Temas de Capa

Do mundo virtual para o real

Relacionamentos que provam que também existe amor verdadeiro na Internet

O ano era 2004 e ao contrário da cena atual, onde o uso e a propagação de aplicações e sites de relacionamentos são comuns, naquela época ainda estavam a ganhar popularidade e usuários. Foi através do incentivo de amigos que Fernanda Silva, empresária e hoje com 53 anos, embarcou nessa ideia. Solteira e cansada dos bares e das cantadas baratas, como descreve, resolveu se cadastrar num desses sites de namoro online. Ela conta que no início era uma espécie de passatempo: “Eu voltava do trabalho e ficava online para bater um papo, era divertido e uma ótima maneira de preencher minhas noites. Eu conheci alguns rapazes incríveis e alguns que eram questionáveis”. De perfil em perfil acabou se deparando com um que lhe pareceu particularmente interessante e mandou um simples sorriso. O interesse foi recíproco e muitos sorrisos já foram trocados desde então. São 17 anos, dois de namoro e 15 de casamento, com o homem que conheceu no Match. Da união tiveram um filho, hoje com 14 anos.

Analisando em retrospectiva, a empresária acredita que o ambiente virtual é uma ótima chance para conhecer pessoas novas e inclusive perfis diferentes daqueles que você no início acharia que combinariam com o seu e conta que passou bons momentos conversando com homens com quem provavelmente nunca falaria se fosse pessoalmente. Acredita que essa é uma maneira fácil de sair da zona de conforto e estar aberto para conhecer diferentes tipos e concluiu: “Eu nunca teria conhecido meu marido se não fosse através do Match.com. Achei que queria um certo tipo de pessoa e acabei com o oposto total e veja só, funcionou”, diz ela.

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Fernanda e o marido, estão juntos há 17 anos. Crédito: DR.

E se Fernanda foi uma das pioneiras nessa prática há quase duas décadas, atualmente a pandemia apenas acelerou e tornou ainda mais popular essa tendência de buscar um amor, ou apenas um alguém para compartilhar bons momentos, através das telinhas do computador ou do celular. Depois do término de um namoro e tentando despistar a solidão, Juliano Viudes, fisioterapeuta de 32 anos, abriu um perfil no Tinder, app bastante popular.

Chame de sorte ou destino, o fato é que o primeiro contato que fez acabou sendo com o atual marido: “Na verdade, não tive muita exposição a vários tipos de aplicativos, entretanto a única experiência e aplicativo que usei acabou dando match e rendendo em casamento”. E acrescenta: “O que era brincadeira acabou virando algo sério. Acredito que seja mais fácil encontrar alguém que se enquadre nos perfis desejados, com características, personalidades e gostos por atividades que sejam semelhantes. Confesso que a primeira coisa que nos chama atenção é o visual da pessoa, mas depois de ver a capa do livro pode ser que o conteúdo dele renda uma bela história…”. E a de Juliano e do marido já se prolonga por mais de seis anos: foram quatro de namoro e mais dois desde que oficializaram o casamento.

Apesar das facilidades trazidas pelas aplicações e da vasta oportunidade de escolha, o fisioterapeuta diz que é preciso ter cuidados com a exposição online além de bom senso e moderação no compartilhamento de informações e fotos: “As aplicações nem sempre são seguras porque há risco de compartilhamento de dados quando se fala de internet. É óbvio que há pessoas com más intenções…Todavia, acredito que para abrir um perfil é preciso ter bom discernimento na escolha das fotos. Evitando nudes e exposições corporais desnecessárias podemos aumentar a nossa privacidade”. 

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Juliano (atrás) e André, uma união que passa de seis anos. Crédito: DR.

Tanto Fernando quanto Juliano dizem ter vários amigos e conhecidos que usam essas aplicações de online dating e que contaram ter conhecido pessoas interessantes e com as quais desenvolveram relacionamentos. “Este ano, especialmente, tem sido uma grande ajuda para muitos. Sei de vários amigos que começaram a namorar a sério com pessoas que conhecerem online”, diz Fernanda. Embora ambos tenham tido experiências positivas eles fazem ponderações e consideram que ainda é essencial “falar cara a cara”, ou seja, por mais avançada que a tecnologia do namoro esteja, o presencial ainda é fundamental. Juliano acrescenta: “É preciso ter boas escolhas tanto para proteção pessoal como também para atrair pessoas com perfis mais interessantes, caso a escolha seja por um parceiro com intenções de ter um relacionamento sério” e alerta que tomou o cuidado de escolher um lugar público para o primeiro encontro “ao vivo”.

Num ambiente com tantos perfis e apelos estéticos ser deixado de lado ou preterido também faz parte do jogo, por isso nossos entrevistados contam que é preciso saber lidar com a rejeição online ou com o ghosting, termo usado quando alguém com o qual a pessoa está conversando e trocando informações, simplesmente deixa de responder ou desaparece. Fernanda diz que é preciso naturalidade em aceitar os possíveis “nãos”, que fazem parte da nossa vida: “Haverá rejeições, isso também aconteceria em um bar, mas é mais fácil ser rejeitado online”, diz aos risos.

Juliano fala que o primeiro passo que considera importante é aprofundar as conversas para perceber as intenções da outra pessoa. “Comece com as conversas no chat do aplicativo, por telefone ou até mesmo por vídeo conferência antes do primeiro encontro, o que ajuda a entender as similaridades e diferenças. E de fato, depois do encontro, se não der “match” é preciso estar preparado para essa possibilidade. Ter sempre em mente de que foi uma tentativa e experiência única, que serve de lição e aprendizado para outras que virão”. Ele acredita que tudo pode acontecer usando aplicativos de relacionamento, só não podemos perder a esperança no amor e de encontrar a nossa cara metade.

Dois casais nascidos no universo online que perduram, com sucesso. Exemplos de que um amor verdadeiro pode estar sim do outro lado da telinha… a um clique ou um match de distância.

Lizandra Ongaratto/MS

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