“Estamos num caminho positivo” – Elisabeth Mendes
Elizabeth Mendes é a atual candidata do Partido Liberal do Ontário para Mississauga-Lakeshore. A sua primeira candidatura foi nas eleições gerais provinciais de 2022. Elizabeth é uma orgulhosa luso-canadiana e cresceu ativamente envolvida na comunidade portuguesa em Mississauga. Antes de ser candidata, Elizabeth foi Diretora de Política e Orçamento no Ministério das Finanças do Ontário. Elisabeth Mendes é por isso um exemplo de mulher que luta pelo seu lugar na vida política, um mundo que como sabemos ainda é muito masculino.
Segundo Elisabeth Mendes a mulher vai precisar de mais tempo e mais esforço para atingir um objetivo que devia ser seu por direito – não sentir a discriminação de género e falta de equidade no ambiente laboral (quer seja no meio empresarial, quer seja no ambiente político). No entanto, a visão de futuro de Mendes é otimista, acreditando que “estamos num caminho positivo”.
Milénio Stadium: Na Câmara dos Comuns do Canadá apenas 29% dos membros são mulheres. Em 2023, a percentagem de mulheres em todas as profissões de gestão, incluindo as chefias intermédias, era de apenas 35%; esta percentagem desce para 30% no caso das chefias superiores e para menos de 25% nas direções das empresas canadianas. O que significam estes números (poderíamos usar outros do mesmo tipo), na sua perspetiva?
Elisabeth Mendes: Estes números oferecem uma oportunidade de reflexão. Enquanto sociedade, temos de nos perguntar por que razão estes números estão a diminuir. O que é que está a impedir as mulheres de assumirem estes papéis de liderança ou de colocarem os seus nomes nas urnas? Estes números representam também uma oportunidade de crescimento. Quando a liderança reflete melhor a diversidade das nossas comunidades, as organizações beneficiam de um leque mais vasto de experiências e ideias. Somos todos mais fortes quando todos têm uma oportunidade justa de contribuir para os níveis mais elevados.
MS: Depois de tantos anos a falarmos de igualdade e paridade, porque continuamos a ter uma clara discrepância entre homens e mulheres em cargos de liderança?
EM: Conseguir uma representação equilibrada exige tempo e esforço. Muitas vezes, trata-se de garantir que as oportunidades de liderança são acessíveis a todos, o que ajuda as comunidades a prosperar, recorrendo a uma vasta gama de talentos e perspetivas. Significa também compreender as barreiras que existem para as mulheres que entram em cargos de liderança. Enquanto comunidade, temos de refletir se oferecemos oportunidades adequadas e até soluções para as barreiras, por exemplo: cuidados infantis, formação em liderança.
MS: Muitas mulheres afirmam que sentem que têm que constantemente de demonstrar as suas capacidades, como se estivessem sob um escrutínio permanente e que isso não acontece, com a mesma frequência e da mesma maneira quando se trata de homens. Na sua experiência de vida profissional sentiu esta sobrecarga de nível de exigência só pelo facto de ser mulher?
EM: Muitas pessoas, e não apenas as mulheres, sentem que precisam de provar o seu valor na carreira. É comum sentir expectativas elevadas em determinadas funções. Apoiarmo-nos mutuamente nos nossos percursos, independentemente do género, pode ajudar todos a sentirem-se mais capazes de ter sucesso.
MS: Que responsabilidade têm as próprias mulheres relativamente a esta realidade? Será que estamos a passar uma fase em que a luta pela causa das mulheres está a esfriar, como se já não valesse a pena?
EM: O progresso em qualquer área requer frequentemente a dedicação dos envolvidos, e isso também é verdade neste domínio. Muitas mulheres continuam a dar grandes passos em frente e é inspirador ver até onde chegámos. Cada geração baseia-se na anterior, ajudando a criar mais oportunidades para todos.
MS: Na sua opinião, que peso teve no resultado final das eleições dos USA, o facto de uma das candidaturas ter sido encabeçada por uma mulher?
EM: O facto de haver mulheres nas eleições oferece aos eleitores opções que refletem a diversidade da nossa sociedade, e isso é muito importante. É encorajador ver indivíduos de todas as origens a prepararem-se para servir, e cada candidato traz pontos fortes únicos para a mesa.
MS: Como encara o futuro, relativamente a esta questão da paridade/igualdade entre homens e mulheres?
EM: Estou otimista. Há um reconhecimento crescente do valor das diversas perspetivas e as pessoas estão cada vez mais abertas a uma liderança inclusiva. Acredito que estamos num caminho positivo, onde as contribuições de todos podem ser reconhecidas e valorizadas.
MB/MS
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