Temas de Capa

“Ele simplesmente não estava preparado”

De certo que os nossos leitores, tal como eu, se lembram desta frase, pois foi usada pelos conservadores para descrever o atual primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, durante a última campanha eleitoral.
Já nessa altura, uma grande parte da população, incluindo membros ao mais alto nível no partido Liberal, sabiam que isso era verdade, que ali era só imagem sem substância, mas como o partido Liberal estava em terceiro lugar e desesperado pelo poder, ele tinha o necessário para os levar outra vez à terra prometida. Boa aparência, carismático, e um último nome que era vitória certa.

Na realidade, Justin Trudeau não merecia ser Primeiro Ministro. Toda a gente sabe que ele nunca conseguiria essa posição baseado no seu currículo, ele simplesmente capitalizou, sem mérito próprio, o último nome famoso que herdou do pai. Ser PM é ter uma posição de mérito e responsabilidade. A pessoa para ocupar essa posição, deve alcançá-la com mérito próprio. Trudeau, pessoalmente, nada tinha feito para merecer esse privilégio. As pessoas que dentro do partido decidiram coroá-lo como líder, certamente pensavam que iam usá-lo para os levar ao poder e, depois de eleito, ele ficaria numa esquina do escritório a brincar, enquanto os adultos tomavam decisões. O problema e que ele tornou-se de tal maneira popular que, depois da vitória, junto com o seu mestre e amigo Gerard Butts, um ideólogo que, enquanto secretário principal de Dalton Mcguinty, ex Premier do Ontario, foi fundamental na implantação de várias plataformas falhadas, resolveram pôr de lado as velhas guardas do partido, e começar uma nova fase. Sunny Ways my friends!

Devido à dimensão da sua popularidade, ministros dentro do governo tinham de aceitar coisas que, eu acredito, não concordavam. Ninguém me vai convencer, por exemplo, que o atual Ministro das Finanças, com a experiência que tem em negócios no setor privado, pensa que é uma boa ideia ter défices de 18 biliões por ano, numa altura em que a economia está forte. O problema é que ninguém vai contrariar um chefe todo poderoso enquanto a popularidade dele estiver em cima.

Aí chegou a Jody Wilson-Raybould nomeada por Trudeau, Ministra da Justiça, e procuradora da República, e o caso SNC Lavalin. Ela teve a audácia de desobedecer ao chefe. Um chefe que se diz ser feminista, mas quando uma mulher inteligente, com integridade, não cumpre as suas ordens, é posta de lado e substituída por um homem. Talvez a ideia de feminismo do Mr. Trudeau seja dar posições a mulheres desde que elas não decidam nada e cumpram as suas ordens.

Neste caso da SNC Lavalin, o nosso PM diz que ele e a Procuradora da República tiveram experiências diferentes do que se passou. O problema para ele é que quem assistiu ao testemunho dela na comissão de inquérito sabe bem que ela falou a verdade, embora limitada, porque nunca foi autorizada a falar abertamente sobre tudo o que se passou. Em contrapartida, as subsequentes e várias versões do PM sobre o que aconteceu deixam muito a desejar e têm por fundamento, simplesmente, minimizar o prejuízo. Essa desculpa que duas pessoas podem ter interpretações diferentes do mesmo evento já tinha funcionado para ele quando foi acusado por uma jovem jornalista de conduta incorreta, ele afirmou na altura, que homens e mulheres veem este tipo de conduta de maneira diferente.

Custa-me a acreditar que o Mr. Trudeau querendo interferir no sistema jurídico, a sua nobre intenção tenha sido simplesmente salvar 9000 postos de trabalho. Para começar, o governo não apresentou provas nenhumas que esses trabalhos estavam em risco se o acordo com a SNC Lavalin, sem ir a tribunal, não fosse feito. Segundo, se ele estivesse tão preocupado com empregos, não teria cancelado vários projetos no setor da energia, que além de perdermos bilhões de dólares em investimento, também foi responsável pela perda de mais de 100 mil postos de trabalho só na Província de Alberta. A não ser que os trabalhadores de Quebec sejam mais importantes, essa tese não faz sentido. E, para concluir, estamos a falar duma empresa com um historial de corrupção invejável. Já foi multada e constituída arguida por corrupção e suborno, em vários países incluindo o Canada. Já estão proibídos de concorrer em contratos para projetos em vários países e várias organizações internacionais. É uma empresa ligada a vários governos ditatoriais e corruptos.

O que está em causa é que as próximas eleições estão à porta e existem em Quebec entre 25 a 30 assentos que estão acessíveis. Como os Liberais sabem que vão perder assentos no resto do Canadá, Quebec torna-se extremamente importante. Já alguém reparou que os maiores escândalos políticos da história recente, envolvem sempre governos com líderes de Quebec, e empresas de Quebec? O que penso é que o Justin Trudeau está muito convencido que os Liberais são o único partido com direito a governar o país e, por essa razão, tudo o que fazem, mesmo que seja errado, justifica-se, porque na mente dele está a salvar a nação, das garras do “demónio” conservador.

Outra frase célebre, esta do Justin Trudeau após ganhar as eleições, foi “o Canadá está de volta”. É verdade, se formos ver as manchetes da última semana na comunicação social à volta do mundo, CNN, New York Times, BBC, Washington Post – o Canadá está de volta, mas pelas razões erradas.
Era muito bom que a nossa comunidade se informasse dos factos antes das próximas eleições e votasse informada, baseada em substância em vez do partido. Política não é desporto. No desporto nós suportamos sempre a mesma equipa, mas na política nós temos obrigação de apoiar quem for mais competente, com o melhor plano e as melhores ideias.

Antes de votar vamos avaliar. Será que o país está melhor agora do que estava há 4 anos atrás? Vamos analisar.
Além deste caso recente que envolve o escândalo da SNC Lavalin, existe o anúncio no Twitter que as nossas fronteiras estavam abertas. Dezenas de milhares de refugiados ilegais têm atravessado as nossas fronteiras e, claro, o governo federal não tem nenhum plano para apoiar essas pessoas, deixando as províncias e cidades com mais esse problema, que está a custar milhões e a afetar os serviços que as agências responsáveis, normalmente, prestam aos nossos residentes necessitados.

Demos indemnizações de milhões de dólares a terroristas.
Autorizámos militantes do estado islâmico a regressar, agora pagamos ao RCMP para vigiá-los.
Estamos a destruir o setor da energia. Investimento estrangeiro desapareceu. A nossa dívida externa aumentou com défices sucessivos. Impostos aumentaram.

Na política externa, temos piores relações comerciais e políticas com os Estados Unidos, com a China, a Índia, – ‘quem não se lembra daquela visita carnavalesca ‘. Até as relações internas estão mal, neste momento há três províncias em tribunal com o governo Federal.

Neste momento, nós temos um líder que é uma celebridade e não leva o trabalho a sério, um líder que é um feminista impostor, um homem que divide a nação a acusar os outros de divisionistas, que elogiou o sistema de governo chinês, que se referiu ao Fidel Castro como grande líder. Quem me dera que ele tivesse ficado na esquina do escritório a brincar, e deixasse os adultos governar. Sinceramente, o Canadá merece melhor. O partido Liberal merece melhor.

Mas depois de tudo isto, devido ao facto de os Conservadores terem um líder pouco carismático, o NDP estar completamente em baixo… não ficarei nada surpreendido se depois das eleições tivermos mais quatro anos de Justin Trudeau. O eleitorado tem memória curta, e ele continua a ter um cabelo lindo.

Fernando Rio

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