Laurentino Esteves considera que o “folclore Comunitário é um património vivo da Cultura portuguesa no Canadá”

O folclore português voltou a ganhar destaque na comunidade luso-canadiana com a realização de um evento memorável no Portuguese Cultural Centre of Mississauga (PCCM), que acolheu uma Tertúlia sobre folclore minhoto, culminando com uma vibrante atuação de elementos de nove ranchos vindos diretamente da região de Viana do Castelo.
Mais de 700 pessoas assistiram ao espetáculo no dia 3 de Maio, que trouxe até Toronto um pedaço genuíno da alma portuguesa. A iniciativa, que teve início com uma sessão de partilha e reflexão cultural na noite anterior, destacou a riqueza e autenticidade das tradições populares do Minho, reforçando a importância do folclore como elo de ligação entre gerações e entre comunidades espalhadas pelo mundo.

Laurentino Esteves, Comendador e Conselheiro das Comunidades Portuguesas no Canadá, foi uma das figuras centrais do evento e partilhou a sua visão sobre o papel vital do folclore na coesão e identidade da comunidade. “Aceitei sem hesitar o convite para refletir sobre este tema, porque acredito que o folclore é uma mais-valia, uma forma viva e participativa de manter as nossas raízes”, afirmou.
A pandemia de Covid-19 trouxe tempos difíceis para os ranchos folclóricos, muitos dos quais viram as suas atividades suspensas e alguns até desapareceram. No entanto, os grupos que resistiram demonstraram uma resiliência notável. “Reemergiram mais fortes, mais coesos e motivados”, sublinha Laurentino Esteves, que há 37 anos acompanha de perto a vida cultural da comunidade portuguesa em Toronto.
Apesar dos desafios, o entusiasmo da juventude mantém-se como sinal de esperança. “As associações com ranchos são, geralmente, as que têm mais jovens envolvidos. Isso mostra que os nossos jovens têm orgulho nas suas raízes”, destaca Esteves, lamentando apenas que algumas direções associativas não saibam capitalizar este valioso voluntariado cultural. Ainda assim, nem tudo são aplausos. O conselheiro fez questão de apontar o desrespeito com que, por vezes, os grupos folclóricos são tratados em eventos comunitários. “Os ranchos são muitas vezes usados como mero adereço decorativo. É fundamental que passem a ser tratados com a dignidade que merecem”, defendeu, apelando a uma maior valorização interna e externa do trabalho desenvolvido por estes grupos.
O evento no PCCM provou que, quando bem organizadas e respeitadas, as manifestações folclóricas podem ser um veículo poderoso de união e afirmação cultural. No entanto, a fraca representação dos ranchos locais na tertúlia do dia 2, apenas quatro marcaram presença, levanta questões sobre o envolvimento e sentido de missão de alguns dirigentes culturais.
A mensagem de Laurentino Esteves é clara: “O folclore comunitário não é apenas entretenimento. É lazer com memória, tradição com identidade, cultura com alma. Não podemos perder esta riqueza, sob pena de não a recuperarmos mais”.
Rómulo Medeiros Ávila/MS
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