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Estas mãos também se cansam

 

Estas mãos também se cansam-canada-mileniostadium
Parte da equipa no Humber River Hospital. DR

Em Ontário as últimas notícias apontam para pressão nos hospitais em várias regiões da província, inclusive na GTA. A província entrou num confinamento com medidas mais restritivas, mas o número de casos diários continua elevado e as hospitalizações têm vindo a aumentar e isso tem colocado pressão na rede hospitalar. Esta semana tivemos uma boa notícia, Vaughan inaugurou um novo hospital que vai abrir no início de fevereiro e que vai ser uma ajuda preciosa no combate à COVID-19. Vários hospitais da GTA começaram a enviar esta semana pacientes para Kingston e Niagara e o objetivo da província é fazer com que estes pacientes da GTA sejam transferidos para Vaughan. 

Sabemos que quando a capacidade hospitalar se esgota os profissionais de saúde são obrigados a tomar decisões difíceis e têm que escolher quem devem salvar. Esta semana assistimos a filas de ambulâncias paradas fora dos serviços de urgência em Portugal porque não tinham capacidade para receber mais pacientes. Para que a situação não se repita em Ontário a mensagem dos governantes e das autoridades de saúde é clara: fique em casa. 

O Milénio Stadium tentou contactar esta semana a Canadian Medical Association e a Canadian Public Health Association, mas até ao fecho da nossa edição não recebemos resposta. Os profissionais de saúde que combatem na linha da frente da pandemia vivem dias infernais: protocolos de desinfeção exaustivos, turnos de trabalho intermináveis, medo de contrair o vírus e de o levar para casa para junto da família, stress, cansaço, exaustão mental, etc. Na primeira vaga percebemos logo a sua importância e não tivemos dúvidas em classificá-los de heróis. E agora, será que a sociedade continua a dar-lhes o devido reconhecimento e valor? Nos vários medias muitos são os profissionais que apelam às pessoas para cumprirem as regras e dessa forma ajudarem o trabalho dos médicos e dos enfermeiros no terreno. 

Ao longo destes meses temos visto muitas homenagens aos profissionais de saúde, no Canadá e um pouco por todo o mundo. Os artistas uniram-se e usaram a sua arte para agradecer a resiliência destes profissionais. A comunidade juntou forças e várias instituições começaram a preparar refeições para entregar a estes profissionais. Quando ainda existia pouca oferta de equipamento de proteção no mercado as pessoas começaram a fazer máscaras para entregar aos profissionais de saúde. O Canadá e Ontário mobilizaram o tecido empresarial para se reconverter e produzir equipamento made in Canada e made in Ontario. Os melhores especialistas uniram esforços e criaram em meses ventiladores que numa época normal levariam anos a serem criados. 

Apesar das recomendações e dos avisos a grande maioria dos países enfrenta agora uma segunda vaga da pandemia com mais casos, mais mortes e mais hospitalizações. O Canadá e Portugal são dois dos países que optaram por administrar as primeiras doses das vacinas nestes profissionais que têm assim agora uma nova arma no combate à pandemia.

A Canadian Medical Association foi criada em 1867 e tem quase 70,000 membros entre médicos e estagiários de todo o país. É a maior associação de médicos do país e tenta contribuir para melhorar a saúde dos canadianos. Ao longo dos anos esta associação fez importantes recomendações para os canadianos lidarem com várias crises de saúde: a gripe espanhola de 1918; a SARS em 2002 e a pandemia de influenza H1N1 em 2009. 

Na página oficial da associação uma das perguntas mais frequentes é se depois de todos receberem a vacina vamos voltar à nossa vida normal. A resposta da associação não oferece as garantias que todos procuramos agora e esclarece que ainda não existe conhecimento suficiente para afirmar seguramente que sim. A Canadian Medical Association defende que a única forma de controlar a pandemia é através de uma resposta abrangente que inclui medidas de saúde pública e explica que parte dessa resposta vai surgir quando a imunidade de grupo for alcançada. À medida que mais pessoas numa determinada comunidade são vacinadas, o risco de transmissão da doença diminui e os sintomas da doença são mais fracos. 

A Ontario Nurses Association (ONA) representa mais de 68.000 enfermeiros registados e 18.000 estudantes de enfermagem que prestam cuidados de saúde em hospitais e lares de idosos. Esta semana a associação lamentou que o Governo de Ontário tenha cortado o apoio aos enfermeiros que têm que se isolar quando entram em contacto com alguém que testa positivo. A ONA sublinha que se trata de mais um golpe para o moral da equipa médica da linha de frente que luta contra a pandemia COVID-19 há quase um ano e acusa o Governo de desrespeitar estes profissionais. 

O subsídio foi ativado entre abril e junho pelo Governo de Ontário, mas agora a província diz que os profissionais de saúde devem inscrever-se para receberem o apoio federal que paga até $1000 por duas semanas de isolamento, $900 depois de ser subtraído o valor dos impostos. A Registered Nurses Association of Ontario, outra associação que representa os enfermeiros e que tem 46,000 membros, diz que é injusto pedir a estes profissionais para descobrirem outras opções sobretudo quando estes estão exaustos. 

Na imprensa nacional têm surgido relatos de vários enfermeiros de Ontário que explicam que a província de Ontário só lhes paga os dias de isolamento quando testam positivo à COVID-19. Se o teste é negativo os enfermeiros ficam em casa a cumprir isolamento e não recebem nada. Num comunicado divulgado na segunda-feira (18) os autarcas de 11 dos maiores municípios da área metropolitana de Toronto e Hamilton defenderam que existe uma “necessidade urgente” de o Governo federal ou provincial garantirem que as licenças por doença são pagas durante a pandemia. Um dos autarcas é o presidente do município de Brampton, que disse que o programa federal estava a funcionar de forma lenta e cujo valor estava abaixo do salário mínimo. 

Na terça-feira (19) o responsável pela Task-force de vacinação de Ontário confirmou que na próxima semana a província não vai receber nenhuma remessa de vacinas da Pfizer devido a problemas na fábrica da Bélgica, na Europa. Esta semana uma sondagem revelou que dois terços dos canadianos apoiam um recolher obrigatório noturno se for necessário para travar a transmissão do vírus. A sondagem é da Leger e da Association for Canadian Studies e foi realizada entre 15 e 18 de janeiro. 

Joana Leal/MS

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