabilidade, há 27 anos ligado à Aliança, é manter o que tem acontecido. Desde que houve conhecimento de que há interesse de outras pessoas em liderar o futuro da Aliança, nós, a mesa do Conselho dos Presidentes, a Kátia e o presidente da Direção, o José Eustáquio, aproximámo-nos dessas pessoas e dissemos “Olha, trabalha connosco”. É que eu próprio, José Eustáquio, quero sair, mas não vou abandonar esta organização e deixá-la entregue a uma pessoa que não tem experiência. Trabalhem connosco e se os clubes estiverem dispostos a isso daqui a um ano, faz-se essa transferência de responsabilidades. Eu acho que nós conseguimos fazer isso num ano. Que isto não é um trabalho para qualquer pessoa. Isto é um trabalho muito complicado. Primeiro, é um trabalho que me pede o mínimo 30 a 40 horas por mês. Muitos não têm essa flexibilidade, ainda mais se você é casado, se você tem uma firma, tem uma responsabilidade por um trabalho. Complica não só no tempo, mas a parte económica. E muitas pessoas não dão valor a isso. Ninguém está completamente satisfeito quando há um trabalho que é considerado um trabalho voluntário, mas tem uma grande responsabilidade.
Por exemplo, angariar patrocínios, há poucas pessoas da nossa comunidade que estão confortáveis com a sua pele e pedir dinheiro. Não é fácil. Eu conheço menos de cinco pessoas que têm personalidade e que não têm vergonha de pedir dinheiro.

MS: Patrocínios para iniciativas da ACAPO ou patrocínios que a ACAPO arranja para os seus membros?
JME: Uma das coisas que as pessoas não percebem é que os membros da Aliança têm custo zero. A quota é 150$ por ano, para ser membro da Aliança. Isso é a única responsabilidade financeira que os membros têm. O resto é tudo organizado pela Aliança. A Aliança a sair da pandemia para suportar a continuação da vivência dos clubes, criou um orçamento de relações públicas para suportar os eventos do clube, de para cima de 50.000$. Participou em todas as festas organizadas pelos clubes. Suportou qualquer iniciativa que os clubes faziam. A Aliança acabou agora de suportar o rancho folclórico que foi a Portugal, com 80 elementos. Crianças que saíram de lá, cinco dias em São Miguel, cinco dias na Nazaré, cinco dias no Algarve, que saíram com movimento de saúde positiva. Epá, isto é que é fixe, isto é que vou continuar para o futuro. Essas raízes têm que ser criadas. Muitas pessoas pensam que “aquele gajo não faz nada, só vai a almoços”. Eu não sou uma pessoa para cortar fitas, mas há muitos presidentes que querem ser e a Aliança não precisa preciso de um presidente da fita. Aliás, sou uma pessoa que cultiva o terreno diariamente e que dá a cara àquela organização. É o que este presidente tem feito. E a Kátia, na parte dela, também tem feito um trabalho excelente. Portanto, a minha preocupação em continuar na Aliança não é só de manter aquela visibilidade, é bater a certas portas e ter conhecimento daquilo que é preciso. E depois a organização.
A burocracia da Câmara que é completamente diferente hoje do que era antes da pandemia. É um trabalho ridículo e eu não estou completamente confortável que uma pessoa entre para a Aliança, que no dia 1 de outubro é eleito e vai bater contra várias paredes porque não se sabe movimentar. Por isso é que eu acho que nós temos de ter a “bridge”, atravessar uma ponte e trabalharmos juntos para haver continuidade.

MS: Mas essa proposta de trabalharem juntos foi rejeitada pela outra candidatura?
JME: Ainda mais, essa pessoa foi direta: “Não, eu vou concorrer contra ti e vou ganhar”. Isso não é família. Aliança é uma família. Nós temos 33 afiliações com a aliança. É uma família. E as pessoas da comunidade, seja, os membros da media ou aqueles que criticam o nosso trabalho, têm que perceber como é que se consegue manter 33 famílias durante este tempo todo. É complicado porque cada um tem o seu interesse.

MS: Eu já entrevistei a outra parte, o Paulo Pereira, e ele disse que realmente houve uma aproximação, mas que na conversa houve logo exigências e ameaças e que por isso para ele não havia mais conversa.
JME: Eu não faço ameaças a ninguém, que eu não trabalho dessa forma. O meu interesse é sair da Aliança, mas deixar aquilo que já existe comigo há 27 anos. Em realidade, a Aliança vai fazer 38 anos este ano. Do momento que eu me sinta confortável que qualquer pessoa, seja esta candidatura ou outra vai conseguir desenvolver um trabalho que garanta a manutenção da organização…

MS: Essa questão de manter a organização leva-me a outra pergunta: faz sentido hoje a ACAPO?
JME: Eu acho que muitas pessoas não conhecem o trabalho que a Aliança tem feito. A Aliança tem representado os momentos mais altos da comunidade portuguesa nesta província. A aliança hoje é mais importante que, se calhar, todos os tempos. Para quê? Eu acho que a Aliança é um dos organismos que pode criar essa peça, essa ponte para que o Magellan, que além do facto de ser um lar, também vai ter uma composição que é uma representação da cultura portuguesa e espero que muitos membros da Aliança deviam aproximar-se do Magellan e organizar a sua própria visibilidade dentro daquilo que Magellan vai ser no futuro. Esse trabalho tem de ser liderado ou feito pelos elementos da Aliança. Seja um conselho próprio, seja o Conselho dos Presidentes, com a ajuda da direção e o timing tem que ser agora. E as pessoas envolvidas da comunidade, que são considerados líderes, que cada vez há menos, têm de pôr as suas personalidades ao lado e trabalharem em união. E é isso que eu vou promover no dia um e trabalhar – a união. Eu não tenho interesse nenhum em ficar a frente da Aliança mais três anos ou cinco anos. Eu já sei qual é o meu futuro. O meu futuro não é cá. Mas não vou abandonar o trabalho que muitos dos clubes querem, que eu continue com uma equipa nova. Sim, com novos elementos, com novas ideias… completamente, concordo. Mas fechar a porta de um dia para o outro e deixar uma lista completamente sem experiência liderar a aliança, vai ser muito complicado. E eu acho que a comunidade não vai ficar satisfeita.

MS: 27 anos de liderança dá sempre margem para críticas. Uma das críticas que fazem é que a ACAPO só faz a Semana de Portugal e a Gala de Atribuição de Bolsas de Estudo e mais nada. O resto do ano não faz nada. Como é que rebate estas críticas?
JME: Primeiro, e a pessoa que tem essa opinião, não sabe que não é uma semana de celebração do Dia de Portugal. Aliás, no início eram três dias e foi para uma semana. Agora são dois meses e dentro de dois meses houve 28 eventos. 28!

MS: Mas esses eventos são promovidos pelas próprias associações e pelos clubes, e a ACAPO integra-os num programa…
JME: Mas o organismo e a iniciativa foi feita durante muitos anos em criar uma representação mais dinâmica. O mês de junho é considerado português. Porquê? Por causa da aliança? Não é por causa de algum político. Foi o trabalho que a Aliança tem feito e os clubes afiliados com a Aliança. Aquilo que acontece é que muitas organizações portuguesas não são conhecidas durante um ano inteiro, mas naquele dia são. Porquê? Porque a Aliança organiza e chama a todos, membro ou não membro? Todos podem participar. Custo zero. Se calhar a comunidade não percebe isso. Quando há aquele grande desfile com milhares e milhares de pessoas a ver aquilo, eles, os clubes, não pagam nada. Seja filiados ou não afiliados com a Aliança. A apresentação das bolsas tem sido uma das melhores vitórias que a Aliança tem tido e muitas pessoas não dão valor. É graças à nossa relação com a LiUNA. E este ano demos um recorde de bolsas, não só em número de bolsas, mas também a quantia de dinheiro. Porquê? Porque o nosso futuro são os jovens? É o nosso futuro. É a educação e a Aliança foi a primeira ir aos clubes e dizer “olha, eu quero uma bolsa de todos vocês”. Por exemplo, os clubes, a tendência é de dizer que os jovens não participam, que os jovens não querem saber da continuação da nossa cultura. Tem se de investir nos jovens, dar o exemplo para eles serem ativos. E por isso é que haverá uma grande onda de jovens que querem participar na continuação do movimento da nossa cultura. Nós saímos da pandemia, e a preocupação era que a maior parte dos ranchos iam desaparecer. Nós temos ranchos com 80 elementos, onde 30% nem portugueses são.
Nós temos ranchos, membros da Aliança onde amigos de crianças portuguesas, de outras etnias chegam e dizem: ”olha, eu quero dançar no Rancho Folclórico português”. E isso, indiretamente, tem acontecido à volta do trabalho que a Aliança tem feito. Muito com a ajuda da media e o seu trabalho de promover a cultura portuguesa. A cultura portuguesa hoje em dia em Toronto tem um impacto. E o crédito disso tem que ser dado, indiretamente, à Aliança. Tem que se dar valor ao trabalho que a Aliança tem feito durante o ano inteiro, indo a festas todos os fins de semanas, se calhar diretamente em competição umas com as outras. Isso é uma crítica que eu aceito. Não há razão nenhuma para ter quatro aniversários no mesmo sábado.

MS: A Aliança não poderia ter um papel de coordenação nesse ponto?
JME: Mas nós temos reuniões todas primeiras terça-feiras de cada mês, e esse é o primeiro debate que vai para a mesa. Há um calendário durante 52 semanas. Nós estamos aqui todos juntos, não podemos resolver isto? Isto não é uma crítica sobre a Aliança. É uma crítica àqueles presidentes que marcam eventos sobrepostos a outros muitas vezes de associações da mesma região. Quando eu respeito isso, aí sim, isso é que é liderança. Isso é que é o futuro da aliança. E eu estou disposto para trabalhar com o Paulo ou qualquer outra pessoa. Mas do momento que eles percebem o trabalho que isto pede. Isto não é um mar de rosas. Nem imaginam. E vão criar mais inimigos, do que amigos. Que isto do trabalho voluntário é imperfeito e não se pode agradar a todos. E há certas personalidades que não estão prontas para isso e personalidades frágeis. Isto é importante. Não estão prontas para críticas. Esta pessoa aqui não quer saber de críticas.

MS: Já agora, por falar em críticas, o Paulo Pereira na entrevista que nos concedeu falou da não apresentação de contas da ACAPO.
JME: Bla bla bla bla bla bla bla bla bla bla bla. O Paulo devia ter vergonha porque ela é contabilista. Ele tem ido a todas as assembleias da Aliança e tem votado em favor dos relatórios. Se ele não estava satisfeito, fazia perguntas antes? Não há nenhum relatório mais transparente na comunidade portuguesa do que o relatório da Aliança. E digo outra coisa os nossos relatórios, quem quiser, qualquer membro da media que quiser tem uma cópia. Nós mandamos. As outras organizações não fazem isso. A Federação não faz. O Congresso, quando existia, não fazia. Mas nós somos sempre transparentes. Agora, há uma coisa que eu ouvi uma entrevista este fim de semana, uma crítica diretamente à parte aos orçamentos. Um orçamento é apresentado antes da festa. Um relatório é a realidade do que aconteceu, apresentado depois no fim do ano. Uma coisa não tem nada a ver com a outra. Tu podes apresentar um orçamento de 500.000$ e só gastar 250, que é o nosso dever é não gastar. Agora estou a ouvir uma entrevista e ouço, mas isto estas pessoas nem são profissionais, não sabem fazer as perguntas, estão a fazer um orçamento de 750.000$. Como é que custa tanto dinheiro? Para onde é que o dinheiro foi? Não, a Aliança não gastou 280. Mas o orçamento tem de ser apresentado dentro das possibilidades daquilo que nós estamos a dar, a criar. E depois, com as realidades de falta de patrocínio, por exemplo, a primeira vez em dez anos, este ano passado não recebemos nada do Governo. Porquê? Se calhar por causa desta divisão. Eu posso ir lá à Assembleia no dia 1 de outubro e dizer: “olha, nós perdemos a bolsa da da província, se calhar porque houve dois ou três telefonemas contra o nosso trabalho. É uma realidade que eu sei, mas não quero entrar por aí. Quero entrar naquela assembleia e criar a união do espírito que nós vamos continuar a trabalhar juntos. Os clubes, a maior parte dos clubes querem continuação e, ao mesmo tempo, novas ideias. Isso é que vai ser a mensagem da Mesa do Conselho dos Presidentes, liderado pela Kátia e ainda no meu nome, como presidente da Direção. Mas se alguém quiser o título do Presidente com mérito, eu estou disposto para ajudar essa pessoa. Eu não preciso ser Presidente, não tenho interesse nenhum. Eu já tenho 27 anos, já fui presidente do Conselho dos Presidentes, já fui diretor só da Semana de Portugal. Mas quero manter um espírito de trabalho para criar esta realidade, que vai manter-se ano após ano. Que isto pode desaparecer, assim com muito tem desaparecido na nossa comunidade.

MS: Além da continuidade, o que é que propõe aos membros para o próximo mandato, que vai começar a 1 de outubro?
JME: O que já está a acontecer. A Parada não pode continuar naquelas bandas. Só essa realidade leva muito trabalho e muita visão. O Paulo não tem personalidade para fazer isso, nem sabe onde é que vai bater à porta. A Parada vai sair da Dundas porque os clubes optaram por isso. Os clubes nas últimas duas ou três reuniões mostraram que não estão satisfeitos com aquilo que tem acontecido há dois anos. A Dundas já não representa o sector comercial da nossa comunidade. Por isso, eu estou lá a bater à porta para quê? Eles trataram-nos mal. Eles nunca tiveram respeito por nós. Vamos mudar para a Saint Clair e aí estamos a promover o comércio português, que casa a casa é tudo português hoje em dia e não só da parte residencial. O bairro que mais representa os portugueses é o bairro lá em cima, na Saint Clair. Por isso, é mais fácil para a minha tia, a minha avó, apanhar uma cadeira e ir ali ver a parada. Inclusive 18 clubes afiliados com a Aliança são do bairro, perto da Saint Clair. Portanto, é tudo movimento positivo, nós vamos trazer a grandeza da nossa celebração. Outra coisa que vai facilitar é aquilo que obrigatoriamente a celebração precisa – o Festival ao Ar Livre a partir do momento em que você encerra a Parada e entra automaticamente no Earlscourt Park. Voltamos àquelas memórias das grandes semanas de Portugal. É isso. Depois deste período da pandemia, de complicações de criar um evento e tem que ser o próximo futuro da Aliança. E por isso é que eu quero trabalhar, seja com o Paulo ou não. A partir do momento que isso está feito. O meu trabalho está feito. Liderar a Aliança. Não tenho interesse nenhum. Os clubes podem optar e decidir o que eles querem. Mas não vou abandonar a Aliança. Eu acho que não tem direito de pôr pessoas fora que querem voluntariar-se. Isto é um organismo de voluntários.

MS: Acredita no futuro da comunidade portuguesa tal qual a conhecemos hoje?
JME: A comunidade portuguesa em Toronto é diferente de qualquer outra comunidade. O português tem bairrismo. Eu adoro ser português, mas sou nazareno primeiro. E nota-se aquele orgulho que têm pelas suas tradições. Os nossos ranchos folclóricos nunca estiveram melhores do que agora. Eu estou a ver o desfile da Parada e estou a ver associações com 300 pessoas, onde 80% são crianças de 3 a 18 anos. Isto não indica que a comunidade vai desaparecer amanhã. Ao contrário, isto indica que vai manter-se. Nós não somos respeitados politicamente nem o que não temos poder em voto. Isso é outra parte. Eu tenho fé que a semana de Portugal cada vez vá ser maior. E aquilo que é português cada vez vai ter mais visibilidade. As vitórias não acontecem só dentro das quatro linhas, vitória também é o orgulho que as crianças têm em ser portuguesas hoje em dia. Bem diferente daquilo que eu passei quando cheguei aqui em 74. Eu entrei na Aliança em 97, nem falava português e foi o que a Aliança tem mudado, com muitas complicações da minha vida. O maior prazer que eu tenho tido enquanto Presidente da Aliança é que agora posso transmitir as minhas ideias na minha língua. Eu considero-me rico graças ao que tem acontecido na minha vida, à volta do meu movimento na Aliança. E muitas pessoas têm o mesmo sentimento.
MB/MS

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