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Home-office: Qualidade de vida e casa própria para essa família de imigrantes

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A rotina matinal na casa de Soraya Ploia e Vinícius Secatti, ambos de 35 anos, começa como a de muitas famílias canadianas. Os dois acordam cedo de manhã, arrumam e levam a filha Helena, de 3 anos, para a creche, tomam café da manhã juntos e depois seguem para o trabalho. Ao invés de longas horas de trânsito nas rodovias movimentadas de Ontário, sobem um lance de escadas e chegam até os respectivos “escritórios”. Os espaços profissionais ficam em quartos separados de casa.

Desde o início da pandemia o casal se acostumou à comodidade do trabalho remoto. E depois de já terem vivido numa grande cidade como Toronto, esse fator, não precisar se deslocar, é o que mais apreciam: “Certamente, o fato de não precisar fazer o “commute” diário é a maior vantagem do trabalho remoto, na nossa opinião. São muitos aspectos positivos ligados ao simples fato de poder ter esse tempo extra pela manhã e no final do dia, seja para tomar um café com mais calma ou mesmo para ter mais tempo e flexibilidade com a rotina familiar”, reitera Soraya.

Foi o advento da pandemia que introduziu, a princípio forçadamente, a realidade do trabalho remoto até a vida do casal. O fato de ambos trabalharem em áreas que proporcionam essa flexibilidade, atuam como gerentes de projetos em T.I, fez com que as empresas decidissem seguir esse caminho no auge da pandemia. Desde então, ambos começaram a conhecer essa nova realidade e a analisar como tirar o melhor proveito da situação. Foi a partir daí que revendo os gastos financeiros e planejando o futuro no Canadá (ambos são imigrantes brasileiros) conseguiram também realizar o sonho de comprar a casa própria por aqui. O local escolhido foi longe da agitação e dos preços exorbitantes dos imóveis em Toronto ou na GTA. Desde o ano passado a família se mudou para Exeter, uma pequena cidade de Ontário, distante aproximadamente 40 km de London. Ter a facilidade de trabalhar de casa foi um fator decisivo para essa grande conquista: “O modelo de trabalho remoto nos permitiu sair dos grandes centros e buscar opções de moradia mais acessíveis. Foi um importante passo para nossa família, que não seria possível em GTA por conta dos valores que subiram de forma descontrolada durante a pandemia e pelo grande número de pessoas tentando comprar imóveis, o que gerou uma guerra de ofertas. No nosso caso, quando compramos a casa afastada de Toronto foi uma aposta, pois ainda não tínhamos certeza se o trabalho continuaria remoto, mas na época fez todo sentido para nossa família e para o que estávamos buscando”, conta Vinícius.

E essa aposta acabou dando certo. Depois de um processo de negociação com as respectivas empresas os dois profissionais conseguiram estabelecer o trabalho remoto 100% com apenas algumas reuniões ou encontros planejados em Toronto. Em relação ao rendimento profissional, um dos tópicos que ainda gera discussões sobre esse arranjo laboral, Soraya considera que isso depende muito do profissional em si e de suas características: “Depende muito do estilo e do ambiente familiar de cada um. Durante o auge da pandemia, as empresas foram muito compreensivas e flexíveis com as famílias que precisavam lidar com trabalho, crianças em casa, além de todo estresse de lockdown. Hoje, eu vejo uma melhor estrutura para o trabalho remoto e percebo que, as pessoas que querem seguir esse modelo, buscam um equilíbrio entre vida pessoal e profissional. Porque, em casa temos muitas distrações que podem interferir no trabalho, mas também é fácil não respeitar horário de almoço, breaks e/ou final de expediente” e completou dizendo que saber equilibrar as questões pessoais com profissionais é fundamental para ser bem-sucedido no trabalho remoto.

Apesar das vantagens já mencionadas, os dois concordam que em alguns aspectos, como a sociabilização, de fato são prejudicados nessa dinâmica: “No nosso caso, durante a semana o contato social fica limitado aos que moram na mesma residência e as reuniões online de trabalho, o que pode fazer sentir-se isolado” diz Soraya e Vinicius complementa dizendo que alguns colegas de empresa ele apenas conhece através da tela do computador: “É estranho, no trabalho muitas vezes você cria até laços de amizade mas assim, online, isso é praticamente impossível”.

Apesar de algumas desvantagens a maioria dos canadianos parece ter gostado e pretende continuar a trabalhar de casa, nem que sejam algumas vezes durante a semana.

Uma pesquisa realizada na primavera deste ano pelo Instituto Ambiental de Pesquisa, em parceria com o Centro de Habilidades do Futuro e o Instituto de Diversidade da Universidade Metropolitana de Toronto, apontou que a maioria daqueles que têm trabalhado de forma remota, 78%, dizem preferir este arranjo e querem que ele continue uma vez que a pandemia abrandou. Uma nova realidade do mercado laboral que muitas empresas já abraçaram enquanto outras relutam em aceitar, segundo um estudo realizado pela Ladders, um website especializado no mercado de trabalho, que indicou que o trabalho remoto é uma realidade que veio para ficar. Segundo as projeções 25% dos empregos na América do Norte serão remotos até o final deste ano e as oportunidades de empregos para trabalhar a partir de casa vão seguir crescendo em 2023.

Lizandra Ongaratto/ MS

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