Ensinar em tempos de pandemia
O mundo mudou muito este ano, em todos os sentidos. A vida como a conhecíamos antes, para já, não existe. Temos sido obrigados a uma adaptação constante às novas regras, às novas rotinas, às novas distâncias. Várias foram as profissões afetadas – ou melhor, poucas foram as que não foram de algum modo afetadas – entre elas, aquelas ligadas ao ensino. A forma de educar, de ensinar, de aprender, de estudar: tudo ficou diferente.
Esta semana tivemos a oportunidade de ouvir a opinião da professora Carla Ribeiro, do Toronto Catholic District School Board, e também com o professor Paul Aranha, do Toronto District School Board, para tentarmos ver, através das suas perspetivas, como está a ser lidar com as mudanças que esta pandemia trouxe para o funcionamento diário das escolas e do ensino à distância, respetivamente.
Milénio Stadium: Vivemos um tempo de exceção e de adaptação a uma nova realidade. Como professora o que mudou na sua vida?
Carla Ribeiro: A atualidade é diferente e penso ninguém esperava esta situação de pandemia e os efeitos que está a ter.
Como professora, como pessoa, mudou em completo a minha vida, a minha maneira de viver e pensar sobre tudo o que nos rodeia.
Mais incertezas talvez!
MS: Como tem sido lidar com os alunos, a quem tem que impor mais regras de comportamento na escola?
CR: Como nova realidade que é, nas escolas, todo o corpo docente e não docente, está envolvido na proteção e prevenção do contágio do vírus.
Tudo é diferente, a maneira de como nos relacionamos, os cuidados … o dia a dia na escola mudou completamente.
No entanto, o cuidado referente aos alunos continua o mesmo, embora a avaliação, claro, tenha como referência a realidade atual e o que esta possa influenciar nas derivadas situações.
MS: Na sua opinião o ensino online está a funcionar bem?
CR: De momento estou no ensino presencial, tendo feito online de março a junho.
A minha opinião é que o ensino online está a ser feito da melhor maneira possível. Sabemos que o ideal seria todos os alunos e professores na escola numa situação normal.
- Paul Aranha, professor do Toronto District School Board
MS: Como educadora, como vê o futuro das crianças que estão a desenvolver a sua personalidade nesta era – em que são ensinados a não tocar ou partilhar nada com os outros, a distanciarem-se dos seus colegas, que são privados do convívio com os avós…?
CR: Penso que iremos mudar bastante a nossa personalidade, a nossa maneira de viver e certos hábitos.
Não é uma situação que tomemos de ânimo leve, ainda mais com os efeitos causados tanto na vida pessoal e/ou profissional e em relação à saúde principalmente.
Com certeza, seremos diferentes quando tudo isto passar!
MS: Acha que esta pandemia vai também marcar/mudar de uma forma mais definitiva, o ensino?
CR: Se mudar, espero que seja para melhor, e sinceramente nada substitui o “face to face” entre professores e alunos, ou seja, o ensino presencial.
MS: During the first months of the pandemic, classes from the last academic year were still taking place – How was the end of that school year?
Paul Aranha: From March Break to June everyone had a major learning curve. Going from a physical classroom to a virtual classroom was a huge learning curve for everyone. Teachers, students and parents/guardians were forced into a new technical reality. Making sure that every student and teacher had the technology they needed to learn and teach was a huge logistical task. Organizing laptop deliveries, internet setup, passwords, virtual classroom, cameras, home offices, collecting materials from school, etc were just some of the tasks that had to happen before we could successfully teach online. The other critical piece was following the ministry guidelines for secondary students. These guidelines shrunk our face to face teaching time. Thus, students were expected to do a lot of independent learning. The combination of independent learning, attendance, resource challenges, new expectations; made teaching the rest of the curriculum challenging. Teachers did their best to maintain the integrity of their courses and to teach the remainder of their course material.
MS: How are you adjusting to this new way of teaching? What stands out in this new era of education?
PA: This school year I am working remotely. I had also taught summer school remotely and feel that I have the tools necessary to create a welcoming and interactive virtual space. Of course I am constantly learning and looking for ways to improve my virtual classroom. The biggest challenge has been to get students to show up on time, stay engaged and to monitor their engagement. The other massive challenge is around assessment. Teachers have to shift away from quizes, tests and exams in the virtual classroom as it is almost impossible to know if a student is cheating. Although there are some programs that allow for online assessment for logging out the internet, it doesnèt mean that they can not be on their phone getting answers and typing on the computer.
MS: How do the students feel? (Nervous? Adapting? Afraid? Coping well?)
PA: The students I am working with in the virtual classroom seem to be happy. They have chosen to stay home and work remotely. For them going to a physical school was more stressful. They have the tools they need to be successful in this new reality of learning virtually.
MS: As an educator, what consequences do you think this pandemic could have on students’ development?
PA: As a high school teacher I recognize that social interactions with peers is critical to the development of teenagers. Students are being forced to adjust their expectations of their high school experience. There are no sports, no prom, no school lunches, no school clubs, no school trips, etc. I am sure most students feel like they are missing out on the “high school” experience. However, I also believe that high school students recognize the severity of the situation and know that sacrifices are being made to meet the safety and well being of everyone around them.
MS: Taking into account the uncertainty of the scenario, how do you see the future of education?
PA: The educational landscape is changing. I imagine that when this pandemic is over that virtual school may continue to exist for some students. I believe there are students who are thriving in virtual school and parents who will advocate for virtual school to exist for their children.
Catarina Balça/MS
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