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“Esta candidatura é dos emigrantes. A nossa eleição pode ser histórica”. – Vítor Silva

Créditos: DR

Vítor Silva é o cabeça de lista do Partido Socialista, pelo círculo eleitoral Fora da Europa, às próximas eleições legislativas portuguesas. Emigrante residente no Canadá, Vítor acredita que o seu percurso e experiência enquanto emigrante o tornam especialmente apto para representar os portugueses espalhados pelo mundo. Mais do que uma candidatura partidária, defende que esta é uma vitória simbólica dos emigrantes e um momento que pode marcar uma viragem histórica na forma como a diáspora portuguesa é representada no Parlamento. “Sou emigrante. E os partidos do arco da governação, PS e PSD, nunca na sua história tinham tido um emigrante como cabeça de lista. Quando o PS decidiu fazê-lo, senti que não podia dizer que não. Aqui estou para desempenhar um papel que penso que só um emigrante pode desempenhar”, explica, com convicção.

Para Vítor Silva, a principal mais-valia da sua candidatura é a experiência vivida, na pele, das dificuldades enfrentadas pelos portugueses que vivem fora do território nacional. “Eu respiro o mesmo ar que qualquer pessoa que vive aqui no Canadá, no Brasil, nos Estados Unidos, em Macau ou na Venezuela. Sei o que se passa, porque estou aqui, vejo com os meus olhos e sinto os mesmos problemas”, sublinha.

Vítor Silva. Créditos: DR.

Apesar de residir em Toronto, Vítor garante que isso não o afastará das suas responsabilidades parlamentares. Pelo contrário, pretende conciliar a vida no Canadá com a sua missão em Lisboa, sem abandonar as raízes que o ligam à comunidade que representa. “Serei um deputado presente. Vou continuar a morar no Canadá, estarei nas reuniões da Assembleia da República sempre que necessário e muitas poderei fazê-las por videoconferência.”, explica, rejeitando a ideia de que a distância geográfica é um obstáculo ao exercício pleno das funções parlamentares.

Quanto à vastidão do círculo eleitoral Fora da Europa, que abrange milhares de portugueses em dezenas de países, Vítor lembra que a sua lista reflete precisamente essa diversidade. “A Ana, número dois da nossa lista, vive no Brasil, a Maria João vive em Macau e o Fernando na Venezuela. Todos são emigrantes. Pretendemos criar centros locais para acompanhar de perto as necessidades de cada comunidade.”

Vítor Silva acredita que a sua eleição pode representar uma mudança estrutural na política portuguesa no que toca à emigração. “A nossa eleição será histórica. Vai obrigar os outros partidos a colocar emigrantes a liderar listas nos círculos da emigração. Não estou a dizer que quem vive em Portugal não é competente, mas ninguém sente esta realidade como nós.”

Num tom inclusivo, o candidato socialista recusa qualquer tipo de campanha negativa contra os adversários. “Nunca ninguém me ouviu falar mal de qualquer candidato. O meu adversário direto, do PSD, foi secretário de Estado das Comunidades e fez trabalho pelas comunidades. A diferença é que eu sou emigrante e ele não. Agora, os eleitores têm que escolher se querem ou não um emigrante na Assembleia da República.”

A abstenção nos círculos da emigração é tradicionalmente elevada, uma realidade que Vítor espera contrariar através do apelo direto ao voto e do reforço da representatividade. “Talvez agora os emigrantes se sintam mais motivados a votar, porque podem votar num deles, alguém que sente e vive como eles.” Consciente das barreiras administrativas e do desinteresse político que afetam os emigrantes, reforça que uma das chaves está na escolha dos próprios candidatos: “Uma das formas de combater a abstenção é ter verdadeiros emigrantes como candidatos. Nós já estamos a fazer isso. Esperamos que se traduza em maior participação.”

Questionado sobre o que os emigrantes podem esperar de si, caso seja eleito, Vítor Silva é perentório: “Quando eu for eleito, não sou só eu que vou ser eleito. Serão todas as comunidades emigrantes.” O candidato socialista coloca a melhoria dos serviços consulares no topo das suas prioridades. “Vejo com tristeza que, desde que o atual governo tomou posse, não entrou mais ninguém no consulado de Toronto. Continuamos sem chanceler e não há adido da Segurança Social, que é fundamental. Essa será uma luta minha, porque os portugueses que aqui residem precisam disso.” Vítor Silva afirma ainda que pretende reforçar o apoio ao associativismo e à cultura, com uma visão abrangente e moderna da identidade portuguesa. “Temos de apoiar o folclore e a gastronomia, sim, mas também o jazz, o ballet, a fotografia, a pintura. Há muito talento por aí. Precisamos de diversificar os apoios e envolver os jovens nas nossas comunidades.” A promoção da língua portuguesa é outra das bandeiras que pretende elevar, apostando no reforço do Instituto Camões e na inclusão de falantes de português de outros países lusófonos. “A língua portuguesa é um património que temos de defender com unhas e dentes.”

Vítor Silva reforça a necessidade de eliminar as diferenças no tratamento entre portugueses residentes em território nacional e os que vivem no estrangeiro. “Um português que viva em Toronto tem que ter os mesmos direitos e o mesmo acesso a serviços que um português de Braga ou de Faro. Ainda não acontece, mas tem de acontecer. Não há portugueses de primeira e de segunda. Somos todos portugueses.” Aponta o exemplo dos documentos de identificação como uma das áreas onde a desigualdade ainda persiste. “Hoje em dia não há razão para que alguém demore mais a obter o cartão de cidadão ou o passaporte só porque vive fora de Portugal. Temos que agilizar esses processos.”

No final da conversa, Vítor Silva dirige-se diretamente aos eleitores, com um apelo claro à participação: “Saiam de casa, vão ao correio e votem. Sigam as instruções, coloquem os documentos no envelope e façam-se representar. O selo está pago.”

E conclui com entusiasmo: “Não sou eu que vou entrar sozinho na Assembleia da República. Serão todos os portugueses que vivem fora de Portugal. É a vossa oportunidade de estarem lá também. Apelo ao voto no Partido Socialista. Vemo-nos no Parlamento.”

MB/MS

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