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JMJ: Lisboa prepara-se para acolher milhão e meio de jovens

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O anúncio oficial aconteceu na Cidade do Panamá pelo Papa Francisco – Lisboa seria a próxima cidade a acolher a Jornada Mundial da Juventude. Na ocasião, as mais altas instâncias do país – Presidente da República, Presidente da Assembleia da República e o primeiro-ministro António Costa – juntamente com o então presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Fernando Medina, todos expressaram o seu júbilo e satisfação pela escolha. E todos, nomeadamente o Governo e a CM Lisboa rapidamente garantiram que tudo fariam para que a JMJ fosse um sucesso.

Foi escolhido o Parque Tejo para se realizar a vigília e a missa de encerramento da JMJ – dois momentos altos de todo o evento e onde se espera que estejam presentes cerca de um milhão e meio de jovens. E esta foi uma decisão aplaudida por todos. No entanto, sabia-se à partida que o local escolhido iria exigir um enorme investimento, na ordem dos muitos milhões, para transformar um terreno pantanoso e contaminado com resíduos químicos, num parque capaz de acolher mais de um milhão de pessoas. A verdade é que assim tudo se conjugava para Lisboa conseguir, finalmente, concluir a reabilitação de uma área à beira Tejo, que foi iniciada com a construção da Expo 98 – onde um aglomerado de ruínas industriais se transformou naquilo que é hoje o muito agradável Parque das Nações.

Em setembro de 2021 Carlos Moedas derrotou Fernando Medina e tornou-se presidente da Câmara e a organização da Jornada Mundial da Juventude caiu-lhe no colo. Ainda por cima segundo rezam as crónicas, esse dossier estava ainda completamente parado, a menos de dois anos de distância.

Agora a Câmara de Lisboa tem um orçamento aprovado de 35 milhões de euros para a Jornada Mundial da Juventude, a que se somam as parcelas que Loures, a Igreja e o governo vão despender, e que incluem uma ponte ciclo-pedonal sobre o Rio Trancão (3 milhões), a requalificação de um aterro sanitário (7 milhões) e demais infraestruturas, num custo total avaliado em 80 milhões de euros.

As notícias saídas recentemente trouxeram para a praça pública este e outros valores que escandalizaram Portugal. E a pergunta mais insistente era – é legítimo gastar 4 milhões num palco, num país que tem tantos e tantas a viver com extrema dificuldade?

Por outro lado, o recurso a ajustes diretos para a maioria das obras da Jornada Mundial da Juventude, também tem levantado um clima de suspeição, mas a verdade é que essas empreitadas foram lançadas demasiado tarde, já que como já sublinhei, quando o executivo de Moedas chegou ao poder nada tinha ainda arrancado.

Filipe Anacoreta Correia é vice-presidente da Câmara Municipal de Lisboa e aceitou esclarecer-nos sobre tudo o que está a ser feito, neste momento, para garantir que, no princípio de agosto, num terreno junto ao Tejo se juntem todos os jovens que vão rumar a Lisboa para se encontrarem com a fé e com o Papa. Mais de um milhão e meio.

Filipe Anacoreta Correia - milenio stadiumMilénio Stadium: A equipa que governa atualmente a Câmara Municipal de Lisboa herdou esta responsabilidade, de garantir que as JMJ aconteceriam na capital, em que circunstâncias? É verdade que quando o Dr. Carlos Moedas assumiu a Presidência não havia praticamente nenhum trabalho feito? Nem de planeamento, nem tampouco de orçamentação do evento?
Filipe Anacoreta Correia: O enquadramento da situação é já bem conhecido de todos e não vale a pena voltarmos a olhar para o passado. Penso que as pessoas não têm já grandes dúvidas sobre isso. De qualquer forma, a única ação concreta foi o lançamento de um concurso de uma empreitada a 15 ou 20 dias das eleições autárquicas. Isto são factos, mas nesta altura já pouco interessa. O importante é mantermos a vontade, o empenho e a responsabilidade que assumimos desde a primeira hora para garantir que tudo corra bem neste evento de importância máxima para Portugal.

MS: Relativamente ao polémico palco/altar – o que justifica a escolha de uma estrutura daquela dimensão e respetivo custo?
FAC: A estrutura do Palco Altar está pensada para ser vista pelo maior número de pessoas possível. Com as previsões do promotor do evento da JMJ (Igreja) a apontarem para 1 milhão e 500 mil pessoas, a natureza do palco foi pensada para essa circunstância e porque está implantada numa área de terreno de quase 38 hectares e com uma extensão de 3 quilómetros de comprimento entre o altar e a última parcela do terreno em Loures. É muito diferente fazer um palco para um festival que congrega 80 mil pessoas, do que este evento, em que só do lado de Lisboa estão previstas estar até 400 mil pessoas. No total, este evento é 15 vezes maior do que um festival de música como o Rock in Rio, por exemplo.

MS: A escolha do local, Parque Tejo, ou seja, de uma área que necessitava de obras profundas de requalificação para acolher um evento desta dimensão, foi na sua opinião uma boa escolha? Lisboa (e Loures…) vai ficar a ganhar (numa perspetiva de futuro), tal como aconteceu com a requalificação que aconteceu na zona onde decorreu a Expo 98?
FAC: A escolha foi feita num momento anterior ao da entrada em funções deste executivo. O que se pode dizer agora é que esta área ficou esquecida no tempo. A intervenção estava pensada e vinha na sequência do plano de reabilitação ribeirinha dos tempos da Expo 98. Finalmente vai avançar e Lisboa vai agora ganhar um espaço de parque urbano numa zona reabilitada que até há 1 ano era um aterro sanitário. Um espaço que poderá ser polivalente que vai ficar para o futuro da cidade de Lisboa. No fundo, a propósito da Jornada Mundial da Juventude fica finalizada a reabilitação do parque Tejo Trancão que será de usufruto futuro dos cidadãos de Lisboa.

MS: Como vai Lisboa acolher naqueles dias cerca de 1,5 milhão de pessoas? A cidade está preparada para isso?
FAC: Lisboa está a preparar-se para o evento. Entre as várias responsabilidades da Câmara Municipal está, claro, a receção dos milhares de jovens que até Lisboa se vão deslocar na primeira semana de agosto (alguns chegarão até uma semana antes). Temas como a segurança, a mobilidade e a saúde, são macro, no sentido em que dizem respeito à área metropolitana de Lisboa, e por isso são responsabilidade do Governo português. Do lado da edilidade de Lisboa, estamos a trabalhar para que a circulação na cidade seja o mais ágil possível dadas as características que este evento terá. A repartição dos eventos por vários pontos da cidade será instrumental para se conseguir minorar os efeitos, que serão, forçosamente evidentes, na entrada de 2 a 3 vezes a população de Lisboa na nossa cidade entre 1 e 6 de agosto.

MS: Como e com que entidades está a Câmara Municipal de Lisboa a trabalhar no sentido de garantir a segurança dos visitantes e dos próprios lisboetas?
FAC: O SSI, Sistema de Segurança Interna do Estado é determinante a este propósito. Não só serão responsáveis pela segurança dos eventos, mas como também pela segurança dos locais. E tudo será feito de acordo com o que nos for transmitido pelo SSI, respeitando acima de tudo, as regras de segurança. O SSI e a Câmara Municipal estão em articulação e aguardam que seja comunicado o plano de mobilidade pelo qual o Governo é responsável.

MS: Que verdade existe quando se diz que serão os promotores de festivais de grande dimensão que já acontecem em Lisboa que virão a beneficiar com os investimentos/gastos que estão a ser feitos para acolher as JMJ? Já há decisões tomadas relativamente ao futuro, por exemplo do famoso palco/altar?
FAC: Quem irá beneficiar com os investimentos realizados no Parque Tejo Trancão são os cidadãos de Lisboa, os habitantes da área metropolitana de Lisboa e todos os que vierem a usufruir do futuro parque urbano de Lisboa que faz parte da nova orla ribeirinha da cidade, que irá contar, além do parque, com a nova ponte pedonal ciclável que fará, no futuro, a ligação numa nova ciclovia até Vila Franca de Xira.

Madalena Balça/MS

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