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Macedo Wine – Mês das vindimas

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Créditos: Revista Amar

Estamos em pleno mês das vindimas. Tempo de colher as uvas que vão depois transformar-se em vinho. A Macedo Wine tem, nesta altura do ano, uma missão especial – ajudar os portugueses de Toronto a produzirem o seu próprio vinho. Yvonne Macedo prontificou-se a dar-nos a conhecer um pouco do processo, as castas e o futuro desta arte tradicional.

MS: De que modo servem as pessoas que pretendem produzir o seu próprio vinho? Vendem só as uvas ou têm também um serviço de orientação e aconselhamento?

Yvonne Macedo: Nós temos esses três serviços, mas também temos a maquinaria necessária para a produção do vinho.

MS: E como é que se faz vinho com a Macedo Wine?

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Yvonne Macedo. Créditos: Carmo Monteiro

YM:duas maneiras de fazer o vinho e depende do que o cliente deseja. Na primeira opção – e é o que muito clientes ainda fazem -, o cliente compra as caixas de uvas que precisa e leva para casa e faz todo o trabalho em casa, que é: esmagar, fermentar e prensar a uva. Na segunda opção, o cliente compra as caixas que precisa e nos nossos lagares esmagam a uva. A partir daqui há duas possibilidades de continuar o processo. Depois da uva esmagada, o cliente também pode moer e espremer aqui e leva só o suco para casa. Com este processo rende mais em quantidade porque quando estão a prensar a uva forma-se um pouco de borra, que obviamente vai misturada com o suco, mesmo durante a fermentação e só depois é que se vai depositar no fundo do recipiente. Este processo dá mais trabalho ao cliente e como durante a fermentação não tem o bago da uva, o suco não vai ter a cor que o cliente normalmente gosta. O bago da uva tem muitas enzimas que são necessárias para a fermentação e para ir buscar as propriedades da uva. A outra maneira de se fazer, e é a que nos aconselhamos, porque para nós é a mais eficaz, é só esmagar a uva e o cliente deixa que a fermentação se faça assim, o bago com o suco. Deste modo e consoante o gosto do cliente, a cor do vinho é determinada por ele: quanto mais tempo o suco fermentar, mais escuro vai ficar. Depois vai ter que prensar, se tiver uma prensa em casa, porém muitas pessoas vivem em apartamentos ou em lugares que não têm acesso a uma prensa e daí a escolha do primeiro processo e de já só levarem o suco para casa. Mas, como disse, o melhor processo é levar o bago com o suco, porque o resultado é um vinho com melhor cor e qualidade.

MS: Ainda há muita gente a comprar as uvas para fazer o seu vinho?

YM: Sim, mas já não é como era há 30 anos.

MS: São os mais velhos ou também já começam a aparecer as novas gerações?

YM: É a geração mais velha. A nova geração, não e nem estou a vê-los a entrar no comércio da uva. Podemos ver os netos a acompanhar os avós ou os filhos com os pais mas é mais pela experiência e não acho que venha a ter futuro. Os nossos portugueses e mesmo a comunidade italiana está a ficar envelhecida e não estamos a ver novos emigrantes e penso que em poucos anos a procura de fazer vinho deste modo vai diminuir drasticamente.

MS: E, na sua opinião, qual é a razão ou razões desse desinteresse por parte da geração mais nova? 

YM: É fácil de explicar. Os emigrantes portugueses, italianos e de algumas partes da Europa vieram de partes dos seus países onde fazer vinho caseiro fazia parte da tradição deles e trouxeram essa tradição com eles para cá e continuaram-na. Agora para os filhos já é completamente diferente, porque vivem num mundo diferente, onde as coisas já estão feitas e basta ir ao supermercado ou à adega comprar uma garrafa de vinho, sem terem que ter o trabalho que os avós ou pais tiveram.

MS: Que castas são mais procuradas?

YM: Pelos portugueses é Alicante, Grenache e Carignane, mas nos últimos anos temos tido uma grande mudança porque nós tentamos educar os clientes para outro tipo de castas, e assim sendo, têm vindo a comprar castas de melhor qualidade como o Cabernet Sauvignon, Merlot, Syrah, Cabernet Blanc, Chardonnay, etc.. Claro que é uma uva mais cara, mas que faz, obviamente, um vinho de maior qualidade. E nós não nos podemos esquecer que o português que faz o vinho em casa gosta de dar a provar ao vizinho, ao amigo ou ao familiar porque têm um certo orgulho do resultado… mas os italianos são iguais!

MS: Se tivesse que recomendar uma casta de tinto e outra de branco, quais seriam?

YM: Sem dúvida alguma, para vinho tinto recomendava Cabernet Sauvignon e para vinho branco Chardonnay, mas este vinho tem que envelhecer na garrafa durante dois a três anos para ficar bom!

MS: Que castas produzem um vinho que se conserve durante mais tempo?

YM: Qualquer casta que tenha um teor elevado de açúcar. Quanto maior é teor de açúcar mais alta é taxa/percentagem de álcool e há várias, como o Cabernet Sauvignon, Merlot, Grenache, Misal, etc.. O segredo da conservação do vinho é a combinação da qualidade da casta com o tipo de armazenamento, ou seja, vasilhas, pipos, cubas, garrafas, etc. e se estão bem seladas. Estes três fatores são muito importantes.

MS: Que vantagens se tem em fabricar o próprio vinho – económicas? Ou o saber exatamente o que estão a beber?

YM: Há vantagens económicas. Apesar que a uva está cara, ainda assim é conveniente o próprio fabrico de vinho porque se dividir o preço de custo pelo ano inteiro, faz sentido. Na hora até pode ser um valor alto, mas depois feitas as contas e comparar ao preço das garrafas dos mercados, nota-se a diferença no que se poupou e pessoas da minha geração e mais velhas gostam de poupar e essa é uma das razões porque continuam.

Carmo Monteiro/RA

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