MDC Music ajuda artistas a conquistarem mercado canadiano
A MDC agencia neste momento cinco artistas- Dani Doucette, Nick Souza, Peter Serrado, Ruby Anderson e Tea Valentina. A nível musical o grupo de artistas é bastante diversificado e passa por vários géneros – pop rock, hip hop, R&B e pop. A média de idades dos artistas também é variada, o que não dá tempo para erros. Tea e Ruby são as mais jovens, com 11 e 17 anos respetivamente e depois seguem-se Nick com 21 anos, Peter com 28 e Dani com 35 anos.
A MDC Music começou em 2020 e quer ajudar os artistas a lançarem-se no mercado musical. Para isso conta com a ajuda de empresas estratégicas que fazem a ponte entre os media e a cena musical. Reno Silva é manager dos cinco artistas. Com uma carreira ligada desde sempre à música o seu trabalho passa por encaminhá-los para que não percam tempo com erros. Em entrevista ao Milénio Stadium o manager diz que na opinião dele o mais importante para um artista é ser genuíno porque só assim consegue construir uma relação de confiança com o público.
Milénio Stadium: O que é que fazes exatamente na MDC Music?
Reno Silva: Eu sou o manager destes cinco artistas, tento orientar sobre o que devem ou não fazer, com base na experiência que tenho. Cada artista tem de ser único e nem todos têm essa característica. Estamos sempre atentos ao mercado e o nosso trabalho é fazer com que eles acompanhem a evolução do mercado. Ajudo no palco, no estúdio, já fiz produção com quase todos os nossos artistas. Produzi o primeiro CD do Peter, já fiz algumas músicas com a Dani, agora estou com a Ruby e já estou a fazer algumas músicas com o Nick e com a Tea. Estou presente no processo de criação logo no início. Quando a Ruby se juntou à família MDC Music ela só fazia letras, mas agora já cria músicas. O Nick quando integrou a nossa equipa precisava de trabalhar mais algumas áreas da carreira dele. Desde a forma de cantar até à forma de vestir, tudo importa para a carreira de um artista. Tenho muita sorte porque não tenho artistas problemáticos, todos são muito profissionais e focados nos seus objetivos. O Peter foi o nosso primeiro, os outros quatro entraram para a nossa família durante a pandemia. O Peter tinha quatro tournées confirmadas na Europa e foi tudo cancelado por causa da pandemia.
MS: A MDC Music tem cinco artistas agenciados, mas todos eles cantam em diferentes géneros musicais. Isso torna o teu trabalho de promoção mais difícil?
RS: Não diria que é mais difícil, é apenas preciso falar com pessoas diferentes. Julgo que quando estabelecemos ligações com pessoas diferentes da indústria ficamos mais fortes como empresa. E isso no futuro beneficia também os artistas. Mas uma mão lava a outra e há coisas que posso usar para vários artistas. Com a Dani e o Nick posso usar as mesmas pessoas para fazer a promoção, as relações-públicas, playlist. Cada estilo de música tem as suas próprias regras. Por exemplo a Ruby e o Peter vão atuar ao vivo sempre com uma banda, mas a Dani e o Nick é mais com DJ. A Tea tem 11 anos, mas já é a perfect pitch. Ela quando chega da escola vai logo para o piano e para a guitarra. Apesar de ela ainda ser muito nova quando crescer vai ser uma cantora muito completa. Mas ela ainda tem muito tempo pela frente e agora tem de aproveitar a infância.
MS: Os IPMA são um desses exemplos?
RS: Julgo que são importantes para dar voz aos nossos artistas da comunidade portuguesa. Entrei nos IPMA como artista em 2014 e quando comecei a trabalhar com o Peter achei que ele tinha que entrar também nos IPMA. Mas claro que sonho que a Ruby, o Nick e a Tea também sejam reconhecidos um dia pelos IPMA. A Dani é a nossa única artista que não tem origem portuguesa. Os IPMA são uma experiência extraordinária para qualquer artista.
MS: Como é que funciona a promoção dos artistas no mercado canadiano?
RS: Tudo depende da fase da carreira em que o artista está. Um artista novo não tem muito para promover porque está a dar os primeiros passos. A maioria das TV’s, rádios e revistas promove um artista que já tem trabalho feito. Mas trabalhamos sobretudo com empresas de relações públicas, com a Strut Entertainment, que é uma das três melhores agências do Canadá. Eles são responsáveis por criar oportunidades para os nossos artistas nos media canadianos. Mas também trabalhos com empresas que fazem promoção nas redes sociais e que colocam a música dos nossos artistas nas playlists, no Spotify, na Amazon Music, em filmes, telenovelas, etc. Na MDC Music produzimos publicidades que depois são partilhadas no Google, Youtube,…
MS: Alguns destes artistas têm origens portuguesas e o Nick Sousa é brasileiro. Dirias que isto é uma mais valia, no sentido em que consegue chegar a mais mercados?
RS: O Nick é um artista muito interessante porque ele tem dois mercados. Estamos habituados a preparar os lançamentos para entrar nas playlists do verão. O Nick tem dois mercados que funcionam em épocas opostas. Quando temos inverno no Canadá, no Brasil é verão. O Brasil é um mercado enorme, mas é uma oportunidade para a MDC Music crescer. O Brasil é um dos países onde é mais económico fazer promoções, pelo menos quando comparado com o Canadá. É um país gigante a nível de influencers, mas se tens a equipa certa podes ter sorte e entrar no mercado. O Nick está sempre atento ao mercado brasileiro e quando escreve as suas músicas é sempre a pensar em ambos. Julgo que o Nick pode abrir portas para outros futuros artistas de origem brasileira. Mas digo sempre aos artistas que é importante fazerem as suas músicas, não quero que eles estejam a cantar as minhas letras se é algo que não faz sentido para eles. Julgo que se cada um for genuíno tem muito mais hipóteses de o público se identificar.
MS: Sempre estiveste ligado à música, que futuro é que antecipas para este setor?
RS: Acho que a COVID-19 nos trouxe novas oportunidades. O streaming e as atuações ao vivo deram-nos muitas mais possibilidades. Antigamente era só uma atuação e pronto. Isto agora parece o UFC, tem muitas audiências lá mas a maioria das pessoas está a assistir na TV em casa. Isto abre muitas oportunidades porque vamos poder assistir aos concertos de um determinado artista a partir de diferentes partes do mundo. Acho que este novo modelo vai crescer e veio para ficar. Julgo que é um novo mercado, não só para artistas, mas para patrocinadores que podem ver no streaming uma oportunidade para promoverem os seus produtos. Julgo que a duração dos concertos pode ser estendida e em vez de termos uma banda a abrir um concerto aqui no Canadá, podemos ter duas ou mais em vários países.
MS: Que características é que um cantor/compositor/músico tem de ter para conseguir sobreviver na indústria?
RS: Tem várias, mas a mais importante é ser genuíno. Depois começam a aparecer mais oportunidades para tocar ao vivo. Outra característica que ajuda é nunca perder a vontade de aprender. A música é um universo gigante e exige um trabalho de aprendizagem contínuo, só assim é que um artista sobrevive. A boa música é intemporal e vai ser transmitida ao longo de gerações.
Joana Leal/MS
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