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“I write the songs that make the whole world sing”

No verão de 74, algumas das minhas memórias quando cheguei ao Canadá eram divertir-me nos baloiços da Christie Pits, o parque entre a Christie e Bloor Street, enquanto cantava músicas clássicas, o mais alto que conseguia, como a de Barry Manillow “I write the songs that make the whole world sing” entre outras como a música de “Jesus Cristo”, de Roberto Carlos…

Na altura mal eu sabia que essas músicas, esses momentos, iriam marcar a minha vida e relembrar-me da ‘simplicidade da própria vida’… memórias do meu primeiro amor, que o meu coração nunca se sentiria tão disposto a amar assim de novo…

Em retrospetiva, a música tem a capacidade de nos levar de volta a momentos significativos da nossa vida. Num instante, estou no Grandstand Stadium na CNE a ver David Bowie com o Luciano Alves no verão de ’83 na ‘Let’s Dance Tour’ com clássicos como China Girl e Modern Love… a vida parecia perfeita naquela noite. Dos mais de 400 concertos a que assisti na minha vida, aquele está no topo. Fui abençoado com a oportunidade de ver performances icónicas. The Three Tenors no Skydome, Prince no Phoenix Concert Theatre, U2 no RPM ou melhor ainda, Whitney Houston a cantar à capella no festival San Remo em Itália em ’86. É incrível o quanto a música nos transcende.

Ao vivermos neste mundo incerto da Covid-19, será que teremos esses momentos de volta? Será que terei novamente a oportunidade de levar uma mulher a ver ‘The Gift’ no Lee’s Palace??? Como será a ‘indústria da música ao vivo’ depois da pandemia???

Posso planear ver atuações memoráveis como ‘Amália Hoje’ no Queen Elizabeth Theatre, ver o José Cid/ Delfins a tocar até às 5h da manhã na Cervejaria Downtown ou Justin Timberlake no The Mod Club e se sim, quando?…

A nova realidade é inquietante e receosa. Muito provavelmente, não teremos música ao vivo com grandes audiências até ao início de 2021, em locais clássicos como o The Mod Club, e muito menos concertos em estádios como no Scotiabank Arena ou Budweiser Stage, nem sequer festivais no Earslcourt Park. A realidade atual, a curto prazo, será baseada em podcasts e concertos virtuais, como o programa incrível “Songs For Eva”, que a MDC Media organizou há dois fins de semana atrás. E o quão maravilhoso foi… A música ao vivo é memorável, duradoura e simplesmente faz bem à alma.

Estou verdadeiramente preocupado com o impacto permanente que o presente fenómeno pode ter na ‘indústria da música ao vivo’. Como é que as instituições que trabalham com a fibra cultural da Nossa Grande Cidade vão suportar as enormes perdas financeiras e permanecerem com as portas abertas? Como é que a sua gestão/ agentes e staff de apoio serão capazes de se adaptarem e sobreviverem ao silêncio? Isto considerando que são milhares de palcos a nível global. Espero que quando este nevoeiro passar, todos nos unamos para apoiar artistas locais, salas de espetáculos e o cenário da música local. Eles precisam e merecem o nosso apoio constante. Presentearam-nos com memórias que duram uma vida inteira, momentos de expressão intensa e com músicas com capacidade de nos fazer perder no momento…

José Maria Eustáquio/MS

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