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Lixo contaminado – Um problema que custa caro aos moradores de Toronto

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Créditos: DR

Numa sociedade que produz cada vez mais lixo, o desafio das grandes cidades é tentar, da melhor maneira possível, fazer com que pelo menos parte desse material possa ser reutilizado e tenha um destino diferente do que os aterros sanitários. Reciclar é uma necessidade em especial numa cidade como Toronto, a mais populosa do país. Por ano se produz no município 900 mil toneladas de lixo de todos os tipos, sendo que mais de 100 mil toneladas são de lixo reciclável.

A coleta desse material funciona através de um programa de reciclagem de fluxo único, onde todos os produtos são depositados na lixeira azul (blue bin) e depois recolhidos pela prefeitura. Para ali vai o vidro, plástico, metal e diferentes tipos de papel. A prefeitura classifica o programa adotado como um dos maiores e mais bem-sucedidos em termos de reciclagem na América do Norte, apesar de atuais dificuldades que possam existir nesse setor devido as mudanças nos mercados globais de reciclagem que resultaram numa oferta excessiva de lixo e menos compradores, como destacou a Diretora de Políticas, Planejamento e Estratégias da Solid Waste Management Services, da prefeitura de Toronto, Annete Synowiec: “A cidade ainda é capaz de encontrar mercados para vender os recicláveis mas de fato estamos recebendo menos retorno financeiro do que antes.”

O material reciclável tem como destino uma Unidade de Recuperação de Materiais (Material Recovery Facility) – um local especializado que recebe, separa e prepara os materiais recicláveis para serem vendidos tanto para o mercado local como internacional. Essa seleção é feita tanto manualmente como por máquinas.

Mas nem tudo que poderia ser reaproveitado de fato o é. Segundo dados da prefeitura de Toronto, de todo o lixo reciclável produzido na cidade cerca de 30% acaba indo parar nos aterros sanitários devido à contaminação. Os resíduos orgânicos são os maiores causadores desse problema. Um frasco de manteiga de amendoim que não foi lavado, recipientes de plástico que não foram limpos e contenham restos de vegetais, por exemplo, ou uma caixa com apenas um pouco de suco podem contaminar um fardo inteiro de lixo que poderia ser reutilizado. “A contaminação custa à cidade milhões de dólares por ano em taxas extras de processamento, além disso também pode danificar os equipamentos de separação do lixo e fazer com que materiais que poderiam ser reaproveitados acabem em aterros sanitários”, reforça a Diretora de Políticas, Planejamento e Estratégias da Solid Waste Management Services.

A falta de espaço para a construção de novos aterros sanitários é uma questão que preocupa governos de todas as esferas. A divisão de Serviços de Gerenciamento de Resíduos Sólidos de Toronto confirma que baseado no atual volume de resíduos produzido, o aterro sanitário Green Lane Landfill em Southwold Township, para onde é levado o lixo dos moradores daqui, tem ainda 15 anos de uso até atingir a sua capacidade. E em Ontário o espaço e a disponibilidade das cidades em aceitarem construir aterros é cada vez mais limitado. Uma emenda aprovada no ano passado na Lei de Avaliação Ambiental deu aos municípios localizados num raio de 3,5 quilômetros de um futuro aterro sanitário o poder de vetá-lo. Anteriormente, era necessária apenas a aprovação da cidade que iria receber o aterro para que ele pudesse ser construído.

 Lixo contaminado Um problema-toronto-mileniostadiumQuestões como essas, a falta de futuros novos espaços para depositar nosso lixo e a maior exigência de compradores de materiais recicláveis, são consideradas pela prefeitura. Por isso Annete Synowiec diz que um estudo está sendo realizado e deve ser concluído até o final deste ano, para apresentar opções e recomendações de médio e longo prazo para a Câmara Municipal em relação à coleta e seus pormenores.

Por enquanto, a estratégia adotada para tentar minimizar esses problemas é reforçar a educação dos cidadãos, seja para o despejo adequado de materiais que vão para a lixeira azul seja para um consumo mais consciente. “Continuamos a priorizar políticas e programas que apoiem a redução da produção de lixo e a reciclagem, a fim de reduzir a quantidade de lixo que vai parar no aterro e minimizar quaisquer impactos ambientais e sociais associados na nossa e em outras comunidades”, destaca Annete. Para aqueles moradores que possam ter dúvidas sobre o que de fato pode ser colocado na lixeira azul ou qual a maneira correta de fazê-lo, pode baixar o aplicativo TOwaste no celular ou procurar informações no Waste Wizard, uma ferramenta de busca do site da prefeitura que esclarece dúvidas. A representante da prefeitura conclui: “Reduzir a quantidade de lixo que produzimos deve ser sempre a prioridade, pois quanto menos lixo for produzido, menos haverá para ser gerenciado”.

As pessoas são encorajadas a praticarem a política dos três R’s: reduzir, reutilizar e reciclar e desta forma colaborar com os governos para diminuir a produção do lixo. Para quem vive em Toronto, a partir do ano que vem, a autarquia decidiu aumentar a taxa de lixo em 2,7%, o que significa que de acordo com as dimensões da sua lixeira deverá pagar entre $8 a $16 a mais.

Lizandra Ongaratto/MS

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