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Eva Ferreira: Uma história de emigração, obstáculos e sucesso

Photo: @copyright

Esteve com ordem expulsão do Canadá. Eva Ferreira, de 43 anos, é empreendedora e terapeuta holística. Natural de Portugal, decidiu emigrar para o Canadá em 2012, na sequência da crise económica que assolou a Europa após 2008.

Na altura, trabalhava com o marido como motorista de camião no transporte internacional, mas a escassez de trabalho levou o casal a ponderar outros destinos. “Considerámos a possibilidade de emigrar para a Suíça ou para o Canadá, e acabámos por escolher o Canadá, pois já tinha família cá, o que nos dava uma rede de apoio”, recorda.

Eva Ferreira. Créditos: DR.

Questionada se voltaria a emigrar, Eva não tem dúvidas: “Sem dúvida. Voltaria a escolher o Canadá. Pela facilidade de adaptação, pela língua, sempre achei o inglês mais acessível do que o francês ou o alemão e pelas oportunidades que este país oferece.” As expectativas que trouxe na bagagem foram correspondidas. No Canadá encontrou trabalho e novas perspetivas. “Comecei por trabalhar como motorista de camião de longo curso, mas, ao perceber as grandes diferenças em relação à Europa, optei por abrir a minha própria empresa de limpezas. Mais tarde, segui o caminho da terapia holística, que hoje é a minha paixão e profissão.” Apesar do percurso desafiante, Eva não tenciona regressar a Portugal num futuro próximo. “Neste momento, não tenho planos nem vontade de regressar, nem mesmo para visitar. Acredito que um dia possa acontecer, mas para já não estou preparada. Tenho poucas boas recordações do meu país e nada me puxa para voltar.”

Sobre a evolução do país que a acolheu, Eva reconhece mudanças. “De forma geral, o Canadá ainda é o que era. É um país multicultural, que acolhe quem vem de fora, quem foge de guerras ou procura uma vida melhor. No entanto, noto que a cidade onde vivo mudou bastante nos últimos anos há mais pessoas, mais movimento e, infelizmente, também mais notícias de crimes. Ainda assim, continuo a vê-lo como um país seguro e com muitas oportunidades.”

O percurso de Eva e da sua família teve um momento particularmente difícil, quando receberam uma ordem de expulsão. “Recebi a notícia por carta, através de uma convocatória do CBSA para uma reunião com um oficial, onde nos foi dito que teríamos de abandonar o país.” Inicialmente acompanhados pelo advogado que os representava há anos, acabaram por mudar de representante. “Nesse mesmo dia, o patrão do meu marido recomendou-nos outro advogado, que nos prometeu ajudar. Mais tarde, através de uma cliente, fui encaminhada para uma verdadeira advogada de imigração, licenciada, que assumiu o caso com seriedade e profissionalismo.” O processo foi emocionalmente desgastante. “Vivenciámos um momento de enorme stress, incerteza e medo. Empacotámos tudo, entregámos a casa ao senhorio e preparámos o nosso filho e o nosso animal de estimação para a viagem.” A reviravolta chegou no último momento. “No dia anterior ao voo, a oficial da CBSA ligou-me a informar que a ordem de expulsão tinha sido cancelada. A minha advogada conseguiu que fosse aceite um processo humanitário, com o apoio do MP Adam van Koeverden, que reconheceu que tínhamos sido mal representados por anos.” Em 2021, Eva obteve residência temporária e, no ano seguinte, a residência permanente.

RMA/MS

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