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Fico com a impressão de que a sua imaturidade superou a sua competência – Carlos Miranda

O primeiro-ministro canadiano, Justin Trudeau, anunciou na segunda-feira, dia 6, a sua demissão, após nove anos no poder, cedendo à pressão seus próprios pares alarmados com a péssima prestação do Partido Liberal nas sondagens pré-eleitorais.

Trudeau disse na conferência de imprensa que se manteria como primeiro-ministro e líder dos liberais até que o partido escolhesse um novo chefe dentro de meses. “Este país merece uma verdadeira escolha nas próximas eleições e tornou-se claro para mim que, se tiver de travar batalhas internas, não posso ser a melhor opção nessas eleições”, afirmou Trudeau.

Com o Parlamento suspenso até 24 de março é improvável que haja eleições antes de maio, pelo que Trudeau continuará responsável – pelo menos inicialmente – por lidar com a ameaça de tarifas paralisantes quando o presidente eleito dos EUA, Donald Trump, tomar posse em 20 de janeiro.

As próximas eleições têm de ser realizadas até 20 de outubro e as sondagens mostram que os eleitores irritados com os preços elevados e a falta de habitação a preços acessíveis elegerão os conservadores da oposição e darão aos liberais uma derrota retumbante, independentemente de quem liderar o partido.

Carlos Miranda é um homem que se interessa pela política, é conhecida a sua ligação ao Partido Socialista (secção de Toronto) e aceitou falar com o Milénio sobre tudo o que se está a passar no Canadá. Carlos Miranda afirma que os tempos que estamos a viver são particularmente difíceis e com muitas incertezas. Na sua perspetiva, a imaturidade de Trudeau acabou por lhe marcar os caminhos políticos em que se foi movimentando.

Milénio Stadium: Como avalia a atual situação política no Canadá? O que podem os canadianos esperar do futuro?

Carlos Miranda. Foto: Dr.

Carlos Miranda: Má! Vivemos tempos difíceis onde abundam incertezas múltiplas e há, claramente, falta de líderes a comandar as diferentes forças políticas. O futuro a Deus cabe, mas não se avizinham tempos fáceis num futuro próximo. O contexto em que se encontra o mundo atual não ajuda, principalmente, na vertente económica.

MS: Com a pressão que tem sofrido dentro do seu próprio partido para se demitir, porque é que Trudeau demorou tanto tempo a deixar a liderança dos Liberais?

CM: Porque, à semelhança da maior parte dos políticos atuais, está agarrado ao poder. Decidiu ir pelo caminho errado e isso vai-lhe custar a carreira política. Fico com a impressão de que a sua imaturidade superou a sua competência. O futuro o dirá.

MS: No meio de tudo isto, o Canadá tem estado a ser atacado pelo Presidente eleito dos EUA, Donald Trump. Que consequências poderá ter a falta de liderança do país numa altura crucial da sua relação com o novo Presidente dos EUA?

CM: O recém-eleito presidente Trump, usa como estratégia de governação o posso, quero e mando. Aliás, já lhe conhecemos essa faceta malabarista da primeira governação. O facto de estarmos à beira de eleições não trará qualquer consequência nefasta ao país até porque não estamos à venda. Simplesmente bluff do senhor Trump…

MS: Quem, entre os liberais, está em boa posição para assumir a liderança do partido? Chrystia Freeland?

CM: Talvez, mas não se vislumbra, nos corredores liberais, alguém forte enquanto líder, para as batalhas que se avizinham. O partido Liberal vai ter muitos problemas nos próximos anos devido à frouxa liderança do atual líder. 

MS:O que é que o país pode esperar de Pierre Poilievre se este for eleito Primeiro-Ministro do Canadá?

CM: Pierre Poilievre vai ser eleito primeiro-ministro do Canadá, sem qualquer dúvida. Os canadianos querem uma mudança em Ottawa. Não terá a vida fácil! As promessas lançadas aos eleitores são muitas, mas lidar com a realidade da nação será um desafio. Parece-me também muito imaturo e com um discurso desnivelado!  

MS: O que é que o NDP ganha com a perspetiva de eleições antecipadas?

CM: Nada! Aliás, poderá até pagar caro por ter tirado partido do governo minoritário dos liberais, que suportou. O seu líder não convence o eleitorado e poderá perder assentos parlamentares. A campanha ditará o seu futuro na próxima legislatura.

MB/MS

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