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Governo de Ontário corta apoio aos autistas

O Governo Conservador de Ontário decidiu cortar o apoio aos programas destinados a autistas. A medida vai afetar jovens com menos de 18 anos e está a gerar descontemento ao ponto de alguns pais já se terem manifestado em frente ao Queen’s Park.

Segundo dados da Public Health Agency of Canada referentes a 2018, uma em cada 66 crianças canadianas é diagnosticada com transtono do espectro de autismo. A 6 de fevereiro deste ano a Ministra das Crianças, Comunidade e Serviços Sociais, Lisa MacLeod apresentou numa conferência de imprensa em Toronto uma série de mudanças para o Programa de Autismo de Ontário.

MacLeod afirmou que era preciso garantir o acesso de 23,000 crianças a terapia dentro de 18 meses. De acordo com a ministra, na província algumas crianças esperam mais de dois anos até começarem com a terapia e o governo vai injetar mais $100 milhões para que o programa continue a funcionar.

Mas, para alguns pais, as mudanças vão reduzir o número total de horas de terapia disponíveis para as crianças e as famílias vão ter de retirar dinheiro do próprio bolso para assegurar que os filhos têm acesso às horas necessárias para que a terapia funcione.

Desde que o corte foi anunciado que o autismo tem estado no centro da agenda pública em Ontário. Algumas terapias podem custar mais de $100,000 e as famílias vão receber os apoios de acordo com os rendimentos e com a idade dos filhos.

A partir de 1 de abril, famílias com crianças com menos de seis anos vão poder receber $20.000 por ano, mas depois da criança completar seis anos o apoio cai para $5.000 por ano. Só as famílias que apresentem um lucro líquido anual igual ou inferior a $55.000 é que vão qualificar-se para receber as quantias máximas disponíveis de apoio ao programa. Por outro lado, quem apresentar lucros iguais ou superiores a $250,000 não recebe nenhum apoio.

A Luso Canadian Charitable Society foi fundada em 2002 e conta com três localizações. A instituição promove a integração e a independência de pessoas com deficiência e no total serve mais de 200 utentes. A associação tem ADN português e debate-se com escassez de técnicos e com longas listas de espera.

Isabel Rosa tem dois filhos com autismo que frequentam a Luso e embora não seja afetada pelos cortes de Doug Ford, condena a decisão do Premier. “O Matthew tem 32 e o Jeffrey tem 25 anos, os dois foram diagnosticados com diferentes graus de autismo. Embora eles não sejam afetados por estes cortes, não posso concordar porque consigo colocar-me no lugar destes pais. O Ford está a ser insensível e não deveria obrigá-los a optarem entre a alimentação e as terapias dos seus filhos”, disse.

Ambos frequentam o pólo da Luso da St. Clair e desde que lá estão que as melhorias são evidentes. “Eu vi ao longo dos anos os progressos das terapias, eles ficaram mais sociáveis, menos ansiosos e mais calmos. Acho que o governo devia recuar nesta decisão porque as crianças é que vão sofrer, estou do lado dos pais que se manifestaram no Queen’s Park porque sei que não é fácil”, contou.

Isabel lamenta ainda que as escolas não tenham mais funcionários para poderem lidar com crianças diferentes e garante que se não fosse a Luso não conseguia pagar as terapias. “Os professores estão sozinhos na sala de aula e estas crianças precisam de muita atenção. Na Luso eles têm mais funcionários e nós pagamos adiantado pelos programas, mas depois somos reembolsados”, explicou.

De acordo com o Autism Ontario, na província existem 100,000 pessoas diagnosticadas com esta doença e cerca de 40,000 são crianças.

Joana Leal

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