Temas de Capa

Família é quem eu quero!

Com uma juventude bem rebelde e atribulada, reconheço que a palavra “família” teve um significado bem diferente nessa altura. Desde cedo quis que família fosse o grupo de pessoas que eu escolhia para me acompanharem no dia a dia, em detrimento de qualquer ligação de sangue que não tinha tido o meu “aval”. Um pequeno grupo de amigos, que conheço desde os seis anos de idade foram, enquanto adolescente e jovem adulto, a minha família mais chegada, a par do pai, mãe e irmã.

Fi-lo por opção e ciente que ia contra os valores mais tradicionais da família, mas também consciente,que tinha a opção de escolher com quem partilhava as minhas confidências, planos e preocupações. Não considero que tenha sido uma posição errada, antes pelo contrário e passo a explicar. Mantenho os mesmos amigos que escolhi há cerca de 30 anos. Poucos e insubstituíveis!

Apesar de imigrado no Canadá e de passar, em alguns casos, anos sem trocarmos uma palavra, basta um abraço para parecer que foi ontem que estivemos juntos pela última vez. As novas tecnologias dão uma mãozinha, admito!

Ao mesmo tempo, porque a vida se encarrega, de uma forma ou de outra, de nos mostrar que há coisas que não podemos controlar ou escolher, aprendi a dar valor a esse grupo de pessoas que gravitava em volta do meu grupo de pessoas chegadas a que se chama “família”. Pessoas essas, que a partir de certa altura, deixaram de ser meros “seres gravitacionais” para passarem a ser pessoas que trazem recordações de sentimentos fortes que durante muitos anos estiveram camufladas na grande mescla de afazeres, atividades e sentimentos, a que alguns chamam de vida.

Olhando para trás, não me lembro de ter tido qualquer desentendimento familiar, como é usual em muitos relatos que vou ouvindo de pessoas conhecidas. Apenas passaram a ter uma importância acrescida no meu balanço emocional com a idade.

Não consigo perceber em que momento mudei e qual a razão que levou a esta mudança. Apesar do contacto não ser tão assíduo quanto desejaria, esse grupo de pessoas está presente no meu dia a dia, quanto mais não seja para me lembrar que sei de onde venho e para onde devo ir. Eles representam valores e ideais de vida que muitas vezes esquecemos, principalmente deste lado do Atlântico, num dia a dia atarefado e opaco, carregado de falsas amizades e interesses escondidos.

Tanto o caso da escolha dos amigos na adolescência, como a perceção do valor insubstituível da ligação desinteressada e incondicional desses “seres gravitacionais” de nome família, representam as linhas mestras da minha atuação diária também em terras canadianas, em que continuo apenas a dar valor ao que me interessa verdadeiramente e quais são as pessoas com que me quero fazer acompanhar.

Continuo a escolher quem faz parte da minha “família”!

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