Para o setor de entretenimento e de lazer esse é um momento de recuperação. Depois de ter sido um dos mais atingidos, negativamente, devido aos confinamentos e encerramentos provocados pela pandemia de Covid-19, a hora é de reabrir as portas e tentar recuperar o tempo perdido, mesmo que ainda não possam estar operando a 100%. Os limites de capacidade de público seguem em vigor e foi preciso se organizar para lidar com a obrigatoriedade da apresentação de certificados de vacinação Covid-19 entre os clientes.
Naquela altura em que apenas estabelecimentos que prestassem serviços essenciais podiam se manter abertos, locais como discotecas e bares não tiveram alternativas e simplesmente fecharam as portas e tentaram, de algum modo, resistir à crise. Muitos não conseguiram e simplesmente deixaram de existir. No entanto alguns também utilizaram esse tempo de interrupção forçada das atividades para se reinventarem e voltarem melhor. Foi esse o caso do Axis Club, na 722 College St., que agora ocupa o lugar de uma antiga e muito conhecida discoteca que fez história em Toronto, o Mod Club.
Nessa edição que abordamos a vida noturna em Toronto, não poderíamos deixar de falar sobre os clubes e discotecas, que garantem a diversão e socialização dos moradores da cidade, e que fazem a cena noturna daqui famosa além das fronteiras. Estivemos à conversa com o diretor de operações do Axis Club, Orin Bristol, que nos falou sobre como está sendo a retomada das atividades, os investimentos de revitalização que foram feitos no local e quais são as perspectivas para o futuro.
Milénio Stadium: A pandemia nos trouxe uma nova realidade, e agora as discotecas estão tendo de exigir apresentação dos certificados de vacina e operando com limites de capacidade. Como a sua equipe de funcionários e o público estão lidando com essas novas regras? Eles se sentem confortáveis com o passaporte da vacina ou você acha que algumas pessoas ainda evitam ir a locais públicos, como as discotecas?
Orin Bristol: Nessa altura acho que as pessoas estão simplesmente felizes em poder sair de casa e socializar novamente. Alguns clientes reclamaram do passaporte da vacina, mas são a minoria. A maioria das pessoas foi vacinada e está aceitando os novos regulamentos.
MS: Algumas casas noturnas em Toronto não conseguiram sobreviver aos impactos econômicos negativos da pandemia e simplesmente fecharam suas portas para sempre. Enquanto isso, nesse momento de incertezas no setor, o Axis Club abriu as portas. Explique a razão para essa decisão e pessoalmente acha que, eventualmente, as coisas vão voltar ao normal?
OB: Há uma citação famosa de Alexander Graham Bell: “Às vezes, olhamos por tanto tempo para uma porta que está se fechando que vemos tarde demais a que está aberta”. Eu acredito que os locais com poder de permanência e proprietários determinados e que sabem o que querem, foram capazes de resistir à tempestade porque sabiam que as coisas acabariam melhorando. Eles administraram seus negócios de maneira adequada e, em vez de ficarem sem saber o que fazer, aproveitaram a oportunidade para se preparar para tempos melhores. Isso é o que fizemos no Axis, percebemos que esta era uma excelente oportunidade para nos prepararmos para o futuro, então enquanto muitos de nossos colegas estavam no modo assistir e esperar, nós investimos na renovação do local, com atualização dos sistemas de iluminação, som e vídeo e equipando o local com câmeras de alta resolução para que pudéssemos oferecer shows ao vivo no local. Algo novo e único neste tipo de espaço.
MS: Vários artistas e bandas com potencial para se apresentarem no seu clube são internacionais. Então, o que a reabertura da fronteira significa para o seu negócio?
OB: Eu espero que a reabertura das fronteiras signifique que estamos um passo mais perto de voltar à normalidade. O problema é que a maioria dessas bandas está em turnê no Canadá e nos Estados Unidos e não faz sentido um promotor de shows trazê-las para um local com 50% da capacidade. Os gastos com passagens aéreas, acomodação, e tudo mais são muito altos. Por nossa estratégia por enquanto está sendo investir nos shows e atrações locais.
MS: Quais são as suas expectativas futuras em relação à indústria de clubes noturnos? Toronto vai retomar a sua tão famosa vida noturna?
OB: Acredito que voltaremos ao normal em breve, teremos que estar com 75% para que a maioria dos locais seja capaz de fazer negócios adequadamente e iniciar o longo processo de sair do vermelho, espero que em algum momento depois do Natal e do Ano Novo, se não houver um grande aumento de casos de Covid-19, as autoridades de saúde levantarão as restrições e permitirão que os locais operem no mínimo a 75%, se não a 100%. O nosso setor não iria aguentar um novo confinamento ou mais restrições.
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